Árbitro Igor Benevenuto se declara homossexual: "Até hoje, nunca havia sido eu de verdade"
Em podcast, juiz falou sobre como a arbitragem foi um caminho para escapar da homofobia quando jovem
O árbitro Igor Benevenuto se declarou homossexual ao podcast do GE ‘Nos armários dos Vestiários’. Igor se tornou o primeiro juiz do quadro da FIFA a se declarar homossexual. Em depoimento sobre a declaração, Benevenuto explicou que se tornou árbitro para fugir da homofobia.
“Para sobreviver na rodinha de moleques que viviam no terrão jogando bola, montei um personagem, uma versão engessada de mim. Futebol era coisa de 'homem', e desde cedo eu já sabia que era gay. Não havia lugar mais perfeito para esconder a minha sexualidade”, comentou.
“Passei minha vida sacrificando o que sou para me proteger da violência física e emocional da homofobia. E fui parar em um dos espaços mais hostis para um homossexual. Era por saber disso que eu odiava o futebol”, completou.
Igor contou que era uma tortura ir aos estádios arrastados pelos familiares, mas “interpretava o papel”. Foi durante a Copa de 94 que ele viu a possibilidade de ser árbitro e mudar sua relação com o futebol.
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“A Copa do Mundo de 94 foi um estalo para mim. Foi o primeiro campeonato que parei para assistir, por obrigação, é claro. Brasil x Rússia, olhei a televisão e me interessei imediatamente e exclusivamente pela figura diferente que estava em campo: o árbitro. Foi justamente naquele ano que a Fifa aprovou a mudança dos uniformes dos juízes para o Mundial dos Estados Unidos. O preto deu lugar a cores vibrantes — camisas prateadas, amarelas e rosa. Fiquei enfeitiçado pelo combo — as cores e o cara que controlava tudo”, disse.
“No dia seguinte, na pelada com os meninos, avisei que não iria mais jogar. Queria comandar a partida, e foi assim que comecei a apitar e ressignificar minha relação com o futebol”, completou.
Hoje, o mineiro que dedicou 23 dos seus 41 anos à arbitragem, já sofreu com a homofobia dentro de campo. “Jogadores e técnicos jamais me ofenderam. Isso partiu todas as vezes de dirigente e torcida”. O juiz sempre relatou na súmula esses acontecimentos e espera que com sua declaração, possa dar um passo à frente.
“Meu nome é Igor Junio Benevenuto de Oliveira. Sou árbitro de futebol. Não serei o Igor personagem, serei somente o Igor, homem, gay, que respeita as pessoas e suas escolhas.” declarou.