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Manny Pacquiao

Astro filipino Manny Pacquiao anuncia aposentadoria do boxe e sonha com presidência

"É difícil aceitar que meu tempo como boxeador terminou", afirmou, em um vídeo divulgado no Twitter

Manny PacquiaoManny Pacquiao - Foto: AFP

Lenda do boxe e campeão mundial em oito categorias, o filipino Manny Pacquiao anunciou nesta quarta-feira (29) que aposentou as luvas, o que chamou de "decisão mais difícil" de sua vida após 25 anos de carreira de grande sucesso.

O pugilista e senador, de 42 anos, sonha com uma candidatura à presidência para suceder ao atual chefe de Estado, Rodrigo Duterte, nas eleições de 2022.

"É difícil aceitar que meu tempo como boxeador terminou", afirmou, em um vídeo divulgado no Twitter que rapidamente viralizou nas redes sociais. 

"Hoje anuncio minha aposentadoria", completou.

Campeão do mundo em oito divisões distintas, seis delas entre as federações mais importantes do boxe, o astro dos ringues fez o anúncio poucas semanas depois de perder seu último combate profissional, para o cubano Yordenis Ugas, em Las Vegas.

Pacquiao revelou na semana passada seu desejo de ser presidente das Filipinas, país do Sudeste Asiático. Ele entrou para a política em 2010, como deputado, antes de ser eleito senador.

O astro, pai de cinco filhos, agradeceu aos milhões de fãs em todo mundo. Fez uma menção especial a Freddie Roach, seu treinador há muitos anos, a quem descreveu como sua "família, um irmão e um amigo".

"Ele vai se tornar uma lenda não apenas do boxe, mas do mundo esportivo", disse à AFP Ted Lerner, um jornalista esportivo de origem americana que trabalha nas Filipinas.

"No futuro (...), seu nome vai ser meio que sinônimo de grandeza, no nível do (jogador de basquete) Michael Jordan, ou de pessoas que transcenderam o esporte e se tornaram lendas", acrescenta o comentarista.

O último gongo

No vídeo, Pacquiao afirma que o boxe deu a ele "a oportunidade de lutar para sair da pobreza e a coragem para mudar mais vidas".

"Nunca esquecerei do que fiz e conquistei em minha vida. Não consigo imaginar que acabei de ouvir o último gongo", disse Pacquiao, considerado um dos melhores pugilistas da história.

Ele anunciou a aposentadoria em 2016, mas voltou atrás em suana decisão pouco depois.

Manny Pacquiao é um ídolo para muitos nas Filipinas, tanto pela potência de seus socos quanto por sua ascensão da miséria ao topo do boxe mundial.

O pugilista deixou a escola aos 14 anos para vender comida na beira de uma estrada, antes de trabalhar em um supermercado para ajudar a mãe e os dois irmãos mais novos.

Em paralelo, ele praticava boxe. Vários anos se passaram até que o pugilista canhoto se tornasse um profissional dos ringues.

O anúncio da aposentadoria foi recebido com sentimentos mistos em sua cidade natal, General Santos, sul do arquipélago, onde Pacquiao é o ídolo absoluto.

"Estou feliz e triste ao mesmo tempo", declarou à AFP Ana Rodríguez, de 24 anos.

"Estou feliz, porque ele vai poder passar mais tempo com sua família, mas também estou triste porque ele não vai mais provocar o sentimento de orgulho a General Santos", completou. 

Pacquiao também acumula muitos críticos, por seu apoio à violenta guerra de Rodrigo Duterte contra as drogas, assim como por suas opiniões homofóbicas.

Em seus discursos, ele promete enfrentar a pobreza e a corrupção para atrair os eleitores com sua história de superação pessoal.

Depois de dois mandatos como deputado e um como senador, as ambições políticas de Pacquiao são realistas, mas ele não tem a vitória assegurada.

Muitos fãs consideram Pacquiao um exemplo vivo de que o sucesso é possível para qualquer um que trabalhe duro, independentemente da origem social.

Os críticos destacam, no entanto, que ele abandonou o ensino médio e não tem formação intelectual, além de se ausentar do Senado. Este conjunto de elementos levanta dúvidas sobre sua capacidade de governar um país de 110 milhões de habitantes.

A menos de um ano das eleições, Pacquiao arriscou seu capital político ao aparecer ao lado do presidente Duterte, que o citou como um possível sucessor.

O apoio à guerra do atual Executivo contra as drogas também pode ser um elemento complicador. Esta política é apontada pelos defensores dos direitos humanos como responsável pela morte de dezenas de milhares de pessoas - homens pobres em sua maioria - e estão sendo investigada pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).

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