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INOVAÇÃO

Porto Digital desenvolve projetos e talentos em tecnologias também voltados à educação

O Porto Digital abriga iniciativas que impactam na educação. Entre as mais de 350 empresas, muitas são dedicadas a projetos no setor

Luciano Meira: gamificação para dinamizar o aprendizadoLuciano Meira: gamificação para dinamizar o aprendizado - Foto: Alexandre Aroeira/ Folha de Pernambuco

O uso de tecnologias na educação é uma realidade que veio para ficar. Cada vez mais, ferramentas e plataformas digitais se acoplam ao dia a dia do ensino no País. O Porto Digital, um dos principais parques tecnológicos e ambientes de inovação do Brasil, é um celeiro de iniciativas promissoras e duradouras, contando com projetos nas mais diferentes áreas de atuação.

O ecossistema reúne mais de 350 empresas, organizações de fomento e órgãos do governo, com mais de 17 mil profissionais e empreendedores "construindo o futuro" - como o próprio parque classifica em seus meios de comunicação.

Em meio a esse universo, há diferentes e importantes projetos desenvolvidos em prol da educação. Projetos esses encabeçados pelo Porto em si ou por empresas que compõem o ecossistema.

Uma das iniciativas é o "Embarque Digital", programa de tecnologia fruto de parceria com a Prefeitura do Recife e que oferta os cursos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Sistemas para Internet com graduações totalmente custeadas pela gestão municipal

O programa chegou a sua quinta edição em 2023 e, para concorrer às vagas, o candidato precisa ser residente e domiciliado no Recife, ter cursado todo o ensino médio na rede pública e ter realizado o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou o Sistema Seriado de Avaliação (SSA) nos últimos cinco anos.

De acordo com o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, com o avanço das tecnologias, incluindo as baseadas em inteligência artificial (IA), é preciso orientar os alunos para trabalharem com ferramentas e perguntas eficazes. "Você tem que formar as pessoas [no nível] aqui em cima para eles saberem perguntar, ver se está certo, corrigir. E ao mesmo tempo, você tem que formá-lo para dar esse salto, então é um desafio imenso para todo mundo", disse.

Critérios de desempate buscam inclusão

Do total de vagas disponíveis, 50% são destinadas a pessoas negras e, dentre os critérios de desempate, mulheres e estudantes que também cursaram o ensino fundamental na rede pública de ensino recebem prioridade. O Embarque Digital tem hoje cerca de 1.400 alunos. Ingressam 600 novos alunos por ano, todos eles vêm da escola pública e entram pela nota do Enem.

"Desses, só para ter uma ideia, 69% são de negros [pretos e pardos]. Além disso, 88% têm renda inferior a três salários mínimos, significa que o primeiro emprego que o menino ou a menina terá, vai ganhar mais do que a família dele toda. E o dado mais importante é: 42% já estão empregados no terceiro período na área de TI (Tecnologia da Informação). Então, é um programa de alto impacto", comentou Lucena. 

Para Lucena, que é professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), é inevitável o uso de tecnologias no sistema educacional, independentemente do curso e da área de ensino. "Se dos 600 alunos, 500 se formarem, o que é uma meta ousada, vamos dobrar o número de formados na cidade", disse o presidente do Porto Digital, constatando que Recife é a cidade brasileira que mais tem alunos [na área de TI], mas só foram formadas 500 pessoas em 2020.

"Se dobrarmos o número de formados na cidade, além das cotas nas Federais, daqui a 10 anos o Porto Digital estará totalmente diferente. Vai ter pouca gente parecida comigo, homem, branco, de classe média, e vai ter muito mais espaço para as mulheres, para a periferia do Recife, para ocupar essas vagas aqui dentro. É para isso que estamos trabalhando", continuou. P

Plataformas de aprendizagem integradas ao ecossistema

A Joy Education, empresa que desenvolve plataforma digital de aprendizagem com foco no engajamento dos usuários, é uma das edutechs presentes no ecossistema do Porto Digital. Por meio de uma plataforma para cursos EAD, que a empresa rebatizou como Educação Aberta Digital, em vez da nomenclatura padrão de Educação à Distância, a instituição busca revolucionar a forma de construção de ambientes EAD.

Utiliza estratégias de gamificação, como missões e desafios, para dinamizar a trilha de aprendizado e engajar os alunos a partir de experiência que simulam a realidade do universo trabalhado. O foco da Joy, inclusive, são os cursos técnicos, nível educacional amplamente defendido pelo sócio-fundador da edutech Luciano Meira.

"Somos uma edutech, que é uma empresa de educação que desenvolve tecnologias digitais com algum propósito. Desenvolvemos uma plataforma digital para aprendizagem online, para apoiar atividades acadêmicas diversas", disse Meira. Somos hoje parte de uma organização maior, chamada Proz Educação, que trabalha com ensino técnico, educação profissional", explicou.

A plataforma, batizada de Joy Class, é utilizada em mais de 30 cursos, incluindo, por exemplo, cursos de enfermagem, estética e gestão de negócios. "Para um curso técnico, que é muito pragmático, você resolver problemas e tomar decisões, enfrentar desafios, importa mais do que ter um conhecimento apenas como um saber", afirma Meira.
 



Outra edutech presente no Porto Digital é a Mídias Educativas, empresa que tem como objetivo criar caminhos para melhorar os processos de ensino-aprendizagem em educação básica e educação corporativa e técnica, tanto nas redes pública e privada, quanto no terceiro setor. Entre as soluções oferecidas pela Mídias está o software Sonar, criado para melhorar, avaliar e acompanhar o desempenho dos alunos, de forma ágil, simples e eficiente em qualquer hora ou lugar.

A plataforma permite a disponibilização de videoaulas, materiais didáticos, exercícios e dados que apontam déficits de aprendizagem. Outro aplicativo desenvolvido pela empresa é o Together, que estabelece comunicação entre a instituição de ensino e responsáveis dos alunos, mantendo-os informados sobre faltas, atividades diárias e avisos da coordenação.

Sócia-fundadora da Mídias Educativas, Lais Xavier destaca que as ferramentas tecnológicas e de desenvolvimento da aprendizagem buscam facilitar o aprendizado do aluno, inclusive de forma personalizada, e apoiar a atuação de professores e gestores educacionais. "Temos que olhar o aluno plenamente." 
 

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