Por que devemos praticar atividade física em todas as fases da vida? Especialistas dizem os motivos
Para qualquer idade, a prática de exercícios físicos é recomendada. Controla o estresse, reduz o risco de várias doenças e estimula o desenvolvimento cognitivo. Confira o que especialistas indicam para cada etapa da vida
A busca por uma vida saudável é uma das metas mais comuns entre a população. E dois pilares essenciais para a saúde integral do corpo e da mente são, sem sombra de dúvidas, a alimentação equilibrada e a prática de atividades físicas. Nós podemos até não perceber, mas os pequenos estímulos dados a uma criança desde os primeiros meses de vida já são repletos de benefícios para o seu desenvolvimento. E, à medida que os anos passam, é preciso estar atento, e ativo, para manter uma rotina que ajude a alcançar o bem-estar e a qualidade de vida, tanto na juventude e fase adulta, quanto na terceira idade.
Como explica a pediatra Cristiani Santana, durante a infância, os pequenos passam por diferentes etapas e, em cada uma delas, são indicados alguns tipos de atividades. “Com base no que a Sociedade Brasileira de Pediatria preconiza, nós dividimos a indicação de atividade física de acordo com a idade de cada criança", diz. “Durante todo o momento da vida do indivíduo, é preciso estimular a prática de exercício físico como rotina, lembrando que existem atividades adequadas a cada idade”, alerta.
ADAPTAÇÃO DO TEMPO
O tempo de exercícios deve ser adaptado, dependendo da faixa de idade. “Os bebês devem ser incentivados a serem ativos, por curtos períodos de tempo, várias vezes ao dia. Aqueles que não andam devem ser estimulados a segurar, alcançar, puxar e empurrar brinquedos. Já as crianças pequenas que andam sozinhas precisam ser ativas todos os dias, por pelo menos três horas que podem ser diluídas ao longo do dia. E é muito importante que sejam oferecidas oportunidades de brincadeiras ao ar livre”, diz a especialista.
Segundo a pediatra, a partir dos 3 anos de idade, já é possível inserir, gradativamente, atividades físicas estruturadas, como esportes coletivos, danças, lutas e natação. Já a partir dos 6 anos, e até a adolescência, é recomendado que as crianças acumulem pelo menos 60 minutos diários de atividade física de intensidade moderada, como correr, pedalar, nadar, saltar ou brincar em uma pracinha, por exemplo.
A especialista frisa, ainda, que tais recomendações são direcionadas a crianças que não tenham alguma condição médica que contraindique a prática de exercícios.
“Como benefícios desse movimento todo, temos índices menores de doenças na infância como obesidade, hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares. A prática de exercício físico também auxilia na melhora da cognição, autoestima e socialização”, cita.
Além disso, reforça ela, crianças ativas tendem a ser adultos ativos que podem se beneficiar de uma vida mais saudável e com menos chances de vir a ter as doenças relacionadas à obesidade nessa fase da vida.
Um dos principais cuidados para que crianças e adolescentes realizem atividades físicas de forma correta e equilibrada, evitando riscos e danos à saúde, é desempenhá-las sempre com supervisão.
“Tanto para um bebê que ainda não anda, onde é evidente a necessidade de alguém por perto atento a qualquer fator que possa causar algum evento adverso, quanto para um adolescente que esteja executando um exercício de força, por exemplo”, explica.
No caso de um adolescente, a recomendação é que haja orientação profissional quanto à execução dos movimentos, a carga adequada à altura, peso e idade. “Seja no parquinho, na rua de casa, na piscina ou na academia, o mandatário é ter alguém, cuidador ou profissional habilitado, que supervisione a atividade proposta e ofereça um local seguro para que a criança consiga realizar o seu exercício físico”, pontua.
PREVENÇÃO DE DOENÇAS
O educador físico e personal trainner Philipi Claudio destaca que manter hábitos saudáveis, como a prática de atividade física consistente em níveis adequados, ajuda a prevenir doenças crônicas como cânceres, diabetes e cardiopatias.
Além disso, melhora a capacidade cardiorrespiratória e o fortalecimento muscular, entre outros benefícios. “Manter-se ativo com exercícios físicos regulares atua no corpo como um sistema para manter a saúde, o bem-estar e as funcionalidades do organismo. Manter a frequência dessas atividades aumenta a longevidade muscular e diminui significativamente os problemas de lesões e dores, além de contribuir para otimizar os resultados”, diz.
Para a população idosa, salienta, além de preservar a saúde respiratória, muscular e óssea, a prática de atividade física reduz o risco de declínio cognitivo provocado pelo envelhecimento e a perda de massa magra.
