Futebol

Confira a entrevista com Alexandre Asfora, candidato à presidência do Náutico

Eleição acontecerá no dia 12 de novembro, nos Aflitos, para definir o mandatário que assumirá o Timbu no biênio 2024-2025

Alexandre Asfora, candidato à presidência do NáuticoAlexandre Asfora, candidato à presidência do Náutico - Foto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

No domingo (12), nos Aflitos, o Náutico passará por mais uma eleição para definir o próximo presidente do clube para o biênio 2024-2025. Dois candidatos disputam o cargo máximo do Executivo: Bruno Becker, da chapa “Todos pelo Náutico”, de oposição, e Alexandre Asfora, do “Gestão e Paixão pelo Náutico”, que se intitula como “independente”. Tatiana Roma e Diego Rocha são os vices, respectivamente, de cada candidato. A Folha de Pernambuco entrevistou os postulantes à presidência do Timbu, tratando de temas como a Sociedade Anônima de Futebol (SAF), Recuperação Judicial, Centro de Treinamento, desempenho da base, planejamento para o futebol, dentre outros pontos.



Perfil de Alexandre Asfora

Alexandre Asfora, de 49 anos, é advogado e ex-vice-presidente social do Náutico sob a gestão de Diógenes Braga, tendo deixado o cargo neste ano. Além disso, é presidente do Clube Alemão de Pernambuco. Essa é a primeira vez que concorre à eleição no Timbu. O candidato se intitula como “independente” mesmo tendo o apoio do ex-presidente Edno Melo, que disputaria o pleito pela situação, mas retirou candidatura e declarou apoio a Asfora. Segundo o postulante à presidência do Alvirrubro, Plínio Albuquerque, candidato na disputa passada, também está ao lado da chapa. 

Confira a entrevista com Alexandre Asfora

Experiência no Clube Alemão


O que me motiva hoje a ser candidato à presidência do Náutico é a expertise que adquiri nos últimos anos. A gente pode dividir grupo social e esportivo, mas gestão é gestão. Junto com a minha diretoria, nos últimos seis anos foi desenvolvido um trabalho sólido no Clube Alemão de Pernambuco. Estou no meu sexto ano como presidente e podemos dizer que revolucionamos os setores administrativo, financeiro, esportivo e social.

Não é “situação”, é “independente”

Permaneço com uma candidatura independente. A gente não teve nenhum suporte da situação antes. Inclusive, se você for falar dos atores principais desse pleito, incluindo Bruno Becker, Tatiana Roma e Diego Rocha, os dois primeiros foram diretores da gestão de Edno, enquanto Diego não teve cargo diretivo. Querer me rotular de situação somente por ter ocupado um cargo lá? Primeiro, não acho demérito algum (essa comparação). O trabalho fracassou dentro de campo, mas foi sólido fora. Se eu sou situação, eles também são. Até porque, depois que eles encerraram o trabalho, desapareceram do Náutico, voltando agora como oposição. Não tenho qualquer ressentimento sobre quem estava ao meu lado há pouco tempo, mas tenho algumas ideias que não são iguais. Ainda assim, pretendo manter os processos iniciados na atual gestão, como a SAF, a Recuperação Judicial, a parceria com o Grupo Mateus, a Liga Forte e a Arena de Pernambuco.

Nomes para compor a gestão

Não tenho problema algum em manter (nomes da gestão anterior). Até me perguntaram se Luiz Gayão seria o meu vice-presidente jurídico e disse que não haveria problema algum em mantê-lo. Mas tenho Arnaldo Borges, que é um grande advogado. Os dois podem fazer um trabalho coletivo, por exemplo. Queremos alvirrubros com trabalho comprovado para executar cada função na nossa gestão. Outros nomes como Joaquim Costa (Marketing) ou Rodolpho Moreira (diretor de futebol) qualquer gestão poderia aproveitar. Mostraram capacidade técnica. Rodolpho declarou que não continuaria no Náutico como diretor de futebol, mas pensamos nele para fazer a transição do modelo de associação para SAF. Queremos inovar também, com um cargo que ajudaria na adaptação dos atletas que chegam ao clube. Uma pessoa para receber o jogador, acomodar a família, ver onde moraria, apresentar a cidade… Não podemos achar que o jogador é uma mercadoria que chega e começa a render. Temos de recebê-los bem, incorporando ao patrimônio do clube.

Apoio de Edno Melo e relação com Plínio Albuquerque

São pessoas com visões distintas, mas com uma única certeza de que querem o bem do Náutico. Talvez não concordem com todos os aspectos de gestão, mas todos amam o Náutico. Estou com a porta aberta para ouvir todos. Estive com Edno, Plínio, Aluísio…com Becker não tive diálogo, talvez pela correria. Não tenho problemas de relacionamento. Trabalhamos pela unificação. Edno, de fato, retirou a candidatura e declarou apoio. Eu me sinto lisonjeado e a responsabilidade aumentou. Ele foi um ex-presidente vitorioso, que tem um capital político que eu agradeço ter herdado. Plínio não declarou publicamente o apoio, mas várias pessoas que formam o grupo dele estão nos apoiando.

Importância de Diego Rocha

Diego não é só um vice, vai ser um companheiro para um trabalho duradouro, de dois anos. É formado em Administração de Empresas e Tecnologia da Informação. Tem ampla e comprovada experiência no setor privado e público. Durante seis anos, foi meu diretor financeiro no Clube Alemão e há dois anos é o diretor social. Ele preenche todos os requisitos para fazer uma grande gestão no Náutico. Tenho extrema convicção de que ele colocará o nome dele na história do Náutico.

