Com três jogos disputados, atual temporada da Liga de Basquete Feminino é cancelada
O contrato venceu em março e não foi renovado. Os R$ 800 mil por temporada bancavam boa parte da estrutura da liga, que teria apenas um jogo por semana transmitido na TV, pela Cultura
A LBF (Liga de Basquete Feminino), campeonato nacional da modalidade, decidiu dar por encerrada a temporada 2020 sem que a maior parte das jogadoras sequer tenham entrado em quadra. A competição começou no dia 8 de março e, uma semana depois, após a realização de somente três jogos, foi paralisada pelo início da pandemia do novo coronavírus.
Uma reunião virtual na noite de segunda-feira (22) decidiu que o melhor seria não esperar autorização para o retorno dos jogos, uma vez que ninguém consegue prever quando isso aconteceria. As outras ligas relevantes do país, a Superliga e o NBB, também já haviam optado por encerrar a temporada, mas todas estavam entrando na reta final, com contratos por vencer. No basquete feminino, os contratos valeriam de fevereiro a agosto.
De acordo com nota publicada pela LBF nesta terça (23), os clubes tinham traçado um plano para jogar um torneio de tiro curto em agosto, em duas sedes e turno único. Mas o cuidado com a saúde falou mais alto. "Claro que não jogar um campeonato tão importante quanto a LBF não é algo que alguma atleta quer ou espera, mas com tudo que está acontecendo e esse cenário que estamos vivendo, com certeza foi a decisão mais sensata, assim como a suspensão temporária do campeonato há 3 meses", comentou Mariana Camargo, de Blumenau, presidente da comissão de atletas, que também participou da reunião.
A liga já vinha sofrendo com problemas financeiros. A atual temporada contaria com apenas oito equipes, ante dez no ano passado. O projeto vitorioso de Roberto Dornelas em Recife (PE), que já vestiu a camisa do Sport e vinha tendo patrocínio da Uninassau, foi um dos que acabou. Catanduva também não se inscreveu. Ambos os times reclamaram da redução da ajuda financeira oferecida pela LBF, causada, por sua vez, pelo fim do patrocínio com a Caixa.
O contrato venceu em março e não foi renovado. Os R$ 800 mil por temporada bancavam boa parte da estrutura da liga, que teria apenas um jogo por semana transmitido na TV, pela Cultura. Sem visibilidade, os projetos sofrem para se manterem de pé. A própria LBF tem apenas outros dois patrocinadores: Wilson, que fornece as bolas, e a GOL, que ajuda com as passagens aéreas.
Para complementar a crise, o presidente da LBF, Ricardo Molina, pediu licença do cargo para se dedicar à sua pré-candidatura à Prefeitura de Americana (SP) pelo Republicanos. Agora, o futuro da liga fica ainda mais incerto. O calendário foi pensado considerando que a seleção poderia jogar a Olimpíada, mas a equipe do técnico José Neto perdeu uma vaga que parecia certa.
Desde o fim da temporada passada da LBF, em agosto, só os seis times que disputaram o Campeonato Paulista, encerrado em dezembro, fizeram jogos oficiais (além das três partidas da LBF 2020 jogadas antes da pandemia). Agora, o próximo campeonato deve ser exatamente o Paulista 2020, mas ninguém sabe quando.
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