Multiuso e funcional: conheça os dois destaques de tendências do setor imobiliário
Fim da pandemia da Covid-19 representa marco para mercado de imóveis nos ambientes residenciais, que passaram a priorizar funcionalidade
Com a rotina da população em um ritmo cada vez mais agitado, os imóveis, sobretudo os residenciais, vêm sofrendo mudanças na direção da adaptação aos costumes contemporâneos. São duas as principais tendências: multiuso e funcionalidade, seja para atividades na área profissional ou para momentos de autocuidado e lazer.
A arquiteta e urbanista Sara Freitas, de 38 anos, coloca o fim da pandemia da Covid-19 como um marco para a inserção do essencial mínimo nos imóveis.
“Desde o pós-pandemia o minimalismo se destacou. O olhar ficou voltado para a funcionalidade dos espaços e dos móveis. Foi vista a conexão com a natureza, uma tendência que veio para ficar", constata.
"São projetos que buscam refletir a personalidade e os interesses dos moradores, tornando a casa um espaço pessoal e acolhedor, além de ajudar a despertar o sentimento agradável do retorno”, afirma.
É por meio desse sentimento que se expande a possibilidade de que várias atividades sejam investidas sem trocar o endereço temporariamente.
Um outro fator se dá pela economia, levando-se em consideração os preços mais acessíveis dos apartamentos compactos, assim como menores taxas de manutenção e despesas com condomínio, energia, água e Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU).
“A ideia é transformar a casa num local onde possam não apenas descansar, mas desfrutar de momentos de lazer, trabalho e interação social, sendo significativo na vida moderna”, explica a arquiteta.
Adaptações ao "novo normal"
O desejo por praticidade e tempo acontece em um movimento de dentro para fora. Porém, o caminho inverso também se faz presente nas adaptações imobiliárias, ocupando o “novo normal” deixado pela pandemia.
Um dos principais exemplos é a acústica. Com a crise de saúde, as residências passaram a abrigar atividades para estudos e trabalhos. E algo precisou ser montado como barreira contra os ruídos.
O arquiteto e urbanista Dan Rodrigues, de 46 anos, mestre em desenvolvimento urbano e especialista em conforto ambiental, cita os tipos de ruídos que mais costumam incomodar.
“O primeiro é aéreo, transmitido através do ar, pelos pisos e paredes com pouca densidade, mas também por frestas nas janelas e portas", diz.
Outro ruído é de impacto ou vibração, que surge por impactos transmitidos pela estrutura da edificação, afirma.
São muitas as opções para isolar sons indesejados. “Paredes em drywall com lãs e esquadrias com vidros espessos e duplos, com caixilhos densos e os pisos flutuantes”, elenca.
Necessidade e praticidade
A consultora de benefícios Anne Karine Oliveira, de 45 anos, está entre o grupo de pessoas que aprova as inovações que visam a praticidade. Ela mora em um prédio no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, onde um mercado foi construído.
Ela fez parte de uma comissão que definiu qual seria a empresa responsável pelo mercado e por acompanhar de perto o funcionamento do negócio, além de realizar compras.
“Foi complexo. Apesar dos benefícios que teríamos, estávamos tratando de um espaço comum a quase mil moradores, são 396 apartamentos com opiniões e necessidades diferentes. Tivemos que analisar a empresa, e os valores que iam ser praticados sempre foi uma preocupação nossa, para que o negócio fosse duradouro", afirma.
"Analisamos custos e o retorno que traria. Hoje temos um modelo que deixa retorno financeiro ao condomínio. Foi custo zero para implementar, retorno em cima das vendas e cashback nas compras”, enfatiza.
Uma das finalidades é alcançar diversas demandas e faixas etárias. “O espaço é bem utilizado, atendendo perfeitamente ao morador que esqueceu de comprar um creme de leite para a receita do almoço, assim como o que recebeu amigos e desceu pra comprar refrigerante ou cerveja”, exemplifica, antes de detalhar a sua experiência.
“Eu compro muito. Amo praticidade e comodidade. Acredito muito nesse modelo de negócio. Lógico que não é o local de fazer a feira do mês, mas um local que atenda suas necessidades emergenciais, que salve de um sufoco, que poupe de ter que sair para completar receita ou tomar picolé”, diz.
Diferenciais e comodidade
Para o casal de jornalistas Anderson Malagutti, de 35 anos, e Luiza Alencar, de 31, pais de Lara, de um ano e três meses, o diferencial é poder desfrutar de um espaço amplo, seguro e com ferramentas lúdicas para a filha.
A família mora em um prédio na Várzea, que é o segundo maior bairro em termos de extensão na capital pernambucana. No espaço, eles têm à disposição diversos serviços para o público infantil, como brinquedoteca, sala de cinema, sala de jogos, playground, piscinas e quadras de futebol e vôlei.
Mas esse não é um compromisso pensado apenas para a criança. “Basicamente, vamos todos os dias. A oferta é grande e sempre tem alguma coisa diferente para fazer e distrair. Por ser dentro do prédio, facilita na correria do dia a dia, mas principalmente pela segurança. É a primeira alternativa e mais prática”, conta o pai.
Com a gestora esportiva Adja Andrade, de 39 anos, o serviço que lhe garante otimizar o tempo é o da academia do edifício em que reside, no bairro da Boa Vista, área central do Recife. “Praticidade, comodidade e otimização de tempo”, descreve.
Lá, ela mantém uma rotina diária de duas idas, o que dificilmente seria executado com uma logística diferente e fora de casa.
“Faço cardio pela manhã e treino pesado musculação pela noite. Os horários livres da academia facilitam muito encaixar o tempo na minha rotina corrida”, salienta.