FOLHA ENERGIA

Sindicape: na luta por cinturão verde

Entidade pernambucana tem plena consciência da importância da cana-de-açúcar para a transição energética, e dá apoio técnico aos seus associados

Atuando em todos os municípios do Estado, Sindicape oferece diversos serviços, como assistência jurídica e técnicaAtuando em todos os municípios do Estado, Sindicape oferece diversos serviços, como assistência jurídica e técnica - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Responsável por atuar em todos os municípios da zona canavieira de Pernambuco, o Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar (Sindicape) foi fundado ainda em 1963.

Liderado pelo seu diretor-presidente Gerson Carneiro Leão, a organização sindical atua fortalecendo o cinturão verde para o desenvolvimento do Estado.

Para tal, o Sindicape oferece diversos serviços como assistência jurídica, técnica, auxílio com a contratação de financiamentos e com benefícios da Previdência Social de forma gratuita para mais de oito mil associados.

Reconhecida pelo Ministério do Trabalho através da Carta Sindical, a organização atua em conjunto com a Federação da Agricultura de Pernambuco e a Confederação Nacional da Agricultura na estrutura do sistema sindical.

Produção
Visando o aprimoramento da produção em busca constante do aumento da produtividade e qualidade, pontos vitais para o setor, o sindicato oferece, ainda, assistência para as usinas com laboratórios de sacarose e atendimentos relacionados à medicina do trabalho de forma gratuita. 

Segundo Gerson, grande parte do contingente de fornecedores de cana de Pernambuco é formado por pequenos produtores que têm motivado a realização de ações de parcerias e convênios com instituições e órgãos governamentais. 

“Aqui no Estado, 96% dos produtores são da agricultura familiar e o restante são grandes usinas. Os pequenos produtores nos buscam para conhecer as novas tecnologias com os novos modos de uso."

"Em parceria com instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), por exemplo, oferecemos cursos como os de tratorista, motorista, aplicador de herbicida, entre outros.

"Também ajudamos a obter financiamentos com os bancos e atuamos em conjunto com as cooperativas e associações”, informou o diretor-presidente do Sindicape.

Gerson Carneiro Leão, diretor-presidente do Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar de Pernambuco Gerson Carneiro Leão, diretor-presidente do Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar de Pernambuco 
Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco 


Empregos
Atualmente, o setor é responsável por empregar mais de 130 mil pessoas que trabalham diretamente com o cultivo da cana-de-açúcar.

No entanto, o aumento nas possibilidades de uso da cana deve auxiliar a fomentar o crescimento do setor, que é destaque da economia brasileira.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil é, atualmente, o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, seguido pela Índia.

Além disso, o país também se destaca como o maior produtor de açúcar e álcool e o maior exportador mundial de açúcar.

Auxílio
Com diversos modos de uso, a cana-de-açúcar também se destaca por seu potencial de auxílio no enfrentamento das mudanças climáticas.

“A cana é uma cultura nobre que, a partir do seu nascimento, já começa a absorver o CO2. As emissões realizadas pelos tratores, no momento da colheita ou durante a fabricação, são compensadas no plantio e ainda conseguimos ter um saldo positivo”, observa Gerson.

Além disso, o produto é considerado integralmente aproveitável. Isso porque, desde o bagaço até a vinhaça também podem ser aproveitadas para a geração de energia de baixo carbono, combustíveis essenciais para o enfrentamento do efeito estufa e das mudanças climáticas. 

Para o diretor-presidente do Sindicape, é essencial que a cultura, que tem grande potencial para ajudar o planeta por meio da neutralização do CO2 emitido na atmosfera, seja preservada.

“Com o bagaço da cana se faz o etanol de segunda geração, o biogás e até mesmo itens descartáveis. O setor tem recebido investimentos internacionais, principalmente da China que tem um grande interesse especialmente no bagaço e nas suas utilidades."

"Um dos exemplos é a vinhaça que costumava ser descartada e agora é usada para produção não só de fertilizante como também de biogás metano. Da cana, tudo se aproveita”, destaca Gerson. 

Potenciais
Um dos passos para garantir a exploração dos potenciais da cana-de-açúcar é o incentivo da manutenção e da produção que deverá ganhar um aumento significativo da demanda nos próximos anos. 

Para compensar a diminuição da mão-de-obra disponível para trabalhar com o plantio, o sindicato tem investido em tecnologia.

Além disso, a organização também busca possibilitar o uso das soluções disponíveis para os seus associados, incluindo especialmente os pequenos produtores que possuem menos recursos disponíveis para investimento.

“Nosso setor emprega mais de 130 mil trabalhadores e ainda tem potencial de expansão. Temos, no município de Catende, um caso de uma usina que foi loteada e há 10 anos produzia 14 mil toneladas de cana, mas nesse ano já produziu 380 mil toneladas. Como temos dificuldade para a formação de nova mão de obra, temos partido para a tecnologia”, afirma o diretor-presidente do Sindicape.

Sindicape

Drones
Uma das novidades é o uso de drones não apenas para monitorar a plantação, como também realizar o adubo e a colocação de herbicidas, tudo de forma mais prática e econômica. 

“Em Pernambuco, temos uma particularidade por conta do terreno acidentado, por isso estamos em busca de máquinas que trabalhem nessas condições. Buscamos financiamento, especialmente, para os pequenos produtores que não têm condições de comprar alguns equipamentos que são essenciais à produção”, observa Gerson.

Atualmente, o Estado já realiza a produção de biometano, biomassa e etanol. Na safra 2022/2023, foram processadas 14,31 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.

Já para a próxima, a perspectiva é de 18 milhões de toneladas, o que dependerá de questões climáticas. 

Segundo Gerson, a produção que já existe no Estado é considerada suficiente para fornecer o biocombustível que deverá ser demandado pela indústria.

Além disso, o diretor-presidente do Sindicape destaca, ainda, o potencial de adaptação das usinas que, dependendo da demanda, podem se adequar ao que é solicitado pelo mercado.

“A maior parte das usinas já produz combustível e açúcar. No entanto, a quantidade de produção varia de acordo com o que é mais vantajoso no momento”, comenta Gerson.

“Queremos incentivar os estudos sobre a cana-de-açúcar porque ela tem várias aplicações, até mesmo para a área de saúde com o biopolímero que pode ser usado para a produção de curativos, fios cirúrgicos e alguns tipos de próteses cardíacas”, completa Carneiro Leão.

Veja também

Biomassa: fonte inesgotável de inovação
FOLHA ENERGIA

Biomassa: fonte inesgotável de inovação

Regulação vai ajudar na descarbonização
FOLHA ENERGIA

Regulação vai ajudar na descarbonização

Newsletter