RACISMO

Atleta de handebol do Sport é vítima de racismo em quadra; clube cobra respostas

Entre os xingamentos, Iza disse ter ouvido adversária dizer "essa gente que fede a macaco"

Um boletim de ocorrência foi feito junto à polícia para investigar o casoUm boletim de ocorrência foi feito junto à polícia para investigar o caso - Foto: Divulgação/Sport

A atleta Iza, peça do time de handebol do Sport, disse ter sido vítima de racismo dentro de quadra quando enfrentou a equipe ProHand/HandBoa, em Natal, na última sexta-feira (8). O jogo aconteceu pela competição Brazil Master Cup e o Leão foi superior, vencendo por 14 a 12.

A jogadora de 35 anos, em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco, disse que o jogo teve os primeiros instantes acirrados, mas a sua preocupação com o desempenho logo foi tomada por fatores que fogem do esporte. Foi aí que ela se deu conta de que estava sendo vítima de racismo.

“Começou bastante disputado entre as equipes. Após algumas tentativas de me intimidar com frases que questionavam minha honra dentro da quadra, uma participante da equipe adversária proferiu que eu era ‘mau caráter profissional’ e continuou o insulto com ‘essa gente que fede a macaco’. Questionei à arbitragem da partida, se ela ouviu, alertando sobre o que aconteceu e fui correspondida com o sinal positivo da árbitra”, iniciou.

No intervalo do jogo, outra vez ela foi até a arbitragem da partida buscando apoio. Mas novamente só teve a resposta de que o caso foi percebido. “Ao término do primeiro tempo do jogo, fui novamente até a árbitra citada, que me disse de novo que ouviu”, enfatizou.

Com o apito final, ela imaginava que o momento de alguma ação havia chegado, mas não.

Na companhia da treinadora rubro-negra, Iza chegou a pedir que o caso fosse registrado na súmula do jogo. Em vão.

“Me controlei. Joguei e a minha equipe ganhou o jogo, mas ele acabou e não houve uma movimentação efetiva da arbitragem contra a racista. Me dirigi ao delegado da partida acompanhada pela treinadora para relatar na súmula do jogo o ocorrido e nos foi negado. Fomos orientadas a procurar o organizador do evento e assim fizemos”, disse.

Apesar do contato, a resolução do episódio seguiu em segundo plano.

“A diretoria do Sport e eu fomos questionadas a todo tempo sobre o relato não ter sido feito diretamente à arbitragem do jogo, durante o jogo, mas em momento algum o crime foi priorizado”, garantiu, revelando que também levou o caso à polícia

“Foi aberto um boletim de ocorrência online contra a participante da equipe adversária e entregue ao Brazil Master Cup juntamente com um ofício, em nome da equipe do Sport, para um posicionamento do evento que terminou desde o dia 10 e ainda não obtivemos respostas diretas”, enfatizou.

O que diz a ProHand/HandBoa
Nas redes sociais, a equipe ProHand/HandBoa publicou uma nota de repúdio sobre o caso. Nela, disse “acreditar no empoderamento feminino, inclusive, através do esporte” e que “continuará aberta para qualquer ação necessária de endereçamento dessas pautas, que já não podem ser silenciadas”. Confira o comunicado na íntegra abaixo.

Comunicado a respeito do caso de racismo envolvendo uma jogadora do Sport | Foto: Reprodução

O que diz o Sport
Em nota, o Leão da Ilha confirmou o envio do ofício para os organizadores do evento e disse que “está prestando assessoria e suporte jurídico à atleta”.

O que diz o Brazil Master Cup
A reportagem entrou em contato com o Brazil Master Cup, pedindo posicionamento sobre o ocorrido, mas até o momento não foi respondida.

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