Justiça

Acusado de arremessar garrafa em torcedora pode ter prisão revogada

Ministério Público de São Paulo defende continuidade de investigações

Torcedora do Palmeiras Gabriela Anelli, de 23 anos Torcedora do Palmeiras Gabriela Anelli, de 23 anos  - Foto: Reprodução/Redes sociais

A Justiça de São Paulo decidiu soltar Leonardo Felipe Xavier Santiago, suspeito de ter arremessado a garrafa de vidro que atingiu e matou a torcedora do Palmeiras Gabriela Anelli, durante confusão entre torcedores do Palmeiras e Flamengo no último sábado (8).

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) havia pedido a revogação da prisão preventiva de Santiago nesta quarta-feira (12), alm do encaminhamento do inquérito sobre o caso ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para continuidade das investigações.

O pedido foi feito pelo promotor de Justiça Rogério Zagallo, após o delegado responsável pelo Departamento de Operações Policiais Estratégicas, César Saad, ter declarado publicamente que um homem preso preventivamente pelo crime admitiu o arremesso do objeto que golpeou a vítima.

De acordo com o pedido, vídeos levados ao Ministério Público mostram uma garrafa sendo lançada por outra pessoa. O MPSP pede diligências que identifiquem o verdadeiro autor, a busca de mais imagens de câmeras de segurança e a oitiva dos guardas civis que estavam ao lado dos torcedores do Flamengo no momento do crime.

Os advogados de Santiago afirmaram na tarde desta quarta-feira (12), após conversa com Saad, que discordam das afirmações do delegado, segundo o qual o suspeito admitiu ter arremessado a garrafa contra a torcedora.

“O que houve foi uma interpretação equivocada porque, de fato, Leonardo confesso ter arremessado pedras de gelo. No entanto, algumas testemunhas, que são torcedores do Palmeiras, afirmam que Santiago arremessou a garrafa de vidro. Houve uma divergência na interpretação de como foi o arremesso e qual objeto foi arremessado”, disse Renan Bohus, um dos advogados de defesa.

Segundo o advogado Thiago Huber, no decorrer dos dias, surgiram diversas imagens e nenhuma delas mostrava, de fato, quem jogou a garrafa, o que tona impossível provar que o autor foi Leonardo Santiago.

“Não há imagens do Leonardo com uma garrafa na mão, quanto mais arremessando. Essa versão foi apresentada pelo Leonardo desde o início, antes mesmo de ele ser assistido por advogados, antes mesmo de a defesa entrar no caso. Ele prestou depoimento quando foi preso em flagrante, sozinho. E, desde o início, nega veementemente a prática do arremesso. Ele disse que estava com pedras de gelo na mão e que estas sequer chegaram a ultrapassar a barreira que separava os torcedores”, afirmou Huber.

Bohus disse discordar da mudança de delegacia por acreditar que Saad é um delegado íntegro, que tem experiência na área.

“Ir para o DHPP é um grande equívoco, porque o delegado conhece essa relação que envolve a violência no futebol. Nós vamos nos manifestar no processo em cima disso, obviamente. Nós já nos manifestamos ontem e vamos nos manifestar novamente acerca do relatório apresentado pelo Ministério Público. Nós vamos concordar de novo com o pedido de liberdade do Leonardo, mas nós vamos pedir para o inquérito fique aqui”, explicou Bohus.

Os advogados ressaltaram que o inquérito é muito complicado porque existem muitas imagens, que não são de boa qualidade, e só existem testemunhas do lado da torcedora do Palmeiras.

Para ambos, a prisão de Santiago foi precipitada, embora entendam os motivos da prisão por haver testemunhas que o reconheceram como o autor do arremesso da garrafa.

"Porém esse depoimento não está amparado em qualquer uma das imagens, e nós temos que ter em conta que, no momento de confusão, certamente, ele pode ter sido ou levado a um erro, ter se equivocado, ou apontado alguém no afã de que se fizesse justiça, como em tantos casos que já foram noticiados pela mídia”, disse Huber.

Bohus informou que a defesa pedirá que as pessoas que depuseram no caso não sejam ouvidas como testemunhas, e sim como informantes, porque têm interesse no processo por serem torcedores do Palmeiras, e morreu uma palmeirense.

“Isso é comum acontecer. Principalmente quando envolve torcida. Você quer a justiça, você aponta qualquer torcedor rival. Isso é absolutamente comum e, por essa razão, entendemos que o testemunho dessas pessoas não deva ser levado em consideração para que haja um decreto de prisão.”

Os advogados disseram que já estão providenciando um pedido de habeas corpus para Santiago e que o inquérito seja arquivado e as investigações prossigam para chegar ao verdadeiro responsável pelo arremesso que tirou a vida da torcedora.

“A defesa lamenta profundamente a morte da jovem, esse triste episódio. É uma vida que se perde de uma menina com tanto sonhos e planos. Nós estamos ao lado da justiça, da verdade. A partir do momento em que se identifica realmente o agressor, aquele que foi responsável pelo arremesso, ele deve ser processado, julgado e punido. Porém, infelizmente, temos convicção de que um inocente está detido indevidamente”, disse Huber.

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