Copa do Mundo

Brasileiros começam a se sentir em casa no Catar

Preços exorbitantes e as rígidas normas de comportamento no emirado não esfriaram os ânimos dos brasileiros

Torcida brasileira no CatarTorcida brasileira no Catar - Foto: Victor Pereira

Apesar de a estreia do Brasil na Copa do Mundo estar marcada para quinta-feira (24), torcedores da seleção pentacampeã já começaram a invadir Doha neste fim de semana. No sábado (19), fizeram um verdadeiro carnaval de rua na entrada do hotel Westin Doha para receber o ônibus da delegação e, no domingo, procuraram os lugares certos para assistir ao jogo de abertura, em que o Equador venceu o Catar por 2 a 0, no estádio Al Bayt.

Ao que tudo indica, os preços exorbitantes e as rígidas normas de comportamento no emirado não esfriaram os ânimos dos brasileiros, que a cada quatro anos sempre arrumam um jeito de driblar as dificuldades. E ainda conseguem conquistar a simpatia dos anfitriões.

O casal Tibério Medeiros, de 43 anos, e Vanessa, de 45, médicos do Recife, assistiu à cerimônia de abertura e ao primeiro jogo da Copa em um restaurante chamado Ipanema.

Localizada no segundo andar do Hotel Marriott, a churrascaria está coberta de bandeiras do Brasil e começa a receber um número cada vez maior de clientes vestindo a "amarelinha". 

"Pensamos em ir ao Fifa Fan Fest, mas estava muito cheio lá. Então, procuramos um 'sports bar' e encontramos esse aqui, que tem todo um clima brasileiro", explica Tibério.

Cerveja degustada como vinho

Em sua mesa, não poderia faltar um grande copo de cerveja, item que virou luxo neste Mundial inflacionado. "Custou 54 riais, o que equivale a quase 80 reais. Por isso tem que ser tomada a conta-gotas", disse Tibério, com moderação e bom humor.

Apesar dos preços elevados, o casal gostou de toda estrutura montada para o megaevento. "O sistema em Doha está bem organizado, o acesso é fácil, está fácil de compreender", elogiou Vanessa.

Ela e Tibério já estão com o ingresso comprado para a estreia do Brasil, contra a Sérvia, na quinta-feira. Em seguida, voltam para Recife com a esperança de terem dado o pontapé inicial rumo ao hexa.

No mesmo bar, um trio de gaúchos, com a camisa do Grêmio, acompanhava a abertura. O pai e os dois filhos viajaram para assistir à seleção brasileira nos três jogos da fase de grupos e já circulam com desenvoltura por Doha.

O mais jovem, José Paulo Japur, um advogado de 38 anos, esteve na Rússia na Copa de 2018, onde percorreu distâncias muito mais longas, entre Moscou e São Petersburgo, e também assistiu a alguns jogos do Mundial de 2014 no Brasil.

Ele e seu irmão Rafael, 40 anos, e o pai, José Augusto, 68, também pretendem aproveitar para viajar para perto do Catar. "Nós vamos até o Líbano. Somos descendentes de libaneses".

Sobre os preços dos ingressos e da cerveja, José Paulo tem uma resposta na ponta da língua: "quem converte não se diverte".

Unidos pela música brasileira

No intervalo do jogo entre equatorianos e catarianos, outro trio chamou a atenção. Mas no palco do bar, tocando músicas brasileiras. No repertório, canções de Tom Jobim, Jorge Benjor e artistas mais contemporâneos como Nego do Borel.

Quando a cantora curitibana Sila Oliveira, de 37 anos, soltou a voz em "Assim você me mata", megassucesso de Michel Teló, um grupo formado por quase dez argentinos uniformizados foi ao delírio e cantou a letra inteira, como se estivesse na arquibancada de um estádio.

No sábado, a música também uniu brasileiros, indianos, nepaleses e bengalis na chegada da seleção ao Westin Doha Hotel. Com tambores e pandeiros, a torcida verde-amarela ganhou o reforço dos asiáticos, que entraram no ritmo.

Durante seu show de domingo no restaurante Ipanema, a cantora Sila sentiu o poder da música, capaz de unir os rivais brasileiros e argentinos em plena Copa. 

"Hoje foi um dia muito especial para mim, porque eu vi o quanto a música brasileira transforma o ambiente num ambiente de alegria, de amor, de festa. Eu fiquei muito emocionada. Vai ficar na minha memória para sempre", conta.

A Copa mal começou, e o clima é de confraternização. O paulista João Gabriel de Mello, de 32 anos, guitarrista do trio, resumiu bem o clima. 

"Uma loucura. A cidade está em chamas! Está a coisa mais linda. E a turma latina é muito viva. O melhor lugar do mundo para se estar neste momento é Doha!", celebrou.

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