Governo de Pernambuco é referência desde cuidados simples até alta complexidade
Referência em diversos setores da saúde pública, o Estado promove de cuidados preventivos a serviços mais complexos, como os transplantes de órgãos
Pernambuco tem sido referência na promoção de serviços na rede de saúde, que incorporam desde projetos e equipamentos para cuidados preventivos e mais simples, até os serviços de alta complexidade, como os transplantes. Um gesto de solidariedade que parte da sociedade e reverbera como um ato de generosidade, a doação de órgãos carrega consigo o potencial de salvar ou aprimorar a qualidade de vida de até sete outras pessoas, a partir de um único doador.
Desde 1994, a Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), uma entidade do governo estadual, vem contribuindo com o processo de controle de qualidade e quantidade de transplantes de órgãos e tecidos no Estado.
Além de gerenciar a lista de receptores de órgãos e tecidos, a CT-PE desempenha um papel crucial na notificação de potenciais doadores diagnosticados com morte encefálica e na coordenação da logística essencial para viabilizar as cirurgias de transplante. Adicionalmente, realizam campanhas de conscientização e palestras educativas para enfatizar a importância do ato solidário de doar órgãos.
Relatórios da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) revelam que entre janeiro e junho de 2023, Pernambuco realizou 876 transplantes, colocando o Estado como o sexto na lista dos que mais realizaram esses procedimentos no Brasil. Esse número reflete um crescimento de cerca de 13% quando comparado ao mesmo período do ano anterior.
Ainda segundo a ABTO, a realização de transplantes de coração destaca-se nacionalmente, com Pernambuco ocupando a 3ª posição em quantidade de procedimentos realizados, à frente de outros 11 estados brasileiros. Com relação aos transplantes de rim, o Estado ocupa a 6ª posição em um grupo de 18 estados que realizam a cirurgia. Quando se trata de transplantes de fígado, Pernambuco está em 9º lugar entre 15 estados brasileiros que realizam esse tipo de procedimento.
Melissa Moura, coordenadora da CT-PE, destacou que, embora a maioria dos recursos para o funcionamento da central venha do Ministério da Saúde, o Governo do Estado trata o assunto como prioridade e tem como principal objetivo concentrar seus esforços na promoção da educação e capacitação dos profissionais envolvidos no processo.
“Um dos focos dessa gestão é a educação permanente desse grupo. É muito importante trabalharmos a capacitação desses profissionais, porque são eles que estarão nas instituições hospitalares e acolherão as famílias dos potenciais doadores de órgãos”, diz.
Moura ainda destacou a realização de cursos de capacitação para profissionais médicos no diagnóstico de morte encefálica. O Hospital da Restauração foi a instituição selecionada como local para conduzir esse treinamento, por ser um hospital de renome no tratamento de neurotraumas. Com a inclusão deste curso, 1.300 médicos foram habilitados desde a implementação da nova legislação.
Negativa familiar
Segundo a coordenadora, essa iniciativa visa minimizar os efeitos da recusa familiar, que atingiu uma taxa de 60%, somando os números de janeiro a julho deste ano, sendo uma das principais razões que impedem o aumento das taxas de doação de órgãos.
“Elas [as famílias] recusam a doação de órgãos, e uma das causas é a questão de manter o corpo íntegro. Mas é preciso quebrar esses tabus, o corpo é entregue de forma digna. É como se ele tivesse passado por uma cirurgia, apenas com uma sutura”, explicou.
Hoje, em Pernambuco, há um total de 20 Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos, Tecidos e Transplantes (CIHDOTTs), localizadas em diversas unidades de saúde, tanto na Capital quanto no Interior do Estado. Além disso, existem quatro Organizações de Procura de Órgãos (OPOs) operando nos hospitais Português, Imip e Santa Efigênia (Caruaru). No conjunto, essas estruturas contribuem para a realização de transplantes, abrangendo córnea, rim, medula óssea, fígado, coração e pâncreas.
