Boas novas para o setor imobiliário
Responsável pela produção de moradias e infraestrutura, a construção civil imobiliária consolida a sua posição de indutora de desenvolvimento econômico e social
Um mercado que se destacou mesmo durante a pandemia da Covid-19. É assim que o setor imobiliário tem seu desempenho definido pelos últimos anos, identificado como um forte indutor de crescimento da economia brasileira. Prova da boa performance é que, em 2022, o segmento apresentou um aumento de 25,9% nos lançamentos imobiliários, além da alta de 12,8% nas vendas comparadas a 2020. A construção registrou crescimento de 6,9% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com o setor vivendo uma boa fase, a expectativa é que em 2023 o mercado imobiliário e a construção civil possam manter a alta nas vendas e a importante geração de empregos e renda para a população brasileira.
Além do bom desempenho geral registrado no ano passado, no último trimestre de 2022 ocorreu aumento de 42% no número de lançamentos em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados da Confederação Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Esse resultado só reforça as projeções positivas para este ano.
Um dos motivos para o crescimento durante e depois da pandemia da Covid-19 foi o isolamento social, que fez com que as pessoas passassem mais tempo em suas casas, percebendo assim a importância de investir em lares mais aconchegantes. Outro fator que reforçou esses investimentos é a migração do trabalho para o formato híbrido ou home office - mais uma transformação provocada pela pandemia.
Levando em conta a ascensão do mercado imobiliário nos últimos anos, o entendimento do segmento é que o cenário de 2023 deve permanecer favorável para o crescimento e para novos investimentos. Segundo uma pesquisa desenvolvida pela Brain Estratégica e a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), 62% dos empresários do setor da construção civil e imobiliários acreditam que, ao longo do ano, o mercado ficará ainda mais aquecido.
Desafios para 2023
De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Pernambuco (Sinduscon-PE), Antônio Cláudio Sá Barreto Couto, um dos principais desafios para que o segmento possa entregar preços mais competitivos no mercado é através da redução dos custos dos materiais para construção dos empreendimentos.
“Tivemos a elevação dos custos e insumos da construção em 2021 e 2022, que tiveram um reflexo negativo em relação ao custo final da habitação. Além da alta nos produtos, o que nos afeta também é a falta de crédito. Um crédito com um juros abaixo de 10% para poder conseguir garantir uma boa atuação, garantindo um financiamento que seja pagável para a sociedade”, disse.
Quanto ao processo de habitação, Barreto Couto conta que os empreendimentos do tipo loteamento contribuíram para reduzir o déficit habitacional. “Na pandemia houve um incremento de loteamentos e a demanda reprimida de ter um lote para construir uma casa ou empreender. Teve demanda que balanceou um pouco em relação à habitação final”, declarou.
O presidente do Sinduscon-PE destaca que um fator que pode contribuir para o avanço do mercado imobiliário é a realização de obras de infraestrutura para garantir mais qualidade de vida à população.
“O Grande Recife é uma metrópole e a obra número um em termos de necessidade é o Arco Metropolitano. Ele é uma perimetral da região. Precisamos unir Pernambuco no Congresso Federal, na Assembleia Legislativa e na RMR para fazer um esforço concentrado e conseguir o Arco da forma mais rápida possível. Não podemos deixar que Goiana migre mais do que já migrou para João Pessoa”, pontuou.
Minha Casa Minha Vida
Para o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), Avelar Loureiro Filho, a expectativa para o ano de 2023 é de que reformas sejam realizadas para equilibrar a economia brasileira.
“A expectativa é que o Governo Federal comece a cuidar das questões ligadas à inflação, que faça uma reforma fiscal que o Brasil precisa, uma administrativa, precisa de políticas públicas mais assertivas com menos recursos, precisa ter equilíbrio fiscal que vai levar à queda da taxa de juros”, disse.
Avelar aponta que o que pode contribuir com o crescimento do mercado é o lançamento de novos produtos para atender os primeiros usuários que adquiriram imóveis do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), e que agora devem buscar moradias melhores. O programa foi criado em 2009 e teve o objetivo de construir 6 milhões de unidades habitacionais.
O que vai contribuir para que esses novos imóveis sejam buscados e oferecidos é que uma família dobra de renda em média a cada 10 anos, quando se tem entre 25 e 55 anos de idade, podendo chegar ao ápice de 8 salários mínimos.
“Juntando isso com quem comprou no Minha Casa Minha Vida quando foi lançado, são cerca de 4,5 milhões de habitações que foram entregues ao mercado. Ou seja, agora estamos na primeira safra de pessoas que estão com 6 salários mínimos de renda e estão buscando novo endereço e terminando de pagar quase tudo. A demanda está no mercado acima e continuar com os imóveis já construídos é mais vantajoso”, afirmou.
