Com a 'cabeça fria', Neymar pede calma, mas exige punição de zagueiro por racismo
Atacante manteve as acusações de racismo contra o zagueiro espanhol do Olympique de Marselha, Álvaro González, contra quem reagiu e acabou sendo expulso
O atacante do PSG Neymar, que afirma ter sido vítima de insultos racistas no domingo, durante a derrota para o Olympique de Marselha pela terceira rodada do Campeonato Francês, se manifestou em sua conta no Instagram nesta segunda-feira.
Ele pediu calma, mas manteve as acusações de racismo contra o zagueiro espanhol do OM, Álvaro González, contra quem reagiu e acabou sendo expulso.
"Refletindo e vendo tanta manifestação quanto ao que ocorreu, fico triste pelo sentimento de ódio que podemos provocar quando no calor do momento nos revoltamos. Deveria ter ignorado? Não sei ainda... Hoje com a cabeça fria respondo que sim. Mas oportunamente eu e meus companheiros pedimos ajuda aos árbitros e fomos ignorados. Esse é o ponto!", justificou o astro do PSG.
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"No nosso esporte, as agressões, insultos, palavrões, são do jogo, da disputa. Não dá para ser carinhoso, entendo esse cara em parte. Faz parte do jogo. Mas preconceito e intolerância são inaceitáveis", acrescentou.
"Aceito minha punição porque deveria ter seguido no caminho da disputa limpa do futebol. Espero, por outro lado, que o ofensor também seja punido. O racismo existe. Mas temos que dar um basta. Não cabe mais. Chega!", escreveu ele. Mais cedo o PSG emitiu uma nota de apoio a Neymar. "O Paris Saint-Germain apoia fortemente Neymar, que relatou ter sido vítima de insultos racistas de um jogador rival (...) O Paris Saint-Germain conta com a comissão disciplinar da LFP (liga de futebol profissional francesa) para investigar e lançar luz sobre esses eventos", indicou o comunicado do atual campeão da França, que foi derrotado em casa por 1 a 0.
Do outro lado, o Olympique de Marselha defendeu seu zagueiro nesta segunda. "Álvaro González não é racista. Ele nos mostrou com seu comportamento todos os dias desde sua chegada ao clube, como já foi testemunhado por seus companheiros de equipe", escreveu o OM em um comunicado, descrevendo a si mesmo como um "símbolo do anti-racismo no esporte profissional francês".
"O clube se coloca à disposição da comissão disciplinar para cooperar plenamente na apuração de todos os fatos ocorridos na partida, e nas 24 horas que os antecederam", acrescenta o texto. A comissão disciplinar da Liga Francesa de Futebol Profissional (LFP) vai analisar na quarta-feira os cinco cartões vermelhos distribuídos no jogo disputado no estádio Parque dos Príncipes.
Os integrantes da comissão independente ficam encarregados de definir por quantas partidas serão suspensos Neymar, Layvin Kurzawa e Leandro Paredes, do PSG, e Darío Benedetto e Jordan Amavi, do Marselha, todos expulsos no final do jogo após uma briga generalizada em campo.
De acordo com o estatuto disciplinar da Federação Francesa de Futebol (FFF) usado como referência pela Ligue 1 (Campeonato Francês), um jogador culpado de um "ato de brutalidade / golpe" pode receber até sete partidas de suspensão se o ato ocorrer fora de uma ação de jogo, sem causar lesões.
Esse pode ser o caso de Kurzawa, que deu um soco no rosto de Amavi, que tentou revidar com um golpe semelhante.
Em relação ao caso de Neymar, o atacante brasileiro informou durante a partida à equipe de arbitragem que estava sendo alvo de insultos racistas, repetindo "Racismo, não!".
Enquanto reclamava, o atacante do PSG apontava para Álvaro González, zagueiro responsável por sua marcação durante o jogo. Antes do apito final da partida, Neymar foi expulso após acertar um tapa na cabeça de Gonzalez. Ao sair de campo, ele voltou a falar para o quarto árbitro que tinha sido alvo de ofensas racistas.
A comissão disciplinar vai analisar a súmula do árbitro da partida e as imagens da televisão. Entre os lances que serão analisados, também está acusação do técnico do Marselha, André Villas-Boas, que afirma que o argentino Angel di Maria, do PSG, teria cuspido em Álvaro González após o jogo, disse à AFP Pascal Garibian, diretor técnico de arbitragem (DTA).
De acordo com o regulamento, todo comportamento racista pode estar sujeito a uma suspensão máxima de dez jogos. Já o ato de cuspir em outro jogador pode levar à suspensão de até seis jogos. A decisão da comissão deve ser anunciada na quarta-feira à noite, quando o PSG enfrentará o Metz, em partida adiada da primeira rodada do Campeonato Francês.