Executivo de futebol engatilhado

Vamos trabalhar para dar meios para o departamento de futebol ser vitorioso. A gente não tem a pretensão e nem intenção de estar dentro de vestiário. Isso não compete ao presidente ou vice-presidente do Executivo. A gente vem trabalhando um nome para ser um executivo de futebol robusto. É um cara com uma larga experiência no futebol, já teve acesso na carreira e um título relevante no Nordeste. Uma pessoa que tem mercado e conhecimento do futebol, com um trabalho de médio a longo prazo. Não sai trocando o treinador na primeira dificuldade que aparece. Um executivo que olha para a base. Ele preenche tudo que buscamos para a função. Com ele, vamos direcionar (a busca) por um treinador. Hoje, o elenco do Náutico tem em torno de 20 jogadores, contando quem tem contrato e quem está na base, além de quatro nomes que agradaram a torcida na reta final (Ribamar, Maxwell, Diego Matos e Rennan Siqueira). Estão sendo observados (para continuar). Mas que fique claro: a decisão final será do departamento de futebol.

SAF e futuro financeiro

O modelo da SAF apresentado através da proposta não vinculante, diante de todas as possibilidades que existem no mercado e diante das conversas que foram que ocorreram com especialistas e advogados, é o melhor modelo para o momento que o Náutico vive. Há 122 anos estamos tentando fazer o futebol dar certo no Náutico nesse modelo de associação. Até a década de 60 deu, mas da década de 70 para cá, oscilamos muito. De forma associativa, não conseguimos gerir o futebol. A SAF é uma realidade. Na Europa, estão vivendo a segunda fase da SAF, quando se entra, investe, tira o retorno e vende para outra empresa. Não é justo os abnegados colocarem dinheiro para ajudar o Náutico. Oriundo do trabalho, do esforço. Por que entrar no clube, sem perspectiva de devolução? O clube fica refém disso, dependendo sempre de alguém. É um gesto nobre, mas enxergamos que o Náutico precisa fazer essa parceria com a SAF e vamos trabalhar incansavelmente para implementá-la. Essa proposta é mais tradicional, voltada para títulos. Você, em uma Série A, chegando em boas posições, com classificações, quanto bota nos cofres do clube? Isso, claro, sem desprezar a venda de jovens talentos. 

Base, CT e CIN

É importante remodelar o CIN (Centro de Inteligência do Náutico). Nossos atletas da base não têm acesso à suplementação. Já foi falada a disparidade que tem com os jogadores do Sport, por exemplo. Precisamos estar em condição de igualdade. Perdemos no Pernambucano sub-17, mas fizemos um bom papel, com Caio Suassuna sendo artilheiro e depois indo para o Cruzeiro. O Náutico ficou com 40% do passe. Talvez uma venda de 100%  não seria maior do que esses 40%, pensando que ele pode ser vendido para Europa ou Oriente Médio em pouco tempo. O clube está prestes a receber o Certificado de Clube Formador, faltando apenas um alvará do Corpo de Bombeiros. Embora na Série C, o Náutico é uma vitrine no Brasil. É bom dizer que, quando o jogador vem para cá, ele sabe que temos um CT que dá condições de treinamento. Tem o mínimo para desenvolver o trabalho. Tem a parte de fisiologia, fisioterapia. Queremos aprimorar cada vez mais.

Esportes Olímpicos e outros cargos diretivos

Estamos conversando com Yane Marques para assumir os Esportes Olímpicos. Não é algo certo. Estamos vendo a possibilidade. Tem a questão da vinda de Gilberto Corrêa para a vice-presidência do futebol também. Falamos com Emerson Barbosa (ex-dirigente), Ricardo Cisneiros. Luiz Filipe na SAF…falamos com várias pessoas. Queremos profissionalizar integralmente também o futebol feminino. Não cabe mais o amadorismo. 

Liga Forte

O Náutico foi cofundador da Liga Forte e, na hora de assinar, não foi levado isso em consideração, muito menos a história do clube. Vivemos um momento de exceção. Era um contrato de 50 anos para vender 20% dos direitos. Acredito que a forma como vem sendo gerido o futebol nos últimos anos deu aos gestores atuais a capacidade de enxergar um projeto coletivo. Se fosse há alguns anos, eles (antigos dirigentes) teriam pego os R$ 10 milhões. Tudo foi feito de forma muito racional, sem desestabilizar as novas gestões. A Libra também apareceu no mercado, propondo ao Náutico que negociaria com o clube quando ele chegasse à Série B. Isso na casa dos R$ 60 milhões.

Planejamento de folha para 2024

Em 2023, a folha do futebol começou em R$ 350 mil. Tínhamos a receita da Copa do Brasil e Copa do Nordeste. Muitos jogadores vêm para cá encantados com o bicho da Copa do Brasil. Esse ano não teremos isso.Queremos iniciar com uma folha entre R$ 300 mil a R$ 400 mil. Sentir a necessidade do executivo, do treinador. Se tiver que trazer um técnico de maior patamar, teríamos de ajustar esse valor.

Como espera deixar o Náutico em 2025?

Quero deixar o clube totalmente profissionalizado. Com total controle de acesso às instalações. Com a garagem de Remo modernizada, CT renovado, um estádio bem cuidado, remodelado, e com a sede social com vida. Além disso, troféus, acessos e base valorizada. 

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