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Ameaçada, NBA chega à Disney com desafios para completar temporada

Adam Silver, comissário da NBA, já admite que uma segunda onda na Flórida pode paralisar jogos novamente

Adam Silver é comissário da NBAAdam Silver é comissário da NBA - Foto: Reprodução/Wikipedia

A NBA vive uma semana importante para sua tentativa de reiniciar a temporada 2019/20, interrompida em março pela pandemia do novo coronavírus. As equipes estão chegando desde terça-feira (7) a Orlando, no estado da Flórida, onde a liga norte-americana de basquete pretende realizar o restante do campeonato, sem público.

O desembarque das delegações na "bolha", como tem sido chamado o espaço destinado a elas no complexo da Disney, ocorre em um momento crítico. Há preocupação com os resultados positivos em testes para a Covid-19 realizados nos atletas e também com a explosão no número de casos registrados na região.

Após um movimento desastrado de reabertura econômica, com bares, restaurantes e praias lotados, a Flórida vem sucessivamente batendo recordes negativos. Só no último sábado (4), foram registrados 11.458 novos casos de pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 no estado, que tem consistentemente superado a marca diária de 10 mil.

Apesar disso, o principal dirigente da NBA, Adam Silver, procurou demonstrar confiança na eficácia da "bolha". Quando a situação da Flórida começou a se deteriorar de maneira mais aguda, no fim de junho, o comissário afirmou que as restrições à movimentação de pessoas no complexo da Disney eram suficientes para estabelecerem um bom nível de segurança.

"Não podemos ultrapassar o vírus. Vamos conviver com ele por um tempo, e foi por isso que desenhamos o campus como fizemos. Embora ele não seja impermeável, estamos essencialmente protegidos dos casos ao redor, ao menos é esse o modelo. Por essas razões, estamos bastante confortáveis em Orlando", disse Silver.

Nesta semana, no entanto, ele adotou um tom mais cauteloso. E admitiu que uma nova onda de atletas infectados já dentro da Disney poderia causar mais uma interrupção na temporada.

O problema com o novo coronavírus, claro, não está restrito à Flórida. Os Estados Unidos lideram mundialmente em número de casos de Covid-19 e em mortes pela doença, espalhada por todo o seu território. Na última semana, Denver Nuggets, Miami Heat, Brooklyn Nets, Los Angeles Clippers, Sacramento Kings e Milwaukee Bucks fecharam seus centros de treinamento após testes com resultado positivo.

Na atualização mais recente divulgada pela liga, na semana passada, 25 dos 351 jogadores testados haviam recebido o diagnóstico de infecção pelo coronavírus. Entre os funcionários das equipes, 10 dos 884 testados tiveram esse resultado. Todos passaram ou passam por um protocolo de isolamento, que será mantido com os infectados dentro da "bolha".

Pelo calendário estabelecido, os treinamentos terão início nesta quinta-feira (9). Há uma programação de jogos-treinos entre os dias 22 e 28 de julho. Quando a temporada for de fato reiniciada, cada um dos 22 times que se qualificaram (os outros oito, sem chances de classificação, não foram chamados a Orlando) disputará oito partidas, entre 30 de julho e 14 de agosto.

Definidas as 16 equipes sobreviventes, começarão os mata-matas entre as oito melhores da Conferência Oeste e as oito melhores da Conferência Leste. A data prevista para o último jogo possível da final melhor de sete é 13 de outubro, mas, ainda com muitos obstáculos no caminho, nem todos estão otimistas no cumprimento desse cronograma.

"Não estou muito confiante. Vamos ver", disse o ala Brandon Ingram, 22, do New Orleans Pelicans.

"Há informação nova a cada dia. Então, se alguém está convicto de qualquer coisa neste momento, acho que está cometendo um erro. Precisamos entender os riscos de maneira inteligente, administrar esses riscos em relação aos potenciais resultados e seguir a partir daí", afirmou o gerente-geral do Houston Rockets, Daryl Morey.

Mesmo que tudo corra da melhor maneira, a sequência da NBA não terá elenco completo. Além das oito equipes fora da disputa, houve atletas dos times classificados que preferiram não entrar na "bolha".

Foi o caso, por exemplo, de Avery Bradley, 29, peça-chave na defesa do Los Angeles Lakers, líder do Oeste. O armador tem um filho de seis anos, Liam, com um histórico de problemas respiratórios. Como o garoto não seria liberado para acompanhar o pai, o jogador preferiu abrir mão da chance de título para não ficar longe dele por um período de até três meses.

Já o ala Rudy Gay, 33, do San Antonio Spurs, teve dificuldade para explicar ao filho Clinton, também de seis anos, por que a família não está fazendo sua anual visita à Disney. Ele precisou falar ao garoto que vai sozinho e quer lhe trazer apenas um presente: "Um pai saudável".

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