Brasil 1 x 7 Alemanha: como está a vida dos jogadores da seleção brasileira dez anos depois
Quase todos os atletas convocados por Felipão conseguiram seguir ou terminar suas carreiras sem grandes manchas
Passados exatos dez anos da histórica derrota do Brasil para a Alemanha por 7 a 1, na Copa do Mundo de 2014, pode-se dizer que a vida seguiu para a maioria dos brasileiros envolvidos.
Do treinador aos jogadores, praticamente todos os membros daquela delegação conseguiram dar sequência às suas carreiras sem grandes manchas herdadas do fatídico oito de julho.
Dos 23 convocados para aquele Mundial, 19 atuaram no futebol brasileiro em algum momento após a Copa do Mundo — dos 14 que entraram em campo na goleada alemã, apenas dois não retornaram: o meia Oscar, autor do único gol brasileiro, o zagueiro Dante, rumo à sua 26ª temporada na Europa. Neymar, então machucado, e o lateral-esquerdo Maxwell, que já se aposentou, tampouco voltaram ao Brasil.
— Foi difícil voltar e aturar as piadas. Uns sofreram um pouco mais. O Fred, por exemplo, contou o que ele passou depois de tudo. Mas isso não define a carreira brilhante que todos tiveram. Acho que hoje muitos torcedores já enxergam aquela Copa de outra forma. Não apaga o 7 a 1, mas acho que agora veem a Copa por um todo. Fico feliz que, depois de dez anos, muitos continuem atuando — disse ao Globo o ex-goleiro Jefferson.
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O receptivo Fluminense
Entre as repatriações mais recentes estão o atacante Bernard — titular no 7 a 1 na vaga de Neymar —, que reforçará o Atlético-MG, e o zagueiro Thiago Silva, que deve estrear pelo Fluminense neste mês de julho. Ambos foram recepcionados com festa pelas torcidas.
Um dos atletas mais vitoriosos daquela delegação, 2014 com 23 títulos, incluindo uma Champions League e um Mundial de Clubes, e o único, junto de Neymar, que disputou as duas Copas seguintes, em 2018 e 2022, Thiago Silva não esconde que ainda há uma ferida aberta por conta da competição disputada em solo brasileiro. Na apresentação no Fluminense, no mês passado, ele demonstrou descontentamento ao ser questionado sobre o 7 a 1 por um jornalista alemão.
— Vou responder por educação porque acho que o momento não era esse, mas, enfim, são coisas que acontecem no futebol… Sei o quanto dói perder dentro de casa, mas faz parte — falou.
Apesar de, suspenso, não ter entrado em campo no Mineirão, Thiago protagonizou um dos únicos momentos positivos por um jogador brasileiro na ocasião . Capitão do time treinado por Luiz Felipe Scolari, ele foi ao vestiário no intervalo, quando a equipe perdia por 5 a 0, para tentar motivar os companheiros.
O zagueiro do Fluminense é um dos 13 convocados por Felipão que seguem na ativa. Marcelo, seu companheiro de clube, é outro. Além de ter se consagrado no Real Madrid, onde conquistou quatro títulos de Champions League e quatro Mundiais de Clubes, o lateral-esquerdo retornou ao Brasil no ano passado e, logo na primeira temporada, foi um dos pilares da equipe que deu o primeiro título de Libertadores da história do tricolor.
No entanto, quem mais ficou marcado por ter sido “salvo” pelo Fluminense foi o ex-centroavante Fred. Um dos mais criticados após a Copa do Mundo, o ex-jogador, apelidado de “cone” pelo desempenho no Mundial, com apenas um gol marcado, pediu 30 dias de afastamento do tricolor na época e viajou para Nova York, para não ter que lidar com o público brasileiro.
—Estava com medo da reação. Cheguei com medo. Pensava que, se alguém me xingasse, eu sairia no soco — afirmou em 2022 o atual diretor de planejamento esportivo do Fluminense.
Honrosas despedidas
Quem também ficou negativamente marcado pelo 7 a 1 foi o zagueiro David Luiz. Eternizado pela entrevista onde, aos prantos, falou que só “queria dar alegria” ao povo brasileiro, o zagueiro ficou sete anos na Europa até se transferir para o Flamengo, em 2021.
No clube, conquistou a Libertadores e a Copa do Brasil de 2022 como titular. No momento, David, que chegou a ser a quarta opção para a zaga rubro-negra em 2023, recuperou a titularidade e está em alta com a torcida.
O goleiro Júlio César também voltou ao Flamengo, brevemente: em 2018, jogou duas partidas pelo clube, para oficializar sua aposentadoria. Ao todo, dez atletas daqueles 23 já encerraram as carreiras.
Entre eles, o que mais teve sucesso no país foi o goleiro Victor. Ídolo do Atlético-MG, o atual diretor de futebol do clube mineiro conquistou uma Copa do Brasil, em 2014, se aposentou em 2021 e logo deu início na carreira de dirigente.
Por outro lado, Daniel Alves, que chegou a atuar na Copa do Mundo de 2022, aposentou-se com a acusação de estupro na Espanha, que já lhe rendeu uma temporada na prisão.