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Transnordestina: obra estruturante e de impacto para o Nordeste

Com uma extensão total de 1.757 quilômetros, obra terá 1.209 deles destinados a ferrovias e é vista como ponto-chave para aumento da competitividade regional

Obras da TransnordestinaObras da Transnordestina - Foto: Ministério dos Transportes

Com um projeto grandioso que terá uma extensão total de 1.757 quilômetros, sendo 1.209 quilômetros de ferrovia, a Transnordestina é considerada uma das obras estruturantes de maior impacto para o Nordeste. Iniciada em 2006, a construção da ferrovia foi projetada para conectar o Porto de Pecém (CE) ao Porto de Suape (PE), também permitindo a ligação do município de Eliseu Martins (PI), cidade destaque pelo desenvolvimento agropecuário, ao município de Salgueiro (PE), uma das cidades com maior potencial logístico do Nordeste.  

Vista como ponto-chave para o aumento da competitividade da região, a conclusão da ferrovia tem sido constantemente adiada por atrasos ou paralisações em sua construção. Além disso, divergências sobre o traçado e a falta de recursos para a finalização do projeto também contribuíram para que o prazo de entrega fosse prorrogado diversas vezes.

Obras da TransnordestinaObras da Transnordestina | Foto: Ministério dos Transportes

As mudanças chegaram a atingir diretamente o Estado de Pernambuco, que teve grande parte do traçado que lhe atende, um ramal de 548 quilômetros, cortado do projeto em 2022. Após uma intensa discussão sobre a importância da construção da ferrovia em sua totalidade, a obra foi retomada; e os recursos necessários para a sua conclusão integral, incluindo o ramal pernambucano, assegurados. 

ORÇAMENTO
Com um orçamento atual estimado em R$ 15 bilhões, a obra já recebeu um aporte de mais de R$ 7 bilhões em investimentos. Além desse montante, outros recursos que serão destinados para a Transnordestina também já estão assegurados no Orçamento Geral da União (OGU).

Durante a retomada das obras, o projeto foi dividido para viabilizar sua conclusão. Dessa forma, alguns trechos foram preservados na concessão e outros retomados pelo Ministério dos Transportes. 

O andamento mais acelerado do traçado de Eliseu Martins (PI) até Pecém (CE) permite uma projeção de entrega deste trecho até o ano de 2026. No entanto, a operação em parte da ferrovia poderá ser iniciada ainda em 2025.

Já no traçado pernambucano, que ligará Salgueiro até Suape, uma consultoria foi contratada para realizar o levantamento e elaborar projetos executivos para a conclusão. A partir daí, uma licitação será lançada e o orçamento definido.

Superintendente da Sudene, Danilo CabralSuperintendente da Sudene, Danilo Cabral | Foto: Folha de Pernambuco

Para o superintendente da Sudene, Danilo Cabral, a conclusão integral do traçado deverá garantir que o Nordeste tenha as mesmas condições, inclusive de atração de investimentos, que existem em outras regiões do País.

“Tivemos avanços expressivos que mostram que o Nordeste hoje é um território de muitas oportunidades. Para garantir essa competitividade, o eixo infraestrutura é um dos pilares para a atração de investimentos para a região, ao lado do capital humano e da inovação. Quando olhamos para a questão da infraestrutura, nós temos avanços na questão rodoviária, na infraestrutura portuária, nos aeroportos (...) e também temos que melhorar a infraestrutura ferroviária. É aí que entra a importância da Transnordestina”, comenta Danilo. 

Obras da TransnordestinaObras da Transnordestina | Foto: Ministério dos Transportes

Segundo o superintendente, a obra deverá gerar um impacto direto em 40% da Região Nordeste. Já para o PIB, a estimativa é de um crescimento na ordem de R$ 7 bilhões apenas para a região.

“Essa é uma obra estratégica e que foi sonhada há séculos para se materializar no primeiro governo do presidente Lula. Não é de um estado, é uma obra integradora. Essa infraestrutura ferroviária é imprescindível para viabilizar a integração regional, inclusive para dar efetividade plena ao potencial dos portos que ela está interligando. Nenhum porto tem capacidade plena se ele não tiver uma integração com o transporte ferroviário”, afirma.

