FOLHA ENERGIA

AFCP 80 anos: fomento à energia limpa

Presente na articulação política e técnica dos produtores, a Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP) tem participado ativamente das discussões sobre o RenovaBio

AFCP comemorou oito décadas de vida debatendo transição para uma matriz limpa e direitos dos associadosAFCP comemorou oito décadas de vida debatendo transição para uma matriz limpa e direitos dos associados - Foto: Divulgação

A Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP) completa, no ano de 2024, oito décadas de atuação em defesa dos interesses e direitos da classe canavieira pernambucana.

Sempre presente na articulação política e técnica dos seus produtores associados, a entidade tem participado ativamente das discussões no Congresso Nacional sobre a regulamentação da Lei nº 13.576, de 26 de dezembro de 2017, que instituiu a Política Nacional de Bicombustíveis (RenovaBio).

Instituída para ampliar a produção e o uso de biocombustíveis na matriz energética brasileira, a Lei da RenovaBio é parte integrante da política energética nacional.

Estão entre os seus objetivos, a contribuição para o atendimento aos compromissos do País no âmbito do Acordo de Paris sob a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e a adequada relação de eficiência energética e de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa na produção, na comercialização e no uso de biocombustíveis.

Fundicana em pauta
No segundo semestre de 2024, a AFCP se mobiliza em torno do Projeto de Lei (PL 3149/20) que garante a possibilidade da venda de CBIOs pelos canavieiros e os demais produtores de biomassa dos biocombustíveis. 

Um CBIO equivale a uma tonelada de carbono evitada na atmosfera e corresponde aos créditos de descarbonização - títulos emitidos que podem ser comercializados por produtores de biocombustíveis dentro do programa Renovabio. 

Um acordo costurado na categoria dos produtores por meio da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), do Fórum Nacional Sucroenergético e a Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana) e da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida) - entidades que representam nacionalmente o setor - pretende incorporar na Lei do RenovaBio o chamado “Fundicana”, que possibilita aos produtores receberem CBIOs a exemplo do que a indústria já recebe hoje.

Alexandre Andrade Lima, presidente da AFCPAlexandre Andrade Lima, presidente da AFCP | Divulgação

Pleito 
O que a Lei diz é que as distribuidoras de combustíveis fósseis, que vendem óleo diesel têm uma meta a cumprir, para comprar em bolsa de valores (B3), um crédito de carbono gerado pela produção de etanol.

“Isso quer dizer que a destilaria de etanol tem um crédito de carbono que vai colocar em bolsa e as distribuidoras pagam por esse crédito na bolsa para fazer a compensação sobre o que elas vendem de combustíveis fósseis”, explica Alexandre Andrade Lima, presidente da AFCP e vice-presidente da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil.

Segundo ele, a atualização do RenovaBio é uma bandeira que contribuirá com o desenvolvimento da classe produtora.

“Esse programa remunera quem faz o combustível limpo e penaliza quem faz o combustível fóssil. Essa Lei agora está sendo reformulada, incluindo o produtor de biomassa, aquele que produz a cana no campo, tentando inseri-lo nesse contexto”, detalha Alexandre Lima. 

Energia no Nordeste
Em relação à transição energética entre os canavieiros da Região Nordeste, o presidente da AFCP se mostra otimista com o cenário de investimento em fontes renováveis.

“O Nordeste está caminhando em relação a um investimento vultuoso, principalmente na questão do biometano, que dá a condição da unidade industrial produzir o seu próprio gás e consumir na sua frota, além de gerar energia através de subprodutos dentro da usina como a vinhaça, o bagaço e a torta de filtro”, detalha. 

“Como nós estamos fazendo isso em grandes biodigestores que tiram o gás metano, esse gás vai para o consumo ou da frota, ou de motores para fazer cogeração de energia. E com isso fica aquela matéria orgânica limpa para colocar o produto orgânico no campo”, completa Alexandre Lima. 

Cooperativismo
No ano de 2010, a Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco criou sua Cooperativa (Coaf-Matriz), no Recife, para comercializar para seus cooperados uma variedade de insumos agropecuários de fabricantes diversos, a preços diferenciados do mercado. 

A iniciativa tem ajudado na fixação do preço desses produtos, reduzindo o custo da produção canavieira. Cinco anos depois, em 2015, lançou a primeira filial da Coaf, em Timbaúba, depois de arrendar e reativar a Usina Cruangi, passando a produzir e vender etanol, aguardente, biomassa e a seu açúcar com a marca AguAzul. 

O esforço cooperativista da AFCP tem garantido o melhor preço da cana para os fornecedores e agregado valor à matéria-prima dos cooperativados que passaram a ganhar pela cana e pelo manufaturado.

Em 2024, a AFCP e o Sindicape buscaram uma parceria para a manutenção do setor, principalmente aos pequenos e médios produtores.

Mesmo diante de um cenário de seca, arrendaram a Usina Pumaty, em Joaquim Nabuco, na Zona da Mata. A reativação da unidade fabril permitiu que os canavieiros tivessem como produzir e comercializar a sua produção.

Outra conquista foi a Usina Estreliana, em Ribeirão, Zona da Mata Sul, que voltou a moer sob gestão cooperativista. O contrato de arrendamento foi assinado entre a família proprietária e a Cooperativa Agroindustrial de Fornecedores de Cana (Cooafsul). 

A repaginação do empreendimento contou com apoio e orientação da Coaf, da AFCP e da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB). 

Segundo Alexandre Lima, antes das cooperativas, os fornecedores tinham 28% da matéria-prima da cana-de-açúcar. Hoje, o percentual chega a 50%, sendo a outra metade destinada às usinas.

Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP)

80 anos da AFCP
Uma das entidades de produtores de cana-de-açúcar mais longeva do Brasil, a Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco renova sua missão junto aos seus mais de 7 mil associados.

A entidade se destaca pelo seu protagonismo e atuação em favor do setor no Nordeste e no Brasil. 

“Nossa entidade completou 80 anos em defesa ao produtor. No Estado de Pernambuco, a entidade dá uma ampla assistência aos produtores, abrindo um laboratório de solo, com investimento da ordem de R$ 500 mil, um equipamento de ponta na região”, comenta Alexandre Lima, que está à frente da entidade desde o seu primeiro mandato, em 2007.

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