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Com MP de Bolsonaro, CBF vê chance de aproximar plataformas digitais do futebol brasileiro

O presidente da CBF, Rogério Caboclo, disse ainda não acreditar que a medida seja ruim para a Globo

Rogério Caboclo, Presidente da CBFRogério Caboclo, Presidente da CBF - Foto: Lucas Figueiredo/CBF

O presidente da CBF, Rogério Caboclo, elogiou a medida provisória dos direitos de transmissão editada nesta quinta-feira (18) pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). À reportagem, ele afirmou que as novas regras são boas para clubes e torcedores.

O dirigente disse ainda não acreditar que a medida seja ruim para a Globo. Presidentes de clubes dizem que o ato significa o fim do monopólio da emissora.

"Já ficou provado que não há monopólio da Globo. Mas falando da pujança da Globo, não vejo que fique prejudicada também. De fato a Globo é parceira da CBF e vai continuar sendo. Não creio que a Globo ficará enfraquecida com isso", disse.

Para Caboclo, a medida também pode fazer com que Google, Facebook e Amazon cheguem mais firme no futebol brasileiro.

Pergunta - Como a CBF recebeu a medida provisória?
Rogério Caboclo - Para a realidade atual do futebol, não muda muito. Os clubes que querem fazer negociações individuais, já fazem. O que muda é pro torcedor e pros clubes. Para os torcedores, porque eles vão ter um leque de partidas maior para assistir, na medida em que não tem mais aquela sombra, de partidas que não poderiam ser transmitidas. A gente aumenta a cobertura de partidas e o clube, na condição de mandante, podendo vender o seu jogo, podendo ser transmitido, aumenta o leque de possibilidades de comercialização.

Agora, como eu disse, para a CBF, não tem mudança expressiva de cenário. Aquelas negociações que devam ser coletivas, vão continuar sendo coletivas. E as individuais vão continuar sendo individuais.

Mas o sr. não acha que isso vai mexer também nas negociações coletivas?
RC - Isso não mudou. Os clubes já podiam negociar. O direito já pertence aos clubes. A mudança é para permitir a transmissão a partir do direito do mandante e não mais dos dois clubes. Acho que isso não muda. Acho que é uma medida que ajuda o futebol, colabora com o futebol.

É ruim para clubes pequenos e médios?
RC - Não estou certo disso. O tempo vai mostrar. Veja, o direito de negociação individual já existia. O que altera agora é que o clube talvez tenha maior prerrogativa na hora da venda, que é essa transmissão a partir do mandante. O mercado se assentará. Toda mudança gera uma celeuma. Depois, o mercado se adequa.

Quando será possível ver o efeito da medida provisória?
RC - Acho que vamos ver isso na hora de renovação dos contratos vigentes. Salvo engano, só o caso do Flamengo com o Carioca, é que tem algum clube que esteja fora do pacote de vendas, sem contrato. Nas outras competições, os clubes todos têm seus contratos, até 2024. A Copa do Brasil, até 2022, estaduais também.

Há críticas sobre a medida provisória, como por exemplo que ela serve apenas para o Flamengo. Como o sr. vê isso?
RC - Se for o caso de ajudar o Flamengo, é pelo fato de ele não ter contrato vigente para essa competição específica. Talvez ocasionalmente ele seja o favorecido. Mas, não sei, estudando outros campeonatos e outros clubes, talvez a gente descubra outros casos.

Atinge contratos vigentes?
RC - Não. Na verdade, atinge porque vamos ter mais jogos sendo transmitidos. Mas em termos comerciais e negociais, não. Os contratos continuam vigentes, mas com alteração de, hipoteticamente, se tivesse um jogo do Flamengo com o Internacional, essa partida ficaria na sombra, porque um tem com a Globo e o outro com o Esporte Interativo. Agora, poderia. Isso que altera. Vamos ter mais partidas sendo mostradas.

A medida é boa para a entrada de novos players, como Amazon, por exemplo?
RC - Potencialmente, sim. Amazon, Google e Facebook ainda não chegaram aportando dinheiro no futebol brasileiro. Talvez seja um mote para que eles tenham mais interesse para chegar firme no mercado do Brasil. Pode ser um caminho.

Se a CBF foi perguntada, vai dizer que apoia a medida, né?
RC - Veja, a reportagem é a primeira com quem estou falando, claro que quero me aprofundar ainda, mas em uma primeira análise, é o que te falei. Para a CBF, não é uma mudança grande. Para os clubes, aumenta a possibilidade negociar, para os torcedores, aumenta o leque. Me parece bastante positiva.

Alguns clubes estão dizendo que é o fim do monopólio da Globo. Como o sr. vê isso, diante do fato de a emissora ser parceira da CBF?
RC - Primeiro, já ficou provado que não há monopólio da Globo. Tivemos outra empresa que chegou no mercado. Mesmo os contratos da CBF, a gente tem com Twitter, com Band, com Dazn. Tivemos no Brasileiro uma disputa da Globo com o Esporte Interativo. Falando da pujança da Globo, não vejo que fique prejudicada também. De fato a Globo é parceira da CBF e vai continuar sendo. Não creio que a Globo ficará enfraquecida com isso. Eles têm um longo histórico com o futebol de aprimoramento, com a qualidade das transmissões, como ninguém neste momento, e tem capacidade financeira. Acho que vão continuar firmes. Não creio que abale o grupo Globo.

O entendimento dos clubes é que a MP transforma as negociações e passa a ser mais individual. A CBF não vê assim?
RC - Não acredito. Mundo afora, a negociação coletiva é majoritária. E funciona. Quando os contratos terminarem, acho que vai se chegar nessa discussão. Mas não creio que a MP vai mudar drasticamente a consciência dos clubes.

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