Pequenas reformas aquecem home centers
O home office e o ensino remoto, que se tornaram fundamentais por causa da pandemia, revelaram a necessidade de realizar intervenções nas residências para adaptar os ambientes para as novas atividades e ainda garantir aconchego e conforto
A pandemia provocou uma revolução na vida das pessoas, que se viram diante do desafio de se adaptar ao home office e ao ensino remoto. O isolamento social se tornou fundamental no combate à Covid-19 e com ele surgiu a necessidade de garantir conforto e aconchego dentro de casa. Diante dessa mudança de comportamento, os consumidores perceberam também a necessidade de realizar intervenções no lar, seja com grandes ou pequenas reformas, que aqueceram o mercado de material de construção. O resultado é que os home centers se tornaram fortes aliados das famílias.
Um estudo feito pelo QuintoAndar, plataforma digital de moradia, em parceria com a Offerwise apontou as necessidades de mudança diante da nova realidade. O levantamento mostrou que mais de 73% dos brasileiros passaram a ver suas casas de forma diferente por causa da pandemia e que 16,5% acabaram decidindo se mudar, mesmo durante a crise da Covid-19. Pelo levantamento, o distanciamento social, o trabalho e a escola remotos foram os principais vetores para essa mudança. E essas características passaram a ser mais valorizadas pelos moradores.
Segundo o estudo, 31,8% das pessoas sentiram necessidade de ter um escritório em casa, enquanto 28,4% passaram a dar mais importância para a área verde no entorno do imóvel e 25% para as áreas de lazer em casa. Dos entrevistados, mais de 11% chegaram a realizar reformas em suas casas.
“Com a pandemia, as pessoas viram que precisavam mudar o imóvel, seja para tornar a casa maior para melhorar a utilização dos ambientes, seja para usar o home office com mais liberdade, ou ter áreas sociais mais elaboradas. Então, o setor de materiais ficou bem movimentado”, disse José Antônio Simón, 2º vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) e ex-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Pernambuco (Sinduscon-PE).
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), a previsão para 2021 é de crescimento de 4% no faturamento total deflacionado dos materiais de construção em relação a 2020. Para a entidade, essa estimativa positiva também se baseia no alto nível atual de atividade na construção civil, nas expectativas para a retomada econômica a partir da imunização contra a Covid-19, já iniciada no País, e na expectativa da retomada da pauta de reformas no Congresso Nacional. Números de janeiro de 2021, consolidados pela Abramat, indicaram crescimento de 12,8% no faturamento deflacionado das indústrias de materiais em comparação com o mesmo mês de 2020.
No entanto, esse aquecimento inesperado traz alguns alertas para o setor imobiliário. “Com a parada das indústrias na pandemia e a demanda de mais gente comprando materiais para fazer reformas, os preços dos insumos da construção civil subiram em torno de 25%, como foram os casos do aço, do cimento e da louça. Se esses preços não cederem ao longo de 2021, vamos ter que repassar para o preço dos imóveis. Mas isso ainda não aconteceu, estou considerando que estamos em um período de transição”, analisou o presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), Avelar Loureiro.
“As pessoas tiveram que se adaptar ao trabalho remoto e necessitaram adequar espaços e mobiliários. Além disso, houve quem aproveitou o momento e fez aquela reforma que desejava e não tinha tempo. Isso movimentou o mercado de material de construção ao ponto de haver um desabastecimento momentâneo de produtos, com consequente aumento do preço de alguns insumos”, comentou o presidente do Sindicato da Habitação de Pernambuco (Secovi-PE), Márcio Gomes.
Diante dessa preocupação, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) vai discutir opções para o setor.