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Sustentabilidade: plano diretor traz novos parâmetros à logística

Logística tem grande impacto na atividade econômica, movimentando mais de R$ 63 bilhões por ano no Brasil

Maersk realizará construção do primeiro terminal 100% eletrificado em Suape, a fim de reduzir os impactos ambientaisMaersk realizará construção do primeiro terminal 100% eletrificado em Suape, a fim de reduzir os impactos ambientais - Foto: Maersk/Divulgação

Responsável por movimentar mais de R$ 63 bilhões no ano de 2024, em conjunto com o setor de transporte, a logística tem grande impacto na atividade econômica brasileira. A relevância do setor traz consigo uma grande responsabilidade que está diretamente relacionada à necessidade da existência de um cuidado ambiental nas atividades que envolvem o segmento.

Nos últimos anos, o desenvolvimento do Plano Diretor de Logística Sustentável, instituído por meio de uma portaria do Ministério de Economia publicada no ano de 2021, trouxe novos parâmetros para a preocupação com a sustentabilidade dentro das atividades logísticas.

Apesar de ter sido desenvolvido como instrumento de governança para todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, o planejamento também tem auxiliado empresas que atuam direta ou indiretamente no setor. Além disso, a existência de uma maior preocupação dos clientes com a relação ambiental das empresas também tem fomentado o cuidado.

TECNOLOGIAS
Para reduzir o impacto de suas atividades no meio ambiente, algumas empresas têm apostado em novas tecnologias como alternativa. É o caso da Maersk que, por meio da APM Terminals, realizará a construção do primeiro terminal 100% eletrificado do País em Suape (PE).

Danilo Veras, Head da Maersk de Public Affairs para a América LatinaDanilo Veras, Head da Maersk de Public Affairs para a América Latina | Foto: Maersk/Divulgação

Segundo o Head de Public Affairs na Maersk para a América Latina, Danilo Veras, a instalação do projeto deverá transformar o terminal portuário num dos mais modernos e sustentáveis do Brasil. 

“A construção do primeiro terminal 100% eletrificado da América Latina está alinhada à nossa busca por aliar maior eficiência operacional aos mais altos parâmetros de sustentabilidade, com a meta de sermos net zero (empresa que realiza zero emissões líquidas de carbono), em toda a nossa operação, até 2040”, observa Veras.

Segundo o integrante da Maersk, a eletrificação do terminal implicará em uma significativa redução no uso de combustíveis fósseis, como diesel, que são tradicionalmente usados para operar os equipamentos portuários, como guindastes, equipamentos de movimentação de contêineres, caminhões e outros veículos. 

Além da redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), o novo terminal contará também com sistema completo de gestão ambiental, gestão de resíduos, tratamento de águas residuais e modelagem de fluxo de águas subterrâneas para controle de poluição.

INVESTIMENTOS
Ao todo, serão investidos R$ 1,6 bilhão nesta primeira fase da construção no terminal, que ajudará a estimular o desenvolvimento socioeconômico da região, gerando mais de 250 empregos diretos e 1.200 indiretos, na fase de construção, além de 2.000 empregos indiretos na fase de operação. 

“Acreditamos que o verdadeiro valor compartilhado só pode ser fornecido por meio de soluções de logística digitalizadas, integradas, descarbonizadas e democratizadas — para que o comércio global seja inclusivo e sustentável, e os benefícios sejam sentidos pelo maior número possível de pessoas”, afirma Danilo.

A iniciativa da empresa vai além da instalação do novo terminal. Com o  compromisso de liderar a descarbonização no setor logístico global, a Maersk tem investido em soluções tecnológicas inovadoras para reduzir a pegada de carbono em suas operações. 

“Como parte da nossa iniciativa ‘All the way to zero’, já contamos com os primeiros navios de contêineres no mundo - habilitados para operar com metanol com redução das emissões de GEE no mundo – a trafegar pelos oceanos. Ao todo, 25 navios porta-contêineres com motores bicombustíveis - que também podem operar com metanol com redução de emissões de GEE - foram encomendados, com previsão de entrega total até 2025”, completa Danilo.

FRENTES
O desenvolvimento de iniciativas em diversas frentes faz parte da visão da empresa de que a avaliação das emissões de carbono é crucial para identificar e mitigar as emissões em todas as fases da cadeia logística, não apenas nas operações mais visíveis, como o transporte marítimo.

Por isso, é necessário realizar uma abordagem integrada e que considere o impacto ambiental de todas as etapas, desde a produção das mercadorias até a entrega final.

Segundo o representante da Maersk, o movimento crescente do setor para reduzir as emissões e adotar soluções menos poluentes também fomenta a realização de debates sobre o tema. Para compartilhar experiências, a empresa participa de fóruns e debates sobre sustentabilidade e descarbonização.

