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ENCONTRO

Setor produtivo unido em defesa do etanol nordestino

Fundamental para a redução na emissão de carbono, setor sucroenergético sofre impacto da elevação da cota de etanol dos EUA sem impostos

Fórum Nordeste 2019Fórum Nordeste 2019 - Foto: Folha de Pernambuco

Ao impulsionar metas de redução na emissão de carbono e proteção ao meio ambiente, o setor sucroalcooleiro tem uma importante representatividade para o Brasil. Atualmente, o País é o 2º maior produtor de etanol com, aproximadamente, 30 bilhões de litros do combustível industrializados anualmente. Centro das discussões durante o Fórum Nordeste 2019, que foi comandado pelo empresário Eduardo de Queiroz Monteiro, presidente do Grupo EQM, a decisão do Governo Federal de liberar uma cota maior de etanol de milho dos Estados Unidos para o Brasil sem a cobrança de imposto pode trazer efeitos desestruturantes para o setor da cana-de-açúcar do Brasil, e, principalmente, do Nordeste. Isso porque a Região recebe mais de 80% desse etanol importado. Então, como fazer com que esse etanol americano não prejudique os produtores do Nordeste?  A medida, publicada no Diário Oficial da União do dia 31 de agosto, permitiu que uma cota maior de etanol de milho dos Estados Unidos entre no Brasil sem a taxação de tributos. Esse aumento foi de 150 milhões de litros por ano, passando de 600 milhões de litros para 750 milhões de litros anualmente. Logo que a medida foi anunciada, o setor sucroalcooleiro se reuniu para tomar medidas e organizar ações que evitassem prejuízos para a produção do Nordeste. 

Desde então, soluções e contrapartidas estão sendo discutidas. Durante a 11ª edição do Fórum Nordeste, que aconteceu no dia 16 de setembro, no Arcádia Paço Alfândega, no Bairro do Recife, autoridades políticas, acadêmicos e representantes do setor sucroalcooleiro discutiram a necessidade de barrar esses efeitos negativos. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, a deliberação do Governo vai de encontro ao que o setor defende. “Medidas injustas tomadas pelo Ministério das Relações Exteriores liberam 750 milhões de litros do etanol americano para o Brasil. É um acordo contrário à nossa geração de emprego e renda. Vamos trabalhar efetivamente e estaremos todos em Brasília para vencer no conteúdo e manter os empregos”, defendeu Cunha, ao complementar que mais de 250 municípios do Nordeste produzem cana-de-açúcar e geram mais de 300 mil empregos diretos.

Presidente do Grupo EQM, Eduardo de Queiroz Monteiro afirmou que a medida foi uma surpresa para os produtores. “Essa importação tem efeito direto na nossa formação de preço. Vamos tentar entender as ações do Governo para que diretrizes de melhoria sejam apontadas”, disse. Líder do Governo Federal no Senado, o senador Fernando Bezerra Coelho defendeu que esse cenário não vai vislumbrar queda de produção e geração de renda. “O Governo Federal está dando espaço para aumentar o crédito para ver a indústria florescer e acredita que ao longo dos próximos 12 meses as negociações com os Estados Unidos para acordos comerciais vão fortalecer o Brasil. E algumas ações já estão sendo analisadas para resolver a medida da importação do etanol, a exemplo de dividir a cota de forma uniforme para o Brasil e ser destinada de forma maior na entressafra”, disse Coelho. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, afirmou que é preciso olhar o etanol com atenção. “A geração de emprego, renda e sustentabilidade com a cana-de-açúcar é extensa. É preciso revisar essa cota porque o Governo tomou uma medida sem ouvir mais uma vez os representantes do setor”, disse Câmara. “É importante ter a participação do setor público para que sejam apresentadas propostas contra o ataque à indústria local com essa medida do etanol", ressaltou o prefeito do Recife, Geraldo Julio.

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