Futebol

Confira a entrevista com Bruno Becker, candidato à presidência do Náutico

Eleição acontecerá no dia 12 de novembro, nos Aflitos, para definir o mandatário que assumirá o Timbu no biênio 2024-2025

Bruno Becker, candidato à presidência do NáuticoBruno Becker, candidato à presidência do Náutico - Foto: Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco

No domingo (12), nos Aflitos, o Náutico passará por mais uma eleição para definir o próximo presidente do clube para o biênio 2024-2025. Dois candidatos disputam o cargo máximo do Executivo: Bruno Becker, da chapa “Todos pelo Náutico”, de oposição, e Alexandre Asfora, do “Gestão e Paixão pelo Náutico”, que se intitula como “independente”. Tatiana Roma e Diego Rocha são os vices, respectivamente, de cada candidato. A Folha de Pernambuco entrevistou os postulantes à presidência do Timbu, tratando de temas como a Sociedade Anônima de Futebol (SAF), Recuperação Judicial, Centro de Treinamento, desempenho da base, planejamento para o futebol, dentre outros pontos.



Perfil de Bruno Becker

Bruno Becker, de 45 anos, é advogado e exerceu cargos de diretor jurídico, entre 2018 e 2019, e vice-presidente jurídico do Náutico durante parte do segundo mandato do ex-presidente do clube, Edno Melo, em 2020-2021. Há dois anos, deixou a gestão e posteriormente se candidatou à presidência do Timbu, disputando o pleito com Plínio Albuquerque e Diógenes Braga - que saiu vencedor do pleito. O candidato entrou na disputa atual após a impugnação de Aluísio Xavier, que seria o então representante da oposição na eleição. Nesta quarta (8), a Justiça concedeu um efeito suspensivo para liberar a presença de Aluísio no pleito, mas a oposição mantém Becker como candidato.

Confira a entrevista com Bruno Becker

Decisão por substituir Aluísio Xavier


Foi um período de muita construção, debates, diálogos. Algumas vezes com excesso de uma parte, excesso de outra, às vezes de uma forma mais acalorada, mas sempre procurando na divergência achar os melhores nomes que tivessem o melhor perfil para o momento Náutico nesses próximos dois anos. Nesse contexto, foram escolhidos os dois primeiros nomes, que tinham sido os de Aluísio e Waldir (Mendonça, então candidato a vice). Ambos, por circunstâncias alheias à vontade deles - Waldir por conta de um problema de saúde familiar e Aluísio pela decisão da comissão eleitoral -, tiveram que sair da chapa. E aí novamente se buscou o debate interno, também com muita com muita divergência de ideias. Chegaram primeiro no nome de Tatiana e por fim no meu nome. Prefiro participar de uma composição de chapa que tenha sido fruto de um debate do que uma composição de uma chapa que tinha sido por imposição ou escolhida por duas, três pessoas. Esta é a chapa que vai concorrer e essa página da discussão foi virada. Agora vamos seguir a candidatura e aguardar o dia 12 para saber qual é que vai ser a escolha do sócio.

SAF e Recuperação Judicial

A questão da SAF está muito ligada à recuperação judicial, que é atrelada à questão jurídica, que é minha área de atuação também na vida profissional, em uma pasta que eu já exerci no clube. Sem dúvida, esse foi um ponto considerado (para ser escolhido como candidato), dentre outros como a capacidade de aglutinar pessoas e dialogar. Sou a favor da SAF. Sempre fui. Não é de hoje que defendo isso. Ela é uma necessidade para a realidade do Náutico. Nós temos uma Recuperação Judicial que precisa ser paga e você precisa de dinheiro, que vem através do investidor. Se eu pudesse, a SAF era para ontem. Agora tem todo um tempo de discussão interna que quem pauta não é o Executivo, mas sim o Conselho Deliberativo. Toda a negociação é sigilosa, então eu não tenho acesso às informações mais detalhadas e profundas, mas dentro do que foi possível me passar, acho que o modelo desenhado é interessante. É preciso debater e discutir com propriedade a partir do momento que vem a tão falada proposta vinculante. É aí que vamos, de forma segura, ver se é o melhor modelo. Existem vários modelos de SAF. Alguns privilegiam o projeto esportivo, que eu acho essencial. SAF que vem somente para pagar dívida perde o sentido. Existem modelos com viés de parte mobiliária e infraestrutura. O principal é que precisamos ter a SAF.

Saída de Plínio Albuquerque do grupo da oposição

Eu vejo com muita naturalidade. Da mesma forma que eu, enquanto a posição, conversei com Luiz Filipe (Figueiredo, atual vice-presidente do Náutico), não vejo problema. Somos adversários no campo das ideias, mas não existe problema pessoal. Faz parte do processo democrático eleitoral de qualquer instituição, inclusive em um clube. O impacto dessa saída e do suposto apoio só vamos conseguir mensurar no dia da eleição. Agora uma coisa eu digo: o perfil da chapa foi traçado e não será isso que fará a gente mudar o que ficou definido. O grupo tem convicção de como tem que tocar esse projeto, tanto nessa fase pré-eleitoral quanto na fase de uma eventual gestão do clube.

