Fórum Nordeste 2023

Plínio Nastari ministra palestra sobre transição energética e descarbonização no Fórum Nordeste

"Temos um mercado hoje no mundo que é 15 vezes maior e o Brasil pode dar uma grande contribuição", afirmou Nastari

Plínio Nastari em palestra no Fórum Nordeste 2023Plínio Nastari em palestra no Fórum Nordeste 2023 - Foto: Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco

Com o tema "Transição Energética, Descarbonização e o Papel dos Biocombustíveis", o presidente da Datagro, Plínio Nastari, abriu a primeira das cinco palestras do 12° Fórum Nordeste.

O evento, promovido pelo Grupo EQM, que tem Eduardo de Queiroz Monteiro como presidente, está sendo realizado no Mirante do Paço, no Bairro do Recife, na área central da Capital.

A palestra de Nastari tem com mediadores o presidente do Grupo EQM, Eduardo de Queiroz Monteiro; o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçucar-PE), Renato Cunha; e o presidente do Sindaçúcar-AL, Pedro Robério Nogueira.

Para Plínio, as vantagens econômicas do uso do etanol é a elevada octanagem, que permite, inclusive, o uso de gasolina de mais baixa octanagem com menos aromáticos que são os compostos cancerígenos da gasolina e que são também os compostos mais caros.

“Etanol vale tolueno, não vale gasolina. No Brasil, ainda estamos precificando etanol abaixo do preço da gasolina e esse cenário precisa ser alterado. Tolueno vale 30% a 40% a mais do que a gasolina. E o uso dessa gasolina a base de mistura com menor octanagem tem trazidos ganhos enormes ao País desde que começou a mistura de etanol”, disse.

Para ele, o Brasil é importante dentro dessa equação porque é o terceiro maior consumidor mundial de energia para transporte do mundo, atrás apenas dos EUA e da China. “Temos assistido a uma diversificação crescente.

Segundo ele, esses ganhos tem sido capitalizados a partir da produção de gasolina com correntes menos nobres e importação de gasolina com correntes menos nobres. “Esse valor está sendo capturado pela sociedade não está sendo transmitido para os produtos que geram esse valor”, acrescentou.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Quanto ao setor, uma das vantagens apontadas por Plínio é a transversalidade muito grande com outros setores. “Ele conversa com o setor automobilístico, de bens de capital, de fertilizantes, de máquinas e implementos agrícolas, químico. Portanto, tudo que ocorre nesse setor acaba tendo impactos em muitos outros dentro da economia”, destacou.

Para ele, o Brasil é importante dentro dessa equação porque é o terceiro maior consumidor mundial de energia para transporte do mundo, atrás apenas dos EUA e da China. “Temos assistido a uma diversificação crescente. Essa rota de diversificação que está fazendo com que o setor e na forma do produto etanol esteja caminhando na direção de missão zero de carbono e em breve vamos estar sendo reconhecidos por emissão negativa, na verdade emissão negativa talvez já tenha sido atingida, nós é que não estamos medindo direito", afirmou.

Reforma do etanol
Quantos às perspectivas em termos de mercado, Plínio disse que hoje o etanol de primeira geração representa 111 bilhões de litros, o que equivale a aproximadamente 86 milhões de toneladas, mas, com a reforma do etanol, abre-se um mercado de mais de 200 milhões de toneladas.

O debate em torno da existência de uma competição na agricultura entre alimento e energia é, para Plínio, uma falácia que precisa ser combatida. “O Brasil e outros países em condições similares têm comprovado que existe uma integração virtuosa entre agricultura alimentar e agricultura energética. A agricultura energética viabilizando e impulsionando a alimentar”, disse. E citou mais de uma dezena de exemplos que comprovam sua tese. Na visão dele, a agricultura energética pode, sim, aumentar significativamente não só a oferta de bioenergia como de alimentos.

“A gente pode aumentar a produção de biogás e etanol 2G, ampliando significativamente a geração energética. Ao mesmo tempo, podemos fazer a integração de cana e milho, a recuperação de solos degradados para produção de mais combustível de primeira e segunda geração; e novas técnicas de multiplicação da cana podem alavancar muito a produtividade agrícola através não só do que já foi feito recentemente”, analisou.

Plínio acredita que o etanol está tornando a gasolina viável e permite as montadoras atingirem as metas de emissão mais ambiciosas que estão sendo definidas pela regulação, mas para que isso ocorra será necessário atenção sobre a definição da métrica de sustentabilidade. “A opção de rota tecnológica e os investimentos vão ser determinados pela métrica de eficiência e sustentabilidade que for definida pela regulação”, explicou.

Segundo ele, há três métricas: tanque à roda, que mede só a emissão de cano de escape, a utilizada no Brasil; poço (ou campo) à roda, que considera a origem da energia utilizada e as emissões geradas com essa energia; e, ainda segundo ele, a mais completa: berço ao túmulo, que considera não só a origem da energia como o carbono emitido na construção e no descarte nos equipamentos utilizados para essa mobilidade. “Essa é métrica que todos nós deveríamos perseguir como sociedade”, defendeu.

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