“Se exercitar rotineiramente com treinos de força promove aumento da potência e da força muscular, melhora da composição, aumento da capacidade funcional, diminui o risco de mortalidade e diversas doenças crônicas, melhorando também a realização das tarefas diárias dos idosos”, detalha.
As caminhadas diárias, por exemplo, são bastante salutares para os idosos pois, segundo ele, ajudam a prevenir ataques e problemas do coração, além de auxiliarem no controle da pressão arterial e redução dos níveis de colesterol. “Além de tonificar os músculos e fortalecer os ossos, a caminhada diária aumenta a energia, controla o peso, melhora o sono e o bem-estar físico e mental”, completa.
AVALIAÇÃO MÉDICA
Professor de Geriatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE), o médico geriatra Alexandre de Mattos reforça que os exercícios físicos, quando prescritos adequadamente e com acompanhamento necessário, ajudam a reduzir o risco de perda de massa óssea e de massa muscular entre os idosos, além de diminuir mortalidade cardiovascular e melhorar a saúde mental.
“Já está bem estabelecido cientificamente que a prática regular de atividade física aumenta a longevidade e melhora qualidade de vida”, pontua. Alguns cuidados, no entanto, são necessários.
“O idoso, principalmente os idosos mais frágeis e que têm doenças crônicas, necessitam de acompanhamento profissional para realizar atividades físicas. É importante também que esses idosos passem no seu médico antes de iniciar atividade física para saber se estão aptos para a atividade”, alerta ele.
Mattos também ressalta que a atividade física realizada sem os devidos cuidados pode trazer riscos cardiovasculares e riscos de lesões como fratura de estresse, lesões ligamentares e até mesmo luxações articulares. Caso o paciente possua doenças crônicas ou fragilidade, orienta, é importante individualizar e avaliar caso a caso.
MOVIMENTO É REGRA
Como destaca a fisioterapeuta Marcela Tavares, o estímulo ao movimento deve estar presente ao longo de toda a vida. “Desde a infância até adolescência é válido incentivar o contato com esportes de variadas modalidades. Além dos benefícios físicos e mentais, existem as vantagens cerebrais, pois nesta fase serão potencializadas novas conexões neuronais”, cita.
Já na vida adulta, quando as pessoas entram na rotina de trabalho, é importante prestar atenção na postura.
“Quando entramos no mundo laboral, é de extrema importância ter consciência corporal e evitar horas prolongadas na mesma postura, seja ela em pé ou sentada. A adesão a exercícios que envolvam fortalecimento muscular, flexibilidade e mobilidade articular são importantes para prevenção de doenças e retardam o processo de envelhecimento”, comenta.
Na terceira idade, a atividade física precisa também estar aliada ao desenvolvimento de novas habilidades. “Na terceira idade, são importantes estímulos motores, mentais e atividades que estimulem o convívio social. É nesta fase que o idoso precisa estar cada dia mais ativo, desenvolver novas habilidades como cantar, pintar, bordar ou até mesmo tocar algum instrumento”, acrescenta.
ALIMENTAÇÃO EQUILIBRADA
Grande aliada nesse processo de saúde e bem-estar, a alimentação equilibrada é responsável por suprir as necessidades nutricionais do organismo, auxiliando o desenvolvimento do corpo e prevenindo doenças.
A nutricionista Priscila Lima enumera tipos de alimentos que são prejudiciais e os que são necessários ao bem-estar físico, destacando que em cada fase da vida ou de acordo com a faixa etária, a necessidade nutricional e o tipo de alimento podem ser diferentes.
“Para ter uma vida mais saudável, os alimentos ultraprocessados, com alto teor de açúcares, gorduras, aditivos químicos, devem ser evitados em todas as fases. E devemos priorizar os alimentos in natura, ou minimamente processados, como os vegetais: legumes, verduras, frutas, tubérculos, feijão, milho, arroz, e as proteínas: carne, frango, peixe”, orienta a especialista.
De acordo com ela, há alimentos que potencializam os benefícios da atividade física e a alimentação saudável e adequada aliada ao exercício físico é imprescindível para a reposição de energia, disposição e recuperação dos músculos.
Alguns alimentos podem potencializar o desempenho no treino, recomposição corporal, diminuindo o percentual de gordura e aumentando o percentual de massa muscular. “Por exemplo, os carboidratos irão proporcionar uma reposição de energia pela via do glicogênio muscular, melhorando a performance nos exercícios físicos, por se tratar de uma energia contínua, liberada aos poucos. Já as proteínas irão favorecer a recuperação e crescimento muscular”, explica.
Uma alimentação composta por carboidratos, proteínas, vegetais, ingestão de água adequada, associada ao exercício físico, além de favorecer um balanço energético equilibrado, pode ser fator decisivo para uma melhor qualidade de vida, recomenda a nutricionista.
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