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Santa Cruz

Apresentado no Santa, Martelotte mira repetir 2015: 'É referência'

Cinco anos depois de levar o Tricolor à Primeira Divisão, treinador volta e substitui Itamar Schülle

Marcelo Martelotte está de volta ao Santa CruzMarcelo Martelotte está de volta ao Santa Cruz - Foto: Rafael Melo/Santa Cruz

Anunciado na terça-feira (8) como novo técnico do Santa Cruz, Marcelo Martelotte foi apresentado oficialmente na manhã desta quarta. O treinador assume a Cobra Coral pela quarta vez, desta vez com o desafio de dar sequência ao trabalho estável do seu antecessor, Itamar Schülle, e conduzir o time rumo à Série B.  

Caso a missão seja bem-sucedida, não será a primeira vez que Martelotte sobe de divisão no comando do Santa. Em 2015, foi um dos responsáveis pela campanha memorável na Segundona, em que os tricolores foram vice-campeões. Segundo ele, é possível reaplicar o modelo de jogo daquele time. 

“Eu não tenho um esquema de jogo fixo na cabeça. Acho que a gente pode se adaptar à melhor característica do nosso elenco. Mas é lógico que o time de 2015 é uma referência, não só pelo resultado que alcançou no final da competição, mas pelo futebol que mostrou e pelo momento que viveu, principalmente na reta final da Série B com vitórias consecutivas e um futebol alegre, um time que fazia muitos gols e que chamava atenção por isso. Eu espero que, se possível, repetir novamente, principalmente essa característica de jogo que o torcedor gosta e no meu pensamento é a maneira mais simples de se chegar aos resultados que a gente busca”, falou.

Embora parte do elenco tricolor esteja nas mãos de Martelotte pela primeira vez, Danny Morais, Bileu e William Alves resgatam boas memórias das suas passagens anteriores.” O Danny e o Bileu fizeram parte daquele grupo vencedor em 2015, o William foi peça fundamental em 2013, na conquista do Campeonato Pernambucano. Então são jogadores que eu sei e conheço o potencial. É um grupo competente, são jogadores de qualidade, e a gente fica satisfeito por trabalhar com esse nível de jogadores. Espero que a gente possa trazer um algo mais, ainda melhorá-los no sentido de estarem no seu auge, no momento que a competição tá se desenrolando e a gente tem objetivos ainda maiores”, afirmou.

A confirmação da vinda de Martelotte ocorreu pouco tempo depois que o Santa divulgou a rescisão do contrato com Schülle, o que surpreendeu pela agilidade da diretoria diante de uma ruptura inesperada. A relação de longa data entre o treinador e Nei Pandolfo, executivo de futebol coral, facilitou o acordo rápido. 

“Na verdade, até pelo fato de eu conhecer bem o clube, trabalhar todas as outras vezes aqui com Tininho, conhecer o Nei há muito tempo, acho que esse contato foi mais fácil, mais rápido. A gente juntou a necessidade e a vontade do clube com a minha vontade também de voltar. Eu acho que isso tudo facilitou a negociação, que a gente fechasse o quanto antes, até pra manter o trabalho que Itamar vinha fazendo, que é um trabalho de qualidade, deu resultados, traz hoje o Santa Cruz à essa posição na classificação e que a gente espera, à nossa maneira, levar o clube ainda a uma condição melhor e buscar esse acesso que é o sonho de todos nós e todos os torcedores tricolores”, apontou.

O primeiro compromisso de Marcelo Martelotte na área técnica será no próximo domingo (13), quando o Santa recebe o Remo, pela sexta rodada da Série C.

Confira outras pautas da apresentação

Pausa no futebol
Já é a minha quarta passagem minha no Santa como técnico, então é muita história, muitas alegrias. A passagem em 2017 não foi a mais feliz, culminou no rebaixamento, e justamente pra reverter essa imagem e levar o Santa Cruz à Serie B, a condição que eu encontrei, que eu tô de volta. De lá pra cá eu trabalhei pouco, trabalhei no Taubaté, na Série A2 (2ª divisão do Paulistão), que é o time da minha cidade lá em São Paulo. Eu fiquei praticamente um ano e meio parado por uma questão pessoal, problema de saúde da minha esposa. Mas parado no futebol sempre estudando, me preparando pra voltar melhor. Essa é a oportunidade e o momento que a gente pra mostrar toda a vontade que a gente tem, o conhecimento que a gente tem, e colocar isso em prática porque a gente sabe o quanto é importante pro Santa Cruz essa competição e o acesso que a gente vai buscar.

