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Esportes

Atletas aproveitam pandemia para expurgar dores antigas

Tempo sem competições serviu para a recuperação das lesões de diversos atletas

Arthur Nory e Caio Souza comemoram conquistas no PanArthur Nory e Caio Souza comemoram conquistas no Pan - Foto: Ricardo Buffolin/CBG

Com a suspensão de competições esportivas e o adiamento dos Jogos de Tóquio para 2021 por causa da pandemia de Covid-19, atletas aproveitaram a quarentena para encarar cirurgias e se livrar de lesões ou dores crônicas. A levantadora Roberta, 30, que defende o Osasco (SP) e costuma ser convocada para a seleção brasileira de vôlei, aproveitou o encerramento precoce da Superliga e a ausência de calendário internacional para se livrar de dores no pé direito.


O ginasta Arthur Nory, 26, medalhista olímpico em 2016 e campeão mundial no ano passado, passou por uma cirurgia no ombro esquerdo. Já o tenista João Menezes, 23, classificado para Tóquio pelo título nos Jogos Pan-Americanos de 2019, se submeteu a tratamento para amenizar os efeitos de uma tendinite na mão direita.


Na temporada de 2017/2018, Roberta, então atleta do Rio de Janeiro, foi diagnosticada com uma fascite plantar no pé direito (inflamação no tecido entre o calcanhar e os dedos). "Tive picos de dor, a ponto de não conseguir pisar no chão", ela recorda. "Com o tempo, não sabia se havia melhorado ou aprendido a lidar com aquela dor."


O problema, que parecia superado, voltou a incomodar em 2019, atingindo principalmente o dedão. A atleta fez fisioterapia e encomendou palmilha especial para seus calçados, mas temia um diagnostico de cirurgia a poucos meses da Olimpíada de Tóquio. Em abril, ela procurou por um médico em São Paulo e, após ressonância e novos exames, descobriu que aquela inflamação na planta do pé direito havia evoluído para uma ruptura parcial no tecido entre o calcanhar e os dedos. Também estava com um joanete (inchaço ósseo) no dedão.


"Isso vinha me atrapalhando e me limitava muito como levantadora, não conseguia atingir 100% no treino ou no jogo", diz Roberta. A princípio, o médico não descartou uma cirurgia. O procedimento, embora simples, exigiria uma recuperação de dois meses sem pisar no chão, o que deixou a levantadora atordoada. "Tenho medo de tomar anestesia e ficar apagada, imaginei um milhão de coisas", conta.


Com a necessidade da intervenção afastada, ela deu início ao tratamento em meados de maio, com fisioterapia e onda de choque, aparelho que é aplicado sobre a área da lesão e ajuda a cicatrizá-la. Nesse período, Roberta aproveitou para curtir a família em Curitiba, principalmente as sobrinhas Débora, 4, e Gabriele, 1 ano e quatro meses, e ler o livro que desejava: "O Poder do Hábito", de Charles Duhigg. Também comemorou o fato de renovar contrato com o Osasco em um momento de incertezas do vôlei nacional, com várias equipes em crise antes mesmo dos reflexos da pandemia da Covid-19.


O tenista João Menezes voltou a treinar no mês passado, em Santa Catarina, e logo sofreu com dores na mão direita por conta de uma tendinite. Com o adiamento dos torneios de tênis, o problema não impactou sua preparação. "Lesionei devido ao tempo parado, mas agora já estou curado", diz. A volta do circuito internacional está prevista para o meio de agosto. Atualmente, ele é o 185º colocado no ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais).


"Acredito que quem souber fazer a melhor preparação até a retomada do esporte ou até mesmo quem tiver melhores condições de treinamento vai conseguir fazer da pandemia uma coisa positiva", afirma Menezes. O nadador Guilherme Pereira da Costa, 21, conhecido como Cachorrão, que ainda persegue a sua vaga nos Jogos de Tóquio-2020, estava sendo incomodado por uma dor de dente no período que antecederia a classificação olímpica do Brasil, prevista para abril.

Com o adiamento dos eventos, ele fez a cirurgia para a retirada de dois dentes do siso já em março. O atleta ficou uma semana sem poder fazer esforço físico, seja na academia ou na piscina, o que num momento normal poderia ter sido crucial para alguém que nada em média 100 quilômetros durante dez treinos por semana.


Cachorrão voltou a praticar no mês passado e está ansioso para brigar por sua vaga no ano que vem. "Eu estava muito bem no ano passado e tinha índices para três provas. Ganhando um ano a mais de preparação, é hora de brigar por coisas maiores do que já almejava", projeta o nadador do Minas Tênis Clube.

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