Alberto Dualib, presidente do Corinthians de 1993 a 2007, morre aos 101 anos
A causa da morte não foi divulgada
Presidente do Corinthians de 1993 a 2007, Alberto Dualib, 101, morreu nesta terça (13), no Hospital Santa Catarina, em São Paulo, onde estava internado desde meados de junho. A causa da morte não foi divulgada.
Ao longo dos 14 anos em que comandou o clube do Parque São Jorge, Dualib colecionou títulos, mas também uma série de polêmicas. Ele, inclusive, admitia ter ficado muito tempo à frente do clube. "Pode ser bom, mas desgasta e envelhece."
De fato, o desgaste se tornou insustentável em 2007, quando ele renunciou à presidência em meio a um processo de impeachment, sob denúncias de má gestão, enriquecimento ilícito e sonegação fiscal.
Nascido no Glicério, cidade no interior de São Paulo, mudou-se para a capital aos 10 anos e se tornou sócio do Corinthians alguns anos depois.
No auge das investigações contra ele, para não ser excluído do quadro de associados, ele entregou ao Conselho Deliberativo uma carta formalizando seu desligamento do clube por vontade própria, em 2008.
"Diante das constantes e ilegais invasões à minha privacidade, diante de tantas inverdades [...], diante dos insistentes e legítimos pedidos de minha família, entrego meu pedido", escreveu, citando sua extensa biografia: "88 anos de idade, 61 anos como associado, 47 anos como dirigente, conselheiro benemérito e 14 anos como o mais vitorioso presidente".
Leia também
• Ex-embaixador Flecha de Lima morre aos 88 anos em SP
• Corinthians solicita retorno do atacante Marquinhos
• Sport visita o Corinthians para se recuperar na Série A
Sob a presidência dele, entre outros títulos, o time ganhou cinco Paulistas, duas Copas do Brasil, três Brasileiros e um Mundial. O último de todos os troféus custaria seu cargo. O Brasileiro de 2005 foi conquistado durante a parceria com a MSI (Media Sports Investments), fundo de investimentos com base em Londres que colocou no clube dinheiro tido como obscuro e jogadores como Carlos Tevez e Mascherano.
O Ministério Público paulista chegou a divulgar um relatório com a conclusão de que a operação da MSI no Corinthians lavava dinheiro.
A relação com o fundo, presidido pelo iraniano Kia Joorabchian, ficou ruim, e Dualib se viu isolado. Os craques foram embora, o apoio de várias alas políticas do clube também e o resultado acabou sendo a renúncia.
Em dezembro de 2019, quando completou 100 anos, um grupo de conselheiros fez um pedido para o ex-dirigente reaver seu o título de sócio. Na ocasião, o presidente do conselho deliberativo, Antonio Goulart dos Reis, disse que a volta de Dualib ao quadro de sócios deveria partir da diretoria.
À época, o clube era presidido por Andrés Sanchez, que estava em seu segundo mandato (2018 a 2021). Antes, ele havia assumido o Corinthians pela primeira vez em 2007, encabeçando a chapa Renovação e Transparência, justamente a responsável por tirar Dualib, de quem Sanchez foi diretor, do poder.
Enquanto aguardava o título de volta, ele comemorou seu centenário em um jantar com figuras da política corintiana, como o próprio Andrés Sanchez, além de ex-jogadores como Vampeta e Marcelinho Carioca, de quem ele jurava ter pagado a contratação do próprio bolso, no fim da temporada de 1993.
Na ocasião, o ex-mandatário ganhou de presente uma placa de agradecimento pelos serviços prestados ao Corinthians.
Um dia antes do jantar, ele recebeu a reportagem do jornal Folha de S.Paulo no apartamento onde morava, na Vila Madalena, e gostou de conversar sobre a possibilidade de ter sua carteirinha de volta. "É bom falar, quem sabe eles não se convencem e mandam [a carteira de sócio]?".
Ele consta no quadro de membros do CORI (Conselho de Orientação) do Corinthians, um órgão consultivo dentro do clube e que orienta decisões da diretoria e também do conselho deliberativo, que é presidido por Ademir De Carvalho Benedito.
Mesmo antes de voltar ao quadro de sócios, ele mantinha viva sua ligação com o clube, mesmo que à distância. Era de uma poltrona branca, no centro da sala do apartamento em que morava sozinho desde a morte da mulher, Elvira, há dez anos, que ele acompanhou religiosamente os jogos da equipe, para a qual dedicou boa parte de sua vida.
O dirigente deixa três filhos.