Mais responsabilidade
Não só o fato de ele ter saído pra outro clube, mas principalmente a campanha. Hoje é difícil você ver um clube trocando de treinador e estar na posição em que o Santa Cruz está. É lógico que é uma responsabilidade maior, isso também traz a certeza que a gente tem um grupo qualificado e que vai brigar pelos primeiros lugares, vai brigar pelo acesso. Essa é a certeza que a gente tem, que qualidade nós temos aqui e o trabalho tem que ser feito pra evoluir ainda mais, sempre uma responsabilidade muito grande. 

Nei Pandolfo
A gente jogou muito tempo no Bragantino. É importante a gente lembrar, tanto ele, eu e o Júnior (Cordel), que é o meu auxiliar. A gente fez parte da equipe mais vencedora da história do Bragantino. Esse mês fez 30 anos da conquista do Campeonato Paulista, em 1990, que foi uma conquista inédita no clube. A gente fez parte daquele elenco que foi vice-campeão brasileiro também, então como jogadores a gente tem exemplo que um grupo pode ser formado e se fortalecer. E esse exemplo a gente trouxe pra sequência da nossa carreira. Nós trabalhamos juntos novamente no Santos, em 2011, mais uma passagem vencedora lá. Ele (Nei Pandolfo) como executivo, eu como auxiliar técnico do clube. Tivemos a conquista da Libertadores, então tenho certeza que essas experiências positivas que tivemos juntos, além das experiências que tivemos dentro do futebol, a gente traz pra esse momento. É certo que a gente pode acrescentar muito ao trabalho no Santa Cruz, justamente pelo que a gente viveu até agora. 

Jogos sem torcida
A minha, com certeza, não tá acostumado com essa nova realidade, mas os jogadores já estão convivendo há algum tempo com isso. Tenho certeza que já estão mais adaptados a esse novo normal, que, dentro do futebol, é jogar sem torcida. Mas a gente espera que isso seja revertido o quanto antes, dentro de uma segurança, de um momento que haja possibilidade da volta do torcedor. Porque a gente sabe o quanto o torcedor é importante pro Santa Cruz. Já vivi aqui desde 1993, há 27 anos na minha primeira passagem como atleta, e sempre conquistando e vendo a importância que a torcida tem nessas conquistas. Então a gente espera contar com essa ajuda fundamental o quanto antes, mas enquanto não pode, tenho certeza que o torcedor está mandando sua energia positiva pros jogadores e tá satisfeito pelo trabalho que tem sido feito. Espero que a gente  possa dar ainda mais alegrias a essa torcida que deve estar sentindo muita falta de poder vir aos jogos, como a gente está sentindo falta deles. Nesse sentido é a competição mais difícil da história do Santa Cruz, você entrar em um campeonato que a sua torcida é o ponto fortíssimo e não poder contar com ela no estádio, mas esperamos superar isso e poder dar alegria ao torcedor mesmo com ele ausente no Arruda.

Novo regulamento 
Acho positivo, é muito injusto jogar em uma fase mais longa de 18 jogos, se classificar, por exemplo, em 1º lugar do grupo e, depois, enfrentar o 4º colocado - que muitas vezes acabou em uma diferença de pontos grande - e em dois, muitas vezes em um jogo ruim, você acaba perdendo a oportunidade do acesso e a chance de disputar o título. Agora fica mais justo com grupos, seis jogos definindo a classificação. Às vezes você tem um dia ruim mas pode recuperar. Acho mais justo, eu gosto mais dessa maneira, apesar que, como eu falei, sempre nos mata-mata o Santa Cruz teve o apoio do torcedor e fez disso sempre uma arma, mas eu tenho certeza que, com esse formato, a gente vai ter uma condição ainda melhor de brigar pelos nossos objetivos.

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