“Estabelecer metas, mas não promessa”

Estabelecer metas é diferente de fazer promessas. Não farei promessas. Vamos estabelecer metas que podem ser alcançadas a curto,
médio ou longo prazo, a depender das circunstância. Promessas não fazem parte do meu perfil.  Não é assim que se deve gerir, se comunicar com a torcida. Quando você faz isso e não consegue obter 100% (de êxito), gera uma frustração. É muito mais honesto e transparente com o torcedor trabalhar em cima de metas.

Importância de Tatiana Roma como vice

A escolha de Tatiana foi na busca de um perfil. Ela tem preparo, cursos na área de gestão esportiva, com requisitos para ocupar o cargo. Além disso, tem a questão de ela ser uma mulher. Eu friso isso, nessa ordem, porque primeiro veio a questão técnica. O futebol vem mudando em questão de representatividade da mulher. Essa gestão tem esse entendimento do trabalho social do clube. O Náutico é uma instituição que tem uma relevância social. É uma sinalização importante. Tatiana tem todos os requisitos para fazer história no Náutico.

Comparação com eleição de 2021 e saída de Edno da disputa

Acho que a eleição deste ano será mais polarizada, com situação e oposição. Há dois anos, em várias entrevistas, eu disse que me via como candidato de terceira via. Hoje estou na oposição, tendo essa polarização com a situação. Sobre a desistência de Edno, já era esperada. Ele se comprometeu com várias lideranças que retiraria a candidatura. A inscrição da chapa, em certa medida, surpreendeu, mas não cabe a mim entrar nesse mérito. Todos que queiram se candidatar podem fazer isso. Não cabe julgar.

Possível integração de nomes da atual gestão

“Trabalhamos com um projeto. Vamos analisar os nomes, os perfis. Joaquim (Costa, do marketing), Luiz Filipe e Rodolpho (Moreira, diretor de futebol) tem boa aceitação, mas também podemos ter outros profissionais com a mesma competência e perfil para ocupar as vagas. Sei que existe essa ânsia de saber nomes, mas a nossa análise é para fechar esse modelo de gestão. Não queremos dar um passo antes sem fechar esse projeto. Não queremos cravar nomes agora, sejam estes ou outros de fora. Não é uma decisão única e exclusiva do presidente. É preciso também escutar as pessoas que entendem das pastas específicas para se chegar ao nome adequado e capaz de seguir o projeto.

Participação no futebol

Não acho que o presidente tem de estar no vestiário, viajando com a delegação em todos os jogos. Óbvio que existem exceções. Estou me candidatando à presidência do Náutico, não a diretor de futebol. Teremos uma equipe, uma estrutura que vai tocar o futebol. Como presidente, a missão é pilotar tudo isso. Essa “nave” pesada que é o Náutico. Fazer as pastas conseguirem trabalhar com eficiência.  Não se admite, por exemplo, o presidente ficar dentro da equipe de marketing. Da mesma forma no futebol. Ele precisa saber o que está acontecendo porque ele é o presidente, mas para saber o que está acontecendo e coordenar tudo isso, fazendo os ajustes de rumo, não precisa estar à beira do campo.

Liga Forte

O cenário financeiro se mostra para 2024 mais difícil do que há dois anos. A gente não tem a Copa do Brasil. Antes tínhamos a Série B, agora a C. O desafio vai ser muito maior por conta do desastre que foi o ano de 2023 do ponto de vista também na questão financeira. Vai ser desafiador. Estamos desenhando formas de captar recursos, tanto para o futebol quanto para as outras áreas do clube. Por isso, essa questão da Liga Forte precisa ser vista com prudência. O clube tem de assinar, seja com a LFF ou Libra - que só assina com equipes das Séries A e B. Mas não podemos cometer o erro de pegar o dinheiro por pegar, já que vamos vender 20% por 50 anos. É preciso analisar com calma e, se for viável, será assinada.

Base e CT

É preciso ter transparência. Saber como vendeu o jogador, quem comprou, tempo de contrato… tem de ter transparência. Mas é injusto cobrar da base se o clube não der estrutura. O primeiro passo é conseguir o Certificado de Clube Formador, que ainda não tem. Base não é custo, é investimento. E não é só buscar atletas em peneiras e colocar lá. Precisa ter estrutura desde o olheiro, passando por alojamento, acompanhamento médico e psicológico. O clube é deficitário nesse ponto. Com o potencial que o clube tem, deveria revelar mais atletas.

Esportes olímpicos e futebol feminino

Futebol feminino é uma realidade, tem de ter independente da SAF ou não. A marca do clube pode se fortalecer também principalmente na parte de esportes olímpicos. Você pode formar um torcedor introduzindo uma criança nesse universo do clube. Esse tipo de posicionamento de marca é importante. Outro ponto é a função social do clube. Quanto à instituição, o Náutico precisa incentivar alguns pontos, como discutir o quantitativo mínimo de cadeiras no Conselho ocupadas por mulheres no clube, por exemplo.

Impacto em se tornar presidente do Náutico

Muda a rotina pessoal e profissional. O que me dá mais tranquilidade é o apoio que a chapa vem tendo. Não será uma gestão isolada. Sabemos que dá para fazer diferente. Existem formas de encarar o desafio. Outro ponto que ajuda é entender que o torcedor é paixão, mas que você é presidente. Precisa se distanciar um pouco. Quando se analisa com paixão, tudo fica mais pesado por deixar de ser racional. Eu me sinto preparado para esse desafio. 

 

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