A influência dos pets no mercado
Nova tendência do mercado de imóveis no Brasil, os pet places ganham espaço, com a proposta de tornar a vida dos animais de estimação mais confortável
Os animais de estimação somavam aproximadamente 168 milhões em 2022, em todo o mundo. Esse número representa um crescimento de 3,6% em relação ao ano anterior, segundo dados do Euromonitor, elaborados pela Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o Brasil é o terceiro país que mais fatura no segmento, representando 4,95% do mercado global, atrás apenas dos Estados Unidos (43,7%) e da China (8,7%).
Se antes os bichinhos - cães, gatos, peixes e aves, na sua maioria, - eram, por muitas vezes, proibidos nos condomínios, hoje a legislação assegura o direito de qualquer cidadão ter animais de estimação em suas residências, independentemente de morarem em casas ou apartamentos, contanto que o pet não coloque em risco o bem-estar ou a vida de outros moradores.
O alto índice de famílias com pets tem provocado uma nova tendência nos condomínios e residenciais no País. As grandes construtoras têm apostado em empreendimentos com espaços de lazer para os bichos de estimação, com a proposta de tornar a vida dos animais mais confortável e, ao mesmo tempo, facilitar a rotina dos tutores. Nesse contexto, os chamados pet places têm sido um dos fatores decisivos na hora de os tutores comprarem ou alugarem um apartamento.
O que são pet places?
O espaço foi idealizado para ser uma área especialmente projetada e destinada aos animais de estimação dentro de um condomínio residencial. O local conta com infraestrutura para oferecer divertimento e até mesmo permitir que eles se exercitem, em espaços para passeio, lazer, equipados com aparelhos como rampas, túneis de concreto, arcos e gramado ou areia.
De acordo com Thaís Matos, médica veterinária, esses espaços trazem como benefícios a comodidade ao tutor de não precisar se deslocar para parques distantes ou praças públicas para que o pet possa se divertir e socializar, facilitando a rotina, economizando tempo e esforço no cuidado diário com o animal de estimação.
“Não podemos esquecer dos benefícios em relação ao bem-estar físico e emocional dos pets, pois a prática regular de exercícios contribui para manter o peso adequado, fortalecer músculos e articulações, melhorar a circulação sanguínea e estimular a mente do animal, prevenindo problemas de saúde e comportamentais”, explica.
Facilidade nos cuidados
O advogado Marcelo Tenório, de 46 anos, é tutor da Frida, cachorra da raça Boston Terrier, que é frequentadora assídua do pet place do prédio onde mora no bairro Boa Viagem. Marcelo diz que o espaço do apartamento não é o adequado para um cachorro porque eles gostam de correr, cavar e interagir e que ter à disposição o aparelho no condomínio facilita no cuidado do dia a dia do animal.
“Algumas vezes não posso dar uma volta maior na rua e prefiro usar o espaço. Os dias que ela não sai de casa, fica chateada. Quando eu demoro a levá-la, ela vem atrás de mim pedindo para descer e passear”, relata o advogado.
De acordo com a veterinária comportamentalista Aina Bosch, assim como nas construções de condomínios foi pensado no espaço para criança, agora é imprescindível criar áreas comuns para os pets.
“Temos que entender as necessidades e as peculiaridades de cada espécie”, diz. “Os gatos, por exemplo, não se adequam a esses ambientes porque eles se sentem como presas. Para os tutores de gatos, vale mais pensar na gatificação dentro do próprio apartamento”, afirma. “Já os cães são instintivamente sociais e caçadores, eles têm uma demanda de energia muito grande, e espaços assim são fundamentais para o bem-estar deles”, explica a veterinária.
George Vieira, estudante de 23 anos, é tutor do Caetano, um cão sem raça definida que adora brincar no equipamento do prédio onde o estudante mora com a família, também em Boa Viagem. George enfatiza sobre praticidade de se ter um espaço adequado no próprio condomínio.
“Ter o pet place aqui traz conforto e é mais prático. Tem prédio que é preciso fazer isso no estacionamento, que não é indicado para os animais”, relata. “Aqui tem a rampa, a grama para ele rolar, a terra para ele cavar. Ele volta para o apartamento bem relaxado”, afirma o jovem. “Quando não vem [ao pet place] fica estressado e faz bagunça.”
Comportamento e convivência
Como em qualquer área comum, o pet place também possui regras para garantir a segurança e bem-estar dos animais e moradores. Isso inclui do horário de funcionamento à obrigatoriedade de recolher as fezes do animal.
A especialista em comportamento animal Aina Bosch chama a atenção, porém, para outras questões importantes. Uma delas é o investimento do condomínio em consultores especialistas na área para instruir os tutores de como fazer bom uso do espaço.
Outro ponto é a exigência da apresentação do documento de vacinação e de outros procedimentos que garantam a saúde dos bichinhos. “É de suma importância a realização de vermifugação e desparasitação, de preferência em datas combinadas, além de pulverizações para garantir a higiene do local”, alerta Aina Bosch.