Afya: atendimento humanizado e formação de profissionais
Parceria entre Afya Faculdade de Ciências Médicas de Jaboatão e Prefeitura da cidade, o Ambulatório Especializado em Ensino e Serviços acolhe a população do município
Um espaço propício ao aprendizado das ciências médicas e voltado ao atendimento humanizado na saúde. Este é o Ambulatório Especializado em Ensino e Serviços (AEES), fruto da parceria entre a Afya Faculdade de Ciências Médicas de Jaboatão e a Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes, localizado no bairro de Prazeres, e que acolhe a população do município da Região Metropolitana do Recife desde fevereiro de 2024.
Primeira estrutura do tipo no Nordeste, a Unidade Acadêmica e de Saúde agrega os dois propósitos: formar novos médicos e cuidar do bem-estar dos pacientes. Alunos do 5º ao 8º período do curso de medicina da Afya circulam pelo ambulatório, adquirindo experiência prática sob a supervisão de seus preceptores, que são professores vinculados à instituição de ensino.
Um desses estudantes é Severino Lourenço, que cursa o 5º período de medicina e desde o mês de agosto tem experimentado a rotina no AEES Jaboatão, aliada às aulas na faculdade, cuja sede fica a poucos metros de distância da unidade. “O ambulatório escola é de suma importância para os graduandos, porque nos dá a chance de vivenciar na prática o que a gente aprende na teoria”, afirma o aluno.
ATENDIMENTO
Com um atendimento médio de 1.100 pessoas ao mês, o ambulatório oferece serviços em 14 especialidades diferentes. Por lá, o paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) encontra de cardiologia a psiquiatria, passando por ginecologia, pediatria, reumatologia, entre outras áreas.
“Observamos quais as especialidades com demanda reprimida no município, ou seja, o maior número de encaminhamentos pela atenção primária. Iniciamos com seis especialidades e fomos ampliando esse leque à medida que o ambulatório tomava corpo e se estruturava”, relembra Zelma Pessôa, secretária de Saúde do Jaboatão.
As especialidades ofertadas à população estão aliadas ainda à grade curricular dos estudantes, que vivenciam cada uma dessas áreas em esquema de rodízio. “Já passei por gastroenterologia e clínica médica. Agora, estou com pediatria e obstetrícia”, compartilha Severino Lourenço.
Roberta Almeida, supervisora médica do ambulatório, destaca a riqueza do projeto do ponto de vista acadêmico. Além de toda a estrutura de atendimento à população, o espaço possui auditório e salas de estudo para dar apoio à formação dos cerca de 400 alunos que integram o programa.
“Ao final do rodízio, os alunos apresentam um relato de caso vivenciado no ambulatório, o que pode virar um trabalho científico a ser apresentado. Tenho um exemplo recente, na minha especialidade, quando levamos 12 trabalhos para a Semana Brasileira do Aparelho Digestivo, todos frutos do que é vivenciado aqui”.
O AEES está aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h, tendo à disposição diversos médicos por turno. Cada médico é acompanhado em sua rotina por um grupo de até quatro estudantes, que são orientados sobre os procedimentos e melhor forma de atender os pacientes em suas necessidades.
“Temos acesso ao prontuário eletrônico do paciente, onde há o registro das consultas dele. Participamos de toda a dinâmica de atendimento junto ao preceptor, que nos estimula a fazer a anamnese e os exames. No final, é feito um debate com o preceptor sobre o possível diagnóstico e terapêutica a ser aplicada. É sempre essa troca de informação entre o médico e os alunos, para que a gente aprenda a realmente conduzir uma consulta”, detalha o aluno Severino Lourenço.
FORMAÇÃO
Mais do que proporcionar o aprendizado técnico, o ambulatório escola visa formar os futuros médicos dentro de uma perspectiva humanizada do atendimento de saúde. “O próprio ambiente do ambulatório proporciona esse acolhimento ao paciente, desde a sua chegada até a sala de consulta”, destaca Roberta Almeida.
“Percebo que os preceptores atendem o paciente de forma holística, analisando-o como um todo e buscando a assertividade do problema. Acho muito importante essa visão de buscar além da queixa principal, algo que a gente vê acontecer na prática do ambulatório”, completa Severino.
A regulação para o atendimento no ambulatório é feita pelo município, por meio da Secretaria de Saúde. O paciente só chega ao AEES Jaboatão a partir do encaminhamento da Unidade Básica de Saúde. “Com a detecção de necessidade de consulta especializada, os pacientes são inseridos no sistema de regulação e, a partir do aplicativo De Olho na Consulta, comunicados sobre data e horário do atendimento no ambulatório”, explica Zelma.
No modelo de gestão compartilhada adotado pelo ambulatório, município e instituição de ensino desempenham diferentes papéis na condução dos serviços prestados. Todo o corpo clínico é da Afya. Na equipe administrativa e na recepção, há funcionários da faculdade e da prefeitura trabalhando em conjunto. O espaço também dispõe de uma farmácia municipal, com distribuição de remédios gratuitos pelo SUS.
“Essa parceria é indispensável para que haja um fluxo mais alinhado. Questões que dizem respeito à dinâmica de regulação são assumidas pela equipe da Secretaria de Saúde. A gente procura fazer com que o usuário tenha a sua necessidade contemplada naquele atendimento, sem que ele precise voltar à atenção primária várias vezes”, afirma a secretária.
Para a construção do ambulatório, foram destinados R$ 12 milhões em recursos oriundos do Contrato Organizativo de Ação Pública Ensino Saúde (COAPES), firmado entre a Afya Jaboatão e a prefeitura municipal. O valor foi aplicado da construção civil à estrutura de equipamentos. Já o terreno onde o espaço foi erguido é uma doação do poder municipal.
PIONEIRO
Firmado em 2017, o COAPES Jaboatão foi pioneiro no Estado, sendo premiado no XXVI Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, em 2022. O convênio tem o intuito de formar o profissional dentro dos cenários reais do mundo do trabalho, contando com o suporte das instituições de ensino.
A Afya contribui para a rede municipal de saúde, fornecendo qualificação para os médicos que atuam nela, além de repassar recursos para reforma, ampliação e novas instalações. Essas são contrapartidas do edital da instituição de ensino com o Programa Mais Médicos (PMM), do Governo Federal. A faculdade formou, aliás, a primeira turma de profissionais pelo programa em Pernambuco, no final de 2023.
“Sou professora há mais de dez anos e posso afirmar que a experiência que vivenciamos em Jaboatão é o sonho de quem trabalha na formação de novos médicos. O aluno, desde o primeiro período, vivencia a experiência da unidade básica e, depois, chega a essa imersão profissional do ambulatório. Então, a gente consegue acompanhar essa evolução que ocorre com a prática e o contato direto com a realidade do SUS”, observa Roberta Almeida.