“Esses espaços de troca de experiências e informações entre especialistas, CEO’s, empresas e stakeholders do setor promovem uma série de benefícios para a indústria, ajudando a acelerar o avanço de práticas mais sustentáveis e inovadoras. A Maersk vê esses fóruns como oportunidades para compartilhar suas iniciativas para reduzir a pegada de carbono no transporte marítimo, como o uso de combustíveis alternativos ou a eletrificação de terminais, enquanto aprende com as soluções adotadas por outros players do setor”, afirma  o Head de Public Affairs da empresa.

O debate também vem sendo incentivado por meio da oferta de consultoria estratégica e apoio a iniciativas de logística sustentável. 

“Nos tornamos consultores e parceiros estratégicos dos nossos clientes no transporte de cargas, visando simplificar a complexidade de suas cadeias de abastecimento, a partir de soluções logísticas integradas e resilientes. Nesse sentido, a sustentabilidade é um fator importante e também levado em consideração no processo decisório” destaca Danilo. 

O trabalho realizado já colhe importantes resultados. Atualmente, cerca de 60% dos 200 principais clientes da Maersk no mundo já se comprometeram ou definiram metas relacionadas à sustentabilidade. 

“Por isso, apoiar as metas de emissões dos nossos clientes e fortalecer nossa capacidade de oferecer soluções logísticas de baixa emissão, de ponta a ponta, é uma prioridade para a Maersk, rumo a uma forte agenda de descarbonização em todo o mundo e no Brasil”, encerra o representante da empresa.

Sustentabilidade na logísticaSustentabilidade na logística | Arte: Folha de Pernambuco

REDUÇÃO
Com a percepção de que o cuidado com a sustentabilidade deve estar presente em todos os setores, a Stellantis também tem adotado uma política de redução das emissões de gases poluentes que envolve não apenas a fabricação dos veículos como também a logística envolvida na distribuição dos automóveis.

Até o ano de 2030, a empresa deverá reduzir pela metade as suas emissões de CO2. O processo deverá ocorrer desde a frota até a manufatura. No que se refere à descarbonização do processo, 45% da redução estará relacionada a ações e tecnologias no produto, enquanto 55% serão referentes às ações na cadeia, seja na manufatura, supply chain, logística ou infraestrutura.    

“Na logística, a Stellantis utiliza uma plataforma personalizada e desenvolvida internamente para monitorar e controlar todas as emissões de CO2  associadas aos fluxos de transporte em suas unidades produtivas na América do Sul. Essa tecnologia centraliza as informações e permite um acompanhamento detalhado das emissões, apoiando a tomada de decisões mais sustentáveis”, afirma o vice-presidente de Manufatura da Stellantis para a América do Sul, Glauber Fullana. 

Outro cuidado está presente nas operações de logística interna. Atualmente a empresa utiliza empilhadeiras elétricas que são capazes de reduzir de forma significativa as emissões de carbono.

Já na logística externa o destaque fica por conta do uso de veículos de carga 100% elétricos que já estão em operação na planta de Goiana, em Pernambuco. Neste ano, a previsão é de que também sejam implementados veículos movidos a GNV em rotas de Minas Gerais. “A renovação da frota dos parceiros logísticos também é uma prioridade, com a incorporação de veículos menos poluentes”, ressalta Glauber.

As ações são complementadas com a realização de mapeamentos constantes das malhas logísticas. O objetivo é otimizar embalagens, alterar modais de transporte e regionalizar fornecedores, iniciativas que contribuem diretamente para a redução das emissões de CO2.

“Essas práticas não se restringem a uma única fábrica, mas fazem parte de uma estratégia integrada para promover a sustentabilidade em todas as unidades produtivas da Stellantis na América do Sul”, observa o vice-presidente.

Além disso, a empresa também entende que o fomento do uso de combustíveis renováveis é uma das alternativas para reduzir a poluição e garantir um impacto menor do setor de logística. Por isso, a Stellantis é a primeira montadora do Brasil a abastecer os carros flex que saem da linha de montagem de Goiana com 100% de etanol.  

“Esta ação reduzirá mais de 2,1 mil toneladas de CO2 emitidas na queima de combustível do primeiro abastecimento, o que representa uma diminuição de cerca de 87% em emissões. Inicialmente, serão abastecidos com etanol todos os veículos com as motorizações flex produzidos em Pernambuco. Em 2025, a iniciativa será expandida para os polos automotivos de Minas Gerais e Rio de Janeiro”, completa o vice-presidente de Manufatura da Stellantis para a América do Sul.

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