Advogado de ex-superintendente do Náutico comenta denúncia de adolescente: "Acho estranho"
José Augusto Branco falou sobre denúncia de adolescente contra Errisson Melo
Após nova acusação contra o ex-superintendente financeiro do Náutico, Errison Rosendo de Melo, seu advogado de defesa, José Augusto Branco, fez comentários sobre a denúncia feita por uma adolescente de 15 anos, que acusa Errisson de importunação sexual. Em entrevista à Folha de Pernambuco, o advogado, que não representa o seu cliente neste caso, disse que o fato lhe "estranha muito" e sugeriu motivações financeiras, familiares e relacionadas à questão eleitoral do clube.
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José Augusto Branco deixou claro que não responde por Errisson de Melo neste caso e que não foi procurado por seu cliente, destacando que todos os fatos devem ser apurados e que se trata de uma questão séria e delicada.
"Nesse caso eu não fui contratado. Não fui procurado. Mas em casos que envolvem pessoas de menor, há um impedimento legal de divulgação dos fatos. O procedimento corre em segredo de justiça. É uma questão muito séria e delicada, mas todos os fatos devem ser apurados", afirmou.
No entanto, mesmo fora do caso, Branco teceu comentários sobre a denúncia, destacando achar estranho que a acusação só tenha aparecido agora.
"Mas me estranha muito, uma menor que diz que foi abusada em 2020 e nunca procurou ninguém. Será que a mãe dela sabia desde aquela época e só decidiu procurar agora? São coisas que a gente fica com a pulga atrás da orelha... Não estou dizendo que ela está mentindo, não, mas são as coisas que eu vejo", questionou.
Branco seguiu comentando, dessa vez sugerindo relação entre a denúncia e as eleições do clube, novamente pedindo apuração.
"Se você tomar conhecimento de algo que acontece com um irmão seu, você vai tomar providência, vai levar para a sua mãe, seu pai. Segurar esse tempo todo e só vem agora, perto da eleição... Tem que apurar para ver", comentou.
Advogado sugere outras possíveis motivações
Ao ler parte do depoimento da adolescente presente no Boletim de Ocorrência (B.O), onde é relatado como o assédio ocorreu, Branco levanta hipótese do que Errisson poderia ter feito com a jovem e sugere outras possíveis motivações para a denúncia, chegando a sugerir que a vítima seja ouvida pelo atendimento psicossocial. A ideia, segundo ele, é averiguar possíveis traumas ou questões familiares envolvidas, mas destacando que o relatado pode sim ter ocorrido.
"São fatos um pouco desconexos. Porque se ele queria alguma coisa com ela, ele ia pegar no peito e bolinar ela. Eu preciso que essa menina seja ouvida, por um pessoal de psicossocial, não sei se ela tem algum trauma. Relato de menor sempre é complexo. Tem que se aprofundar nisso, para saber se ela tem alguma mágoa dele, se fez por raiva, já que tem laço de parentesco. Estou dizendo pela vivência. Mas pode ser tudo isso que ela está dizendo, sim. Pode ser outra causa que levou a isso também", sugere.
Ainda comentando a denúncia, Branco compara com os casos envolvendo o suposto médium curandeiro João de Deus, condenado a 44 anos de prisão por estupro de quatro mulheres, e o ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão pelos crimes de estupro e atentado violento ao pudor contra pacientes. Além disso, Branco relata ter tomado conhecimento de comentários da jovem em publicações nas redes sociais, ao que ele diz ser de teor "feminista".
"Quando aparece essas coisas na imprensa, começa a aparecer 200 pessoas falando, umas falam a verdade, outras não. Como aconteceu com João de Deus, que era verdade, com aquele médico também, que era verdade. Mas tudo é delicado e tem que ser apurado, saber se essa menor não fez isso por interesse financeiro. Tomei conhecimento também de uns comentários dela em postagens do Diario de Pernambuco, como sendo feminista, parece que tem esse lado aí, entende?", afirmou.