Atentados, Colômbia campeã e Argentina desistente: a história da Copa América de 2001
Há 23 anos, argentinos deixaram a disputa dias antes de começar por conta da insegurança na Colômbia; anfitriões foram campeões pela primeira e única vez
Argentina e Colômbia não estão na lista das maiores rivalidades do futebol sul-americano. Ainda assim, há 23 anos, durante a Copa América sediada e vencida pelos colombianos (a única deles na história), os países travaram uma batalha nos bastidores, marcada pela desistência de participação dos argentinos, quase mudança de sede e de data, além de atentados que criaram um clima de guerra (sem qualquer metáfora) antes da competição.
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“Copa da Paz”
Meses antes do início da Copa América, a Colômbia viveu uma guerrilha. Em janeiro, um carro-bomba explodiu em frente ao shopping El Tesoro, em Medellín, capital do país, deixando sete mortos e mais de 100 feridos. Tudo isso em meio à tentativa de um acordo de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Em maio, o prédio em que ficava a sede da organização da Copa América foi atacado. A Conmebol acendeu, de vez, o sinal de alerta, notificando a Federação Colombiana de Futebol da preocupação com a segurança no país.
Sob o risco de perder a oportunidade de sediar o evento, o Governo prometeu que a Copa América de 2001 seria conhecida como "A Copa da Paz". "Vamos trocar bombas por gols", disse Andrés Pastrana, então presidente colombiano.
A promessa surtiu pouco efeito. Em 25 de junho de 2001, as FARC sequestraram Hernán Mejía Campuzano, vice-presidente da Federação Colombiana de Futebol. O dirigente foi liberado dois dias depois. A Conmebol passou a estudar dois cenários: mudar a competição para o Brasil ou suspender, realizando a disputa em 2002.
A segunda opção chegou a ser anunciada, mas o conflito com as disputas da Copa Ouro e Copa do Mundo fizeram a Conmebol ceder à pressão da televisão e dos patrocinadores, confirmando a realização da Copa América faltando menos de uma semana para o início.
Argentina
Mesmo com a confirmação, a Argentina, por meio do presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA), Julio Grondona, anunciou que estaria fora do evento. Foi citada uma carta endereçada ao consulado do país, em Bogotá, com ameaças à delegação argentina, reforçando a tese de falta de segurança como principal fator para a desistência. Honduras entrou no lugar.
Para os colombianos, a postura foi considerada uma falta de confiança no esforço do país em organizar e garantir a segurança da Copa. Em campo, a Colômbia passou com 100% de aproveitamento na fase de grupos. Eliminou Peru e Honduras nas quartas e semifinais, respectivamente. Na decisão, superou o México por 1x0, faturando o troféu sem sofrer gols e com o artilheiro, Aristizábal, com seis gols.