Clubes italianos desistem da Superliga, mas não do conceito
Anúncio do projeto tem monopolizado o noticiário esportivo nos últimos dias
Após a saída dos seis clubes ingleses inicialmente envolvidos e do espanhol Atlético de Madrid, os três clubes italianos (Juventus, Inter de Milão, Milan) que fundaram a Superliga na segunda-feira (19) emitiram declarações, nesta quarta (21), anunciando que estão abandonando o projeto, mas defendendo o conceito do torneio proposto.
A Juventus, presidida por Andrea Agnelli, um dos principais promotores da iniciativa ao lado do espanhol Florentino Pérez (presidente do Real Madrid), reconheceu que a nova competição independente, criada para rivalizar com a Liga dos Campeões da Uefa, tem "poucas chances" de ser concretizada “da forma originalmente concebida”, após a onda de desistências.
No comunicado emitido, a Juve insiste que estava convencida da “validade das teses desportivas, comerciais e jurídicas” do projeto e reafirmava que estava “empenhada na procura da construção de valor a longo prazo para o clube e para o movimento futebolista como um todo".
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Em uma entrevista publicada nesta quarta, pelo jornal italiano La Repubblica, concedida pouco antes do anúncio da saída dos clubes ingleses, Agnelli compartilhou sua visão da situação: "O futebol já não é um jogo, mas um setor industrial e precisa de estabilidade".
Pessoas próximas ao dirigente italiano admitiram, na manhã desta quarta, ao tomarem conhecimento da retirada dos clubes ingleses, que o projeto da Superliga Europeia não existia mais, enquanto as ações da Juventus tiveram uma forte queda após a abertura da Bolsa de Milão (-12%).
Como a Juventus, o Milan optou por um posicionamento ambíguo em seu comunicado, sem anunciar uma retirada formal, mas dando um passo para trás e admitindo a rejeição esmagadora dos torcedores à competição proposta.
“A mudança não é fácil (...) Mas as vozes e preocupações dos torcedores de todo o mundo sobre o projeto da Superliga têm sido fortes e claras, e nosso clube deve estar sensível e atento à opinião de quem ama este maravilhoso esporte", divulgou o clube 'rossonero', que desde 2018 pertence ao fundo de investimento norte-americano Elliott.
Viabilidade financeira
A Inter de Milão foi o primeiro time italiano a pular fora da proposta de um torneio independente, de forma mais clara, mas também não desistiu do desejo de reformar o futebol.
“A Inter acredita que o futebol, como qualquer setor de atividade, deve procurar o melhor constantemente nas suas competições para continuar a proporcionar emoções aos torcedores de todo o mundo, num quadro de viabilidade financeira”, escreveu o clube milanês, que pertence ao Grupo chinês Suning.
“Com essa visão, vamos continuar a trabalhar com as instituições e com todas as partes interessadas”, acrescentou.
Após os anúncios das três equipes italianas, apenas duas, as espanholas Real Madrid e Barcelona, ainda estavam oficialmente dentro do projeto da Superliga, anunciado na noite de domingo para segunda-feira (horário da Europa Central), com doze clubes fundadores.
Os seis ingleses que desistiram inicialmente da proposta foram Manchester City, Arsenal, Liverpool, Manchester United, Tottenham e Chelsea.
A criação desta nova competição continental agitou o futebol europeu desde o primeiro momento e foi percebido pela Uefa como uma declaração de guerra à instituição e à seu principal torneio, a Liga dos Campeões.