Crime

Casos de racismo nos torneios da Conmebol já aumentaram em 50% em relação a 2022

Dados compilados pelo Observatório da Discriminação Racial do Futebol indicam que denúncias passaram de 12, na Libertadores e Sul-Americana em 2022, para 18 neste ano

Sebastián Avellino Vargas, preparador do Universitário-PER, que ficou preso em São Paulo acusado de racismo no mês de junhoSebastián Avellino Vargas, preparador do Universitário-PER, que ficou preso em São Paulo acusado de racismo no mês de junho - Foto: TV Itatiaia/reprodução

Faltando 26 partidas para o final das Copas Libertadores e Sul-Americana — quartas de final, semifinal e a grande decisão —, as denúncias de racismo nas competições organizadas pela Conmebol já ultrapassaram todas as registradas nas duas competições em 2022. No total, no ano passado foram 12 casos, e neste ano, antes do início das quartas de final, o total já chega a 18 denúncias. Os dados são do Observatório Racial da Discriminação no Futebol.

Nos últimos dois anos, ainda com as competições em andamento nesta temporada, já são 30 casos. Entre 2014 a 2021, o número total foi de 39 denúncias, e Brasil e Argentina concentram a maioria. Cada país tem 15 registros, seguidos de Uruguai (sete) e Paraguai (seis). Os times que mais aparecem são o Indepediente e o Boca Juniors, da Argentina, e o Olimpia-PAR, com dois casos registrados em cada clube.

"Temos um um crescimento de denúncias de racismo em competições sul-americanas principalmente ligadas a jogadores brasileiros. Isso se dá pelo debate que fazemos no Brasil. Se olharmos para o futebol brasileiro, as denúncias também aumentaram. Principalmente pela conscientização que temos aqui. Temos discutido muito o racismo na sociedade e essa conscientização se reflete no futebol. Temos jogadores e torcedores denunciando, todos mais atentos e entendendo que o racismo não é só insulto, xingamento. O torcedor brasileiro é mais atento", afirma Marcelo Carvalho, diretor-executivo do Observatório.

Para Marcelo, no entanto, apesar de ser positivo que haja mais denúncias, as punições ainda não são suficientes. Desde o ano passado, a Conmebol aumentou a multa de US$ 30 mil (cerca de R$ 148 mil) para US$ 100 mil (R$ 493 mil) para os casos de racismo. Na semana passada, a entidade anunciou uma parceria com o Observatório para monitorar os episódios e criar um plano de ação para efetivamente combater os casos, além de reforçar a punição. Somente 8 dos 18 casos registrados neste ano foram julgados, com os envolvidos punidos.

"Toda vez que temos um caso de racismo num estádio de futebol com torcedores identificados mas sem punição, a mensagem que a gente percebe é que os racistas que vão para o estádio sabem que nada vai acontecer. A mudança que temos hoje é o torcedor brasileiro identificando isso e fazendo com que os racistas sejam presos quando o crime acontece no Brasil. Isso muda o comportamento e vemos mais denúncias. Mas, se não se pune o infrator, as pessoas acham que podem fazer o que quiserem. A impunidade é um dos motivos para os casos aumentarem", analisa Marcelo Carvalho.

Nesta terça-feira, o Corinthians recebe o Estudiantes pelas quartas de final da Sul-Americana. Nas redes sociais, o clube argentino publicou uma espécia de cartilha de comportamento aos torcedores, alertando que "no Brasil canções e gestos racistas/xenofóbicos constituem crime grave que acarreta penas de 3 a 6 anos de prisão". Na nota, eles também sugeriram "evitar qualquer tipo de desrespeito ao povo brasileiro."

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