Usina Caeté, energia para usar e vender
A indústria alagoana, do Grupo Carlos Lyra, tem como carro-chefe a geração de energia a partir do bagaço da cana, tanto para irrigação quanto para o consumo próprio e também para venda
Adquirida em 1965 pelo Grupo Carlos Lyra, a Usina Caeté, localizada no estado de Alagoas, é reconhecida pela produção de energia elétrica a partir do bagaço da cana-de-açúcar. Como explica o diretor agroindustrial da empresa, Magno Brito, esse é, inclusive, um dos carros-chefe da indústria. “Hoje, o nosso forte a partir do bagaço é gerar energia. O carro-chefe da usina é a geração de energia. Tanto para irrigação quanto para o consumo da indústria. A gente tem uma grande quantidade de energia que vai para irrigação. E outra parte também vai para venda”, comenta.
O Grupo Carlos Lyra nasceu em 1951, quando o empresário Carlos Benigno Pereira de Lyra Neto assumiu a Algodoeira Lagense S/A. Atualmente, conta com indústrias produtoras de açúcar, etanol e bioeletricidade, gerando aproximadamente 8,5 mil empregos diretos no país. O grupo também atua nos segmentos florestal, têxtil, pecuária, radiodifusão e táxi aéreo.
Antenada com as possibilidades do setor sucroenergético, a Usina Caeté analisa e desenvolve estudos quanto aos novos caminhos que podem ser seguidos no ramo. Prova disso são as avaliações referentes ao biogás, apontado por publicações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como “a próxima fronteira da energia renovável”. O principal método de produção do biogás é a quebra biológica de material orgânico na ausência de oxigênio, conhecida como digestão anaeróbica.
“Nós já estamos estudando há algum tempo a questão do biogás. Estamos conversando com alguns parceiros e temos um certo interesse já bem sólido em produzi-lo. A gente vem acompanhando o que fazer com os resíduos de usina de açúcar. Um dos resíduos era o bagaço, já geramos energia com o bagaço. E a gente vem acompanhando já há bastante tempo a questão do biogás, que pode ser utilizado para vender para indústria, alguma que queira o biogás para que tenha o selo verde. Eu posso vender para outras indústrias também, através de um duto”, analisa Brito.
Substituta do diesel
Segundo o diretor agroindustrial, uma possibilidade futura é utilizar esse tipo de energia como substituta do óleo diesel, o que contribuiria para a manutenção de indústrias limpas. “E posso mais a frente, que ainda não está dominado, utilizar esse biogás em substituição ao óleo diesel. Já tem muita gente utilizando, mas em pequenas quantidades. Então, isso tem uma pegada de combustível limpo muito grande. Porque se você puder substituir o óleo diesel nas usinas por biogás, é muito interessante do ponto de vista de indústria limpa, do ponto de vista ambiental. Então, a gente está começando, já fizemos levantamento, já vimos o tamanho da planta, já vimos muita coisa em relação ao biogás”, contou.
Outro composto que está no horizonte da Usina Caeté é o metanol, biocombustível que pode ser obtido, por exemplo, por meio da destilação destrutiva de madeiras e do processamento da cana-de-açúcar ou por meio de gases de origem fóssil. Porém, as avaliações da empresa quanto ao metanol devem ocorrer em um prazo mais longo em comparação ao biogás.
“Agora, a gente está começando a enxergar, a ver qual é o potencial de pegar o CO2 da fermentação, ou resultante da queima do bagaço nas caldeiras, para transformar em metanol. Porque tem muita gente falando em metanol, que depois transforma em combustível de avião, combustível de navio. Estamos começando a nos inteirar disso. Mas acho que está mais perto de a gente tomar uma decisão em relação ao biogás”, pontuou.
Amiga da Criança
Certificada como Empresa Amiga da Criança pela Fundação Abrinq e comprometida com o RenovaBio, iniciativa do Ministério de Minas e Energia (MME) que busca, entre outras medidas, ampliar a oferta de biocombustíveis como uma energia cada vez mais sustentável, competitiva e segura, a Usina Caeté possui iniciativas pautadas na sustentabilidade e no compromisso social e ambiental.
“A gente também se preocupa muito com a parte ambiental. Nós temos reservas legais grandes, temos barragens representativas aqui dentro do estado de Alagoas. A gente tem inclusive se voltado muito para a certificação do RenovaBio, no qual temos melhorado nossas notas nessa certificação ano após ano”, destaca Magno Brito.
A integração com a comunidade é outra característica da empresa, que investe na educação de crianças e na capacitação dos funcionários. Desde a década de 1960, a usina mantém a Escola Conceição Lyra, no município alagoano de São Miguel dos Campos. Aproximadamente 15 mil alunos já passaram pela instituição. Hoje, estão matriculados cerca de 450 estudantes.
“A quantidade de funcionários que nós temos que são ex-alunos dessa escola é muito grande. Isso mostra o resultado dessa escolinha. Nós temos parcerias com escolas técnicas e universidades. Tudo isso traz uma questão de sustentabilidade muito grande para as cidades onde estamos atuando”, comenta o diretor.
“A usina é muito integrada à comunidade e investe na formação de seus funcionários. Nós temos diversos funcionários que chegaram a posições graduadas dentro da empresa e que começaram lá de baixo. Praticamente quase todos os nossos gerentes foram ex-estagiários, eu posso dizer que cerca de 70%. Então, a usina procura muito treinar e formar as pessoas dentro do seu DNA”, concluiu.