Centros urbanos
Na avaliação de Avelar, os novos empreendimentos para atender o público do Minha Casa Minha Vida na Região Metropolitana do Recife devem estar mais próximos dos centros urbanos. “Os empreendimentos de upgrade nas áreas centrais são para urbanizar mais, e isso resolve problemas de trânsito, porque estão mais próximas do Centro ou de um corredor de transporte. Isso é o começo do caminho para resolução do déficit habitacional. Vai levar tempo, mas notamos que já começou no Recife”, contou.
Os novos empreendimentos do MCMV já chegam ao mercado com um valor acima das primeiras unidades lançadas, contribuindo com diversos fatores econômicos. “Tem um imóvel de R$ 360 mil, dobrando geração de impostos e empregos porque são empreendimentos mais sofisticados e com um efeito positivo na economia, se revertendo em impostos e em - pregos”, destacou.
Na Região Metropolitana do Recife, o local apontado como destaque na construção de novos empreendimentos do programa de habitação é a cidade de Paulista, município que mais construiu imóveis em Pernambuco no ano de 2022. “A cidade construiu quase 40% de tudo do MCMV na Faixa Livre na RMR. Isso é fruto de um planejamento estratégico em 2003, que teve sequência de ações privadas e públicas e que culminaram com Paulista sendo o lugar da RMR como fronteira do desenvolvimento imobiliário”, contou Avelar.
Um novo programa
O programa de moradia do Governo Federal, que era chamado de Casa Verde e Amarela, voltou a se chamar Minha Casa Minha Vida e conta com novas regras. Agora o MCMV vai contemplar famílias que residam em áreas urbanas e recebam até R$ 8 mil de renda bruta por mês, além de priorizar a população de baixa renda.
Entre as novidades do programa está o retorno da Faixa 1, que agora é destinada para famílias com renda bruta de até R$ 2.640. Anteriormente a faixa era destinada para renda de R$ 1.800. O novo programa estabelece 3 faixas de renda em áreas urbanas e 3 em áreas rurais. O valor dos limites de renda não leva em conta benefícios temporários, de assistência ou previdenciários, como auxílio-doença, auxílio-acidente, seguro-desemprego, Benefício de Prestação Continuada (BPC), Bolsa Família.
Quanto às novas faixas, elas são divididas para as áreas urbanas e rurais. Na urbana, além da Faixa 1, o programa disponibiliza a Faixa 2, que pede renda bruta mensal familiar de R$ 2.640,01 até R$ 4.400; e a Faixa 3, que pede renda bruta mensal familiar de R$ 4.400,01 até R$ 8 mil.
Na área rural, o programa será destinado para as famílias que têm renda bruta anual de até R$ 96 mil. Neste caso, o cálculo é feito por ano por ser incomum que o produtor tenha uma renda fixa mensal. No segmento, a Faixa 1 estabelece uma renda bruta anual familiar de até R$ 31.680; a Faixa 2, renda bruta anual familiar de R$ 31.680,01 até R$ 52.800; enquanto a Faixa 3 pede renda bruta anual familiar de R$ 52.800,01 até R$ 96 mil.
Outra novidade no programa, segundo o governo, é que as habitações podem ser oferecidas sob forma de cessão, doação, locação, comodato, arrendamento ou venda, com financiamento ou não.
Potencial para mais negócios
Na cidade estão sendo construídos dois bairros planejados e que podem contribuir para o desenvolvimento local. “Hoje o centro de Paulista está totalmente diferente, são 20 vezes mais habitantes do que 10 anos atrás. Antes eram 500 famílias morando e hoje são 10 mil. Um projeto será na parte central e outro em Maria Farinha, e vão tornar a região referência no Brasil em mercado imobiliário. É uma grande comunidade residencial e é o público do upgrade do programa habitacional. O processo começou há três anos com lançamentos de unidades ao lado do shopping. A cidade é vetor do desenvolvimento da RMR e tem o Litoral Norte como destino turístico”, afirmou
Um outro local que deve ter crescimento é o norte da Região Metropolitana. O presidente da Ademi-PE destaca que, com o desenvolvimento garantido pelo poder público, a região pode despertar o olhar de investidores.
“O trade turístico se reuniu e contratou um planejamento estratégico para levar aos entes públicos que podem ajudar, com sugestão de obras como a requalificação de rodovias que já estão acontecendo, junto com os empreendimentos privados. Até o fim do ano devemos ter o lançamento de pelo menos três resorts de alto nível, dentro de um plano estratégico organizado”, pontuou. Os resorts devem ser erguidos em locais como Maria Farinha.