Superintendente da Sudene, Danilo CabralSuperintendente da Sudene, Danilo Cabral | Foto: Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco

Um levantamento realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) apontou que a construção da Transnordestina terá impacto em um raio de até 300 km do traçado. 

“Ela vai passar por 53 cidades, mas o seu raio de influência não está restrito ao local por onde o traçado passa. O estudo mostra um impacto em torno de mil municípios que podem, de alguma forma, serem beneficiados. Existem também linhas remanescentes, inclusive da rede ferroviária que existia, que podem ser requalificadas já que a integração da malha ferroviária no Brasil é um processo inevitável”, completa Cabral. 

COMPROMISSO
Segundo o secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, o Governo Lula mantém o compromisso de concluir a obra de forma integral. “Hoje estamos acompanhando o trecho que vai de Missão Velha até Pecém. No total, são 11 trechos de cerca de 50 km cada. Estamos executando o trecho 4, 5 e 6. Estamos agora com a contratação dos trechos 7 e 11”, detalha.

A opinião do secretário reforça a visão do superintendente da Sudene sobre a importância da ferrovia não só para o desenvolvimento da Região Nordeste como também para a promoção de um transporte de cargas mais eficiente no País. 

“Teremos produtos sendo negociados a um menor custo, o que vai gerar uma movimentação na região e propiciar mais renda para a sociedade. Acreditamos que, como o Brasil é um ator importante no mercado global de exportação, essa ferrovia será fundamental para transportar todos os produtos da região do Matopiba”, continua.

O uso da ferrovia para transporte de produção até os portos é visto como essencial para o desenvolvimento da logística não apenas do Nordeste como também de todo o País, levando em consideração a possibilidade de integração da Transnordestina com a ferrovia Norte-Sul. 

“A conexão da Transnordestina com todas as cidades é estratégica para o País. Acreditamos que, no futuro, será possível realizar uma ligação da ferrovia com as demais regiões do país por meio de ferrovias, promovendo uma integração nacional”, afirma.

Perfil da TransnordestinaPerfil da Transnordestina | Arte: Folha de Pernambuco

GARANTIDO
Após um intenso debate envolvendo a viabilidade da construção do trecho pernambucano da ferrovia, a parte da Transnordestina que conecta o município de Salgueiro (PE) até o Porto de Suape teve sua implementação garantida pelo Governo Federal. 

De acordo com Danilo Cabral, a retomada do trecho deverá acontecer no início de 2025. Para tal, deverá ser realizado um levantamento sobre a necessidade de mudanças no projeto originário.

“Com os anos você passa a ter questões de interferências urbanas que ocorreram principalmente em trechos que foram ocupados. Isso torna necessária uma reavaliação de qual o melhor traçado, também envolve questões da natureza, desapropriações e questões ambientais. Ou seja, vamos atualizar todas essas variáveis e pretendemos licitar o primeiro trecho desse projeto no início de 2025”, aponta. 

Segundo o representante da Sudene, essa retomada vai representar o investimento necessário para concluir os 530 quilômetros restantes. A obra, que já está no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), também faz parte do plano regional do Nordeste. Ela também está no Plano Plurianual (PPA), o que garante orçamento até o ano de 2027. 

“O edital e a contratação para essa nova etapa ocorrem de forma faseada, ou seja, vamos iniciar nos trechos onde a execução já é possível”, explica Danilo Cabral. 

Segundo o secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, apesar da garantia de recursos para a retomada da obra em 2025, a perspectiva é de que o trecho pernambucano possa ser licitado. 

“Temos as diretrizes para que essa obra seja retomada levando em consideração as decisões do Tribunal de Contas da União (TCU), considerando toda segurança jurídica. Em 2025, vamos iniciar as obras desse trecho para que a gente consiga, em um futuro próximo, fazer uma concessão para que o setor privado entre no processo”, finaliza.

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