CORPO

Bolhas, calos e unhas pretas: por que os pés dos atletas costumam ser feios? Especialista explica

Lebron James e Cristiano Ronaldo são alguns dos esportistas que chamam atenção pelas deformidades na parte do corpo

Foto: @bilanol/Freepik

As fotos dos pés de jogadores de futebol, e de outros esportes, volta e meia repercutem na internet. Cristiano Ronaldo foi um deles recentemente. No dia 18 de março, uma publicação do atacante português movimentou as redes sociais e um internauta comentou no X (antigo Twitter) que para "ser um dos maiores da história tem um preço mto alto que não vemos". No caso, ter um pé feio e as unhas pintadas de preto.

Unhas pretas (sem esmalte), dedos tortos e ossos protuberantes chamam a atenção por destoarem do formato e características considerados padrões desta parte do corpo. Apesar da estranheza, não é incomum os machucados e alterações desse tipo em atletas.

A podóloga esportiva Mariza Ferreira, que presta serviços para clubes como Botafogo e Fluminense, explicou mais detalhes sobre os fenômenos e por quais motivos os esportistas tendem a ter enfermidades nos pés.

— As unhas dos pés, em especial, além de possuir função protetora, contribuem para uma correta biomecânica do pé e, por este motivo, relacionam-se diretamente com as alterações da forma de andar e correr. Em alta temporada, o atleta é exposto ao máximo, para que o rendimento dele em quadra ou em campo seja satisfatório. Neste caso, pode ocorrer mais lesões tanto musculares, quanto podais — comentou a especialista.

Os pés de atletas como Dí Maria, Jesús Navas, Lebron James, Xabi Alonso e de Cristiano Ronaldo já causaram alvoroço nas redes sociais devido às deformidades expostas. Anos atrás, o astro o basquete americano chocou com a imagem dos dedos "encavalados". O mindinho esquerdo, por exemplo, não toca o chão.

No caso do campeão do mundo com a Argentina, o ponta chama a atenção para as unhas danificadas e encravadas. A mesma característica também vale para o ex-volante Xabi Alonso que, além disso, tem as unhas dos dedões menores e levemente apontadas para cima. Já Navas tem uma das unhas dos pés mais escura que as demais pelo uso contínuo de chuteira ou alguma lesão.

Especialistas explicam as lesões mais comuns
A podologia esportiva é a área especializada no estudo, prevenção e tratamento das principais doenças que acometem os pés dos atletas, sejam eles amadores ou profissionais de alto rendimento. Estes estão predispostos a sofrerem com micoses, unhas encravadas e onicólise (descolamento total ou parcial da unha) por causa das práticas esportivas.

Confira abaixo algum dos problemas destacados pela podóloga que estes atletas podem ter:

Hematoma subungueal: é o resultado de pequenos traumas repetitivos ou um trauma mais intenso. No caso dos atletas corredores é mais comum no quarto ou quinto dedo do pé, pois a unha sofre maior compressão.

Onicólise: ocorre quando a unha se desloca devido a um trauma ou atrito constante em geral quando a unha está grande. O trauma repetitivo gerado por práticas desportivas associado ao descolamento pode gerar também uma lesão da pele periungueal (pele acima da cutícula) e do leito ungueal (pele abaixo da unha) desencadeando infecções bacterianas além das fúngicas. Por isso de faz necessário a limpeza e cuidados preventivos).

Micose: é uma infecção ocasionada por fungos e costuma atingir unhas ou pele causando placas avermelhadas, coceira e descamação.

“Pé de Atleta”: ocorre devido ao uso prolongado de calçados fechados ou a permanência dos pés úmidos em sapatos fechados por muito tempo ou com muita frequência.

Tínea ungueal: ocorre devido ao uso frequente de sapatos fechados e traumas que fazem com que a unha perca sua função de proteção.

Unhas encravadas, calos e calosidades: surgem devido ao atrito e pressão que os pés sofrem durante a atividade física, especialmente se as unhas não forem cortadas corretamente, podem encravar e até infeccionar. No caso dos atletas de futebol , o cuidado precisa ser redobrado, pois geralmente os atletas usam um número a menos da chuteira para que o chute seja mais preciso. Neste caso acabam lesionando a unha com mais facilidade.

Bolhas: formada por um aumento de temperatura. Esse calor costuma acontecer através de um atrito excessivo, que pode acontecer entre os pés e meia ou com o tênis, chuteiras e até mesmo com o chão. Além de sapatos adequados, escolher as meias adequadas é importante para evitar bolhas. Meias que não se encaixam bem podem escorregar e causar fricção excessiva nos pés, afastando até mesmo o atleta de suas competições.

Além disso, outro fator importante para essa deformidade dos membros é a questão de calçados apertados e justos. Os atletas costumam buscar a sensação de "estarem descalços" e por isso optam por sapatos que tragam um melhor encaixe ao pé. O especialista em performance e personal trainer Cláudio Italo explicou mais sobre essa preferência.

— Esse fator é o que mais interfere, o calçado. Porque quanto mais justo, melhor a performance, gera a sensação de estar descalço. E anatomia do pé nem sempre encaixa perfeitamente com a anatomia do tênis e acaba que o tênis molda o pé, causando joanetes. Também tem a questão higiênica, porque suam nos pés, jogam na chuva, muitas meias e esparadrapos por cima e acaba causando frieira, micose, desgaste da pele e por aí vai — disse o especialista.

Por que os jogadores pintam as unhas?
De acordo com o jornal alemão Bild, atletas como Cristiano Ronaldo fazem o uso da cor escura para evitar a procriação de fungos e bactérias, pois pelo costume de usar chuteiras, as unhas podem acumular suor e ficarem escuras por dentro. No entanto, segundo a podóloga Mariza, "cientificamente falando, o esmalte escuro não ajuda no tratamento da micose. E nem em sua prevenção".

— Se a pessoa usa rotineiramente o esmalte escuro, ela acaba não percebendo o que está acontecendo nas unhas. Então é importante sempre observar o que está acontecendo na unha e o esmalte escuro, se usado continuamente, atrapalha a visualização — detalhou ela.

Mariza também explicou que o único esmalte usado para procedimentos neste tipo de caso são os com componentes antifúngicos, prescritos por médicos dermatologistas.

Tratamentos
O tempo de recuperação e os tratamentos costumam variar em cada lesão. Mariza exemplificou o caso de um corredor que teve que passar por intervenção médica. O esportista sofreu um trauma ungueal — parte dura da unha — e teve que cuidar do machucado por cerca de 3 meses.

O primeiro passo foi o procedimento de laserterapia, promovendo a rápida eficácia no controle de bactérias e regeneração da unha. A cicatrização levou menos de 15 dias, no entanto, a regeneração da unha demorou de 2 a 3 meses. O processo interferiu na performance do atleta, que devido ao machucado, ficou impossibilitado de praticar as atividades durante a recuperação.

Além disso, outros aliados para a prevenção deste tipo de lesões são as análises biomecânicas e as palmilhas esportivas. O uso da peça oferece um melhor desempenho, com ganho de performance e vantagens biomecânicas, já que o pé tende a estar na posição correta para máxima mobilidade e amortecendo impactos.

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