Fórmula 2

Banco do Brasil negocia patrocínio a Enzo Fittipaldi, da Fórmula 2

Valores do contrato podem chegar a R$ 8 milhões. Emerson, avô do jovem, é aliado do presidente Jair Bolsonaro

BB estampou sua marca no macacão, capacete e carro de Enzo Fittipaldi, da Fórmula 2BB estampou sua marca no macacão, capacete e carro de Enzo Fittipaldi, da Fórmula 2 - Foto: Reprodução / Enzo Fittipaldi / Instagram

O Banco do Brasil (BB) negocia um contrato de patrocínio com o piloto Enzo Fittipaldi, que disputa a Fórmula 2 pela equipe tcheca Charouz Racing Systema. O jovem automobilista é neto de Emerson Fittipaldi, bicampeão mundial da Fórmula 1 e apoiador do presidente Jair Bolsonaro. O valor do contrato, ainda em discussão, gira em torno de R$ 8 milhões, segundo pessoas envolvidas nas tratativas. Antes de fechar a ação de marketing, o BB estampou a sua marca no carro de corrida, no macacão, no boné e no capacete de Enzo, que divulgou uma foto na rede social na última quarta-feira.

Avô do jovem piloto da Fórmula 2, Emerson Fittipaldi é aliado de Bolsonaro desde a campanha presidencial em 2018, quando visitou o presidente no hospital em São Paulo durante a recuperação da facada no abdômen. Em março de 2020, numa churrascaria em Miami, nos Estados Unidos, os dois se reencontraram, e o bicampeão mundial fez um apelo ao lado de Bolsonaro:  “Estamos sem brasileiros na Fórmula 1, tem que ajudar essa molecada. O Brasil está cheio de talentos”.  O pedido foi gravado em um vídeo e divulgado nas redes sociais pelo deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente. Naquele momento, Bolsonaro criticava o fato de a Petrobras ter patrocinado a McLaren.

Em outubro de 2020, a Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania autorizou uma entidade sem fins lucrativos a captar, com renúncia fiscal, R$ 4,4 milhões para ajudar, àquela época, Enzo a disputar a Fórmula 3. Dois meses depois, em dezembro, uma associação também conseguiu a liberação para arrecadar junto ao setor privado R$ 4,9 milhões para bancar Pietro Fittipaldi, irmão de Enzo e hoje piloto de testes da equipe americana Haas na Fórmula 1.

Em janeiro de 2021, Pietro se reuniu em Brasília com Marcelo Magalhães, secretário especial do Esporte do Ministério da Cidadania e padrinho de casamento do senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente. Após esse encontro, o jovem piloto foi levado por Magalhães a um almoço com Bolsonaro no Palácio do Planalto.  “Nossa proposta é sempre receber todos os entes do esporte e procurar apoiar. O que a gente quer é cada vez mais ter pilotos do nível do Pietro, que vem de uma família tão tradicional no automobilismo”, disse o secretário Especial do Esporte em nota divulgada pelo governo.

O sobrenome Fittipaldi também teve um peso decisivo no apoio do BB a Enzo, que poderá se estender a Pietro na Fórmula 1, segundo pessoas envolvidas nas negociações. A ideia é que, além das pistas, a publicidade da marca do banco estatal seja ligada às redes sociais dos irmãos pilotos, numa estratégia para atrair o público jovem para a instituição financeira.

A Formula 2, categoria de acesso à Fórmula 1 e com baixa popularidade, tem 22 pilotos nesta temporada, sendo dois brasileiros: Enzo Fittipaldi e Felipe Drugovich. Em 2021, eram quatro pilotos brasileiros.

Entre 2012 e 2019, o BB patrocinou o piloto da Fórmula 1 Felipe Nasr, da equipe suíça Sauber. O contrato foi encerrado durante o processo de reestruturação do banco estatal para reduzir despesas e seguir à risca a cartilha liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes. Em abril de 2021, o comando da instituição financeira passou para as mãos de Fausto Ribeiro, que passou a ter uma gestão mais alinhada aos interesses do governo Bolsonaro

Procurada, a assessoria do Banco do Brasil disse em nota que não pode comentar detalhes do patrocínio negociado com Enzo Fittipladi por uma questão de "sigilo comercial", mas confirmou que as tratativas estão "em fase final para fechamento". Gugu da Cruz, pai do jovem piloto e responsável pelas negociações com o BB, negou que Emerson Fittipaldi tenha participação no processo do acordo publicitário. A reportagem tentou contato com Emerson, que mora fora do Brasil, por e-mail e rede social, além de telefonemas, mas não teve retorno. O Secretário Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, Marcelo Magalhães, não quis se manifestar.
 

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