Apesar da vitória, Seleção comete muitos erros e Diniz demora a fazer o que mais sabe, ousar
Saldo em data Fifa é positivo após dois resultados positivos e boas impressões
A segunda apresentação da seleção brasileira sob o comando de Fernando Diniz parecia caminhar para um jogo frustrante, com problemas, mas a bola parada e o gol de Marquinhos premiaram a insistência e as mudanças do técnico contra o Peru, mesmo que tardias. A rara jogada pela ponta esquerda, nos pés de Martinelli, que entrou no fim, resultou em escanteio que Neymar cobrou com perfeição na cabeça do zagueiro para anotar o 1 a 0 em Lima.
O jeito foi jogar pelo alto diante de erros progressivos nas jogadas pelo chão. O Brasil ainda enfrentou a demora da intervenção do VAR duas vezes, e teve dois gols anulados. O resultado deixa a seleção com 100% de aproveitamento — seis pontos em dois jogos —, na liderança das Eliminatórias pelo saldo de gols. Em outubro, Diniz terá a chance de buscar a evolução do jogo, contra Venezuela (dia 12, em Cuiabá) e Uruguai (dia 17, em Montevidéu).
Preocupado em repetir o time para consolidar seus conceitos, o treinador acabou não encontrando soluções coletivas para furar o competente boqueio adversário. A sucessão de jogadas improvisadas de um talentoso ataque brasileiro por pouco não foi suficiente para chegar à vitória.
Depois dos dois gols anulados, de Raphinha e Richarlison, a seleção levou perigo com Neymar, ainda no primeiro tempo, mas na etapa final caiu bastante de produção e quase não finalizou. Houve excesso de erros de vários jogadores e a perda gradativa da consistência de equipe. Algo até natural para um início de trabalho. Diniz se deu conta de tudo, mas demorou a mexer e a ousar, algo que se esperava dele.
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O que levou à queda
A diferença do nível de adversário ajudou a causar certa frustração, o que pode se repetir na próxima data Fifa. Contra a Bolívia, o Brasil conseguiu 11 finalizações e quase 70% de posse de bola no primeiro tempo, quando abriu o placar. Dessa vez, houve mais dificuldades. Apenas três finalizações, dois gols anulados, e 57% de posse. O maior problema além da demora do VAR e da falta de sorte foi a saída de bola. Ainda houve certa lentidão na transição.
Do meio para frente, o Brasil conseguiu trocar passes, gerar aproximações e inversões para confundir a defesa do Peru, que se manteve bem postado e sem dar espaço. Era justamente essa dificuldade de atrair os peruanos até a linha de defesa que impedia a possibilidade de um jogo mais vertical em determinados momentos. Mesmo com Raphinha e Rodrygo, houve pouco apoio dos laterais, pela falta de profundidade.
O cenário obrigou a seleção a se movimentar na frente da área, sobretudo do lado direito, e tentar obter superioridade numérica entre dribles e tabelas. A estratégia não era suficiente. No segundo tempo, o predomínio não continuou e o Brasil chegou a viver momentos de desconforto e ameaça. O gol, no fim, foi um alívio. E como saldo da data Fifa fica a sensação de que as boas impressões prevalecem em meio a dois resultados positivos e sinais de que há grande possibilidade de evolução.