Projeto de planificação
Para além das intervenções médicas mais complexas, há também o cuidado no atendimento na base. Trata-se da Atenção Primária à Saúde, que é um elemento fundamental, pois fornece cuidados primários e oferece serviços essenciais de saúde para toda a população. E foi com esse pensamento de transformar, melhorar e fortalecer o acesso aos serviços médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) que o Governo do Estado lançou o Planifica-PE na Macrorregião 3 do Sertão.
Com que frequência você já teve que visitar um posto de saúde ou qualquer outro estabelecimento hospitalar público, enfrentou longas filas ou precisou ser transferido a outro município para ser atendido? O projeto Planifica, cujo objetivo é ampliar o acesso da população aos serviços de saúde, procura assegurar a qualidade do atendimento oferecido aos residentes de Pernambuco, tanto na área da Atenção Primária quanto na Atenção Especializada, e também permite a construção de unidades de saúde organizadas e eficientes para os que utilizam essas infraestruturas.
Segundo a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE), desde 2011 o SUS orienta o trabalho em rede, que consiste na implementação de ações interssetoriais, mas muitas vezes os profissionais de saúde não têm as ferramentas necessárias para desenvolver esse tipo de abordagem de forma eficaz.
Dessa forma, a planificação chega como uma metodologia que ajuda as equipes de saúde a organizar o trabalho em rede, com ênfase na Atenção Primária. Ela também promove a comunicação entre os diferentes níveis de atenção à saúde, incluindo a Atenção Ambulatorial Especializada e Hospitalar.
“A metodologia da Planificação envolve a construção de “macroprocessos” na atenção primária, como se fosse a construção de uma casa, e é acompanhada por um tutor estadual. As equipes de saúde revisam seu trabalho, desde a organização da sala de espera até a atenção aos cuidados paliativos para pacientes sem perspectiva de cura”, explicou Eline Mendonça, diretora-geral de Atenção Primária da SES-PE
Ampliação de serviços
Atualmente, 35 municípios, somando 303 equipes, abrangendo as Gerências Regionais de Saúde (Geres) de Arcoverde, Serra Talhada e Afogados da Ingazeira, estão implementando as iniciativas da Planificação. Apesar de o foco ser aprimorar a assistência à saúde de mulheres grávidas, crianças e indivíduos que enfrentam problemas de hipertensão e diabetes, o programa abrange desde cuidados básicos até serviços destinados àqueles com condições crônicas ou consideradas de alto risco.
Mendonça explica que a saúde materno-infantil na região do Sertão é uma das prioridades, pelo histórico de falta de serviços de alto risco para gestantes. Segundo ela, com a planificação, as equipes de saúde conseguem identificar as gestantes e crianças que necessitam de atenção especial, evitando que as mulheres tenham que percorrer longas distâncias em busca de cuidados médicos durante a gravidez e o parto.
“A Planificação envolve a implementação de um processo contínuo de educação permanente para as equipes de saúde, permitindo que compreendam a melhor forma de abordar o trabalho em rede de acordo com sua realidade. Não se trata de uma receita pronta, mas sim de uma metodologia que fornece diretrizes gerais, adaptadas às necessidades de cada unidade de saúde”, destacou a diretora.
Eline Mendonça: planificação visa ampliar o acesso da população aos serviços de saúde
Para que o projeto fosse desenvolvido, o Governo de Pernambuco estabeleceu parcerias com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CONASS) e a Umane, instituição filantrópica que apoia iniciativas ligadas à saúde pública.
Em relação aos investimentos, atualmente a gestão foca na utilização da capacidade instalada, pois o processo de trabalho não requer investimentos diretos em infraestrutura. Segundo a SES-PE, o Estado tem concentrado seus investimentos na logística e na capacitação dos profissionais envolvidos nesse acompanhamento.
“Até o momento, não houve necessidade de investimentos em infraestrutura física, mas é possível que, ao longo do processo de planificação, identifiquemos quais estruturas precisam de melhorias, expansões ou construções dentro do espaço disponível. Até então, o investimento está direcionado principalmente para o desenvolvimento das habilidades e competências dos profissionais envolvidos”, enfatizou Eline.