Celeiro de craques do futebol pernambucano, CT Barão procura novo espaço para treinos
Para o início da temporada de 2025, projeto ainda não tem um local para sediar os treinos de futsal
No meio de uma quadra já vazia, sem o rangir dos tênis e a poeira do tempo já começando a criar uma fina camada no piso, Barão Xavier, fundador do CT Barão, projeto reconhecido por ser um dos maiores reveladores do futebol brasileiro, contempla a quadra do Marilac com o olhar preenchido entre a nostalgia de tudo que foi construído e a incerteza do futuro.
Desde semana passada, pela primeira vez nos últimos 14 anos, a escolinha ficou sem espaço para treinar futsal, grande carro chefe do projeto. O contrato com o espaço não foi renovado e uma era foi encerrada.
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“Ficamos 14 temporadas seguidas e fizemos esse espaço a nossa casa. A quadra não era organizada para ter competições; aumentamos o tamanho, pintamos, trouxemos barras profissionais e acrescentamos refletores de LED”, listou as melhorias implementadas.
“O sentimento é de não ter um norte, uma coisa que a gente não esperava. Envolve minha família, o CT Barão e a escola. Eu tinha um envolvimento de dentro e fora. Sou amigo de todos os funcionários. A gente faz parte da história do lugar”, declarou emocionado.
Procura
O planejamento para 2025 já foi iniciado, mas o CT Barão tem calendário até o final de dezembro deste ano. Envolvido ainda nos últimos compromissos, o treinador revelou que a procura por um novo ginásio continua no começo.
“Ainda não parei para procurar, temos algumas competições ainda no futsal e no futebol. Sei que é muito difícil, falar em ginásios aqui em Recife, eu sei que tem poucos. Os que possuem, são de escolas particulares que não alugam o espaço. “A partir de hoje (23) é que eu vou começar a correr por um novo espaço. Se não conseguimos, é pegar uma praça pública, dentro da medida do possível.
Início
Após marcar época na base do Santa Cruz, time do coração, Barão viveu situações que lhe despertou a necessidade de criar um projeto só seu, para assim andar com as próprias pernas. Em 2009, surgiu o CT Barão no Brejo da Guabiraba, Zona Norte do Recife.
Após rápidas mudanças de casa, no ano seguinte, Barão encontrou um lugar pôde chamar de lar, a quadra da Escola Marillac, no bairro do Parnamirim. Com uma média de mais de 150 atletas e dez categorias diferentes, o local respirava futsal por mais de cinco horas por dia.
“Sempre tinha a ‘escolinha de fulano ou beltrano’. Quando eu resolvi sair do Santa Cruz, resolvi não colocar ‘escolinha do Barão’, pensei num nome que desse um impacto e que ninguém usava. Daí que surgiu o CT Barão”, contou.
Olhar apurado
Num espaço em que foram formados Chico e Fábio Matheus, atletas do time principal do Sport, ou até mesmo Matheus Cunha e Otávio, estrelas do futebol internacional, muitos outros nomes surgem nas mãos do treinador.
Com orgulho do trabalho realizado ao longo dos anos, Barão revela o ‘segredo’. “Eu não tenho pressa para ganhar título. Fazemos um trabalho tranquilo, para quando chegar a hora, o menino estar pronto”, começou.
“Além de ser olheiro, eu sou treinador. O olheiro pode ver o menino no dia bom, mas não tem a sequência que eu tenho. Mais importante do que ganhar é formar atletas e ser-humanos”.
Referência
Um dos pioneiros a iniciar um projeto com não só intensões de formar atletas, mas também disputar o máximo de competições possíveis, o CT Barão surgiu como referência para outros projetos que vieram depois.
“Para fazer um bom trabalho, não precisa estar necessariamente em um clube, Santa, Náutico ou Sport. Acredito que tenha ajudado e inspirado os outros a meter a cara e inovar”. “O nível da base aumentou desde então. Tudo era muito limitado ao Trio de Ferro. Fui o pioneiro a levar as categorias menores para competições fora do Estado, até mesmo fora do país”, relembrou.
Realizado com o que já construiu, Barão consegue enxergar seus frutos até mesmo nos rivais, onde muitos são comandados por ex-alunos. “Hoje eu vivo uma situação em que meus ‘filhos’ estão no comando do futsal pernambucano. Onde você olhar, tem alguém que foi de Barão. É muito gratificante olhar para trás e perceber que está valendo a pena”, contou.
Mesmo sendo reconhecido como um dos mais importantes nomes do esporte de base e com vários atletas pelo mundo, o CT Barão ainda não consegue capitalizar a partir disso. Segundo o treinador, as indicações que faz dos atletas é pensando no futuro dos jogadores. “A gente está procurando legalmente para ter direito a alguma coisa. Minhas indicações são para o bem dos meninos”, revelou.