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Futebol

Confira a entrevista com Plínio Albuquerque, candidato à presidência do Náutico

Empresário está na chapa "Inova Náutico", ao lado de Waldir Mendonça, que busca vaga de vice

Plínio Albuquerque, candidato à presidência do NáuticoPlínio Albuquerque, candidato à presidência do Náutico - Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco

Fundador do "Vermelho de Luta", movimento que, em 2015, lançou a candidatura de Edno Melo (atual presidente do Náutico) à presidência do clube, Plínio Albuquerque agora "joga em outro time". Na oposição, o empresário quer romper com o modelo atual de gestão do Timbu, sem poupar críticas. Pelo "Inova, Náutico", o candidato rechaça "radicalismo" e prega "profissionalização" na instituição, citando o equilíbrio como trunfo para ganhar o pleito do próximo dia 5 de dezembro, nos Aflitos.

Confira abaixo a entrevista com Plínio Albuquerque, candidato à presidência do Náutico. O vice da chapa é Waldir Mendonça.

Por que você quer ser presidente?

Tenho esse sonho de ser presidente desde criança. Nunca me movimentei ao ponto de que isso acontecesse artificialmente. Isso vem acontecendo naturalmente. Sempre tive perfil de gestor. Eu acredito que isso é muito forjado no seu caráter e sua personalidade. Sempre tive esse sonho de ser presidente do Náutico porque é o clube que eu amo, é minha paixão. Sou mais Náutico do que Seleção Brasileira, por exemplo. O que me faz querer ser presidente é a paixão que eu tenho, que o grupo tem, que a gente pode fazer melhor, mais. Fazer um Náutico, que já é gigante, ser maior ainda. Há um desejo muito grande dentro de mim de profissionalizar o Náutico. Vejo que posso ser muito útil. Não quero reeleição, mas somente um mandato. Quero deixar um legado para os próximos presidentes.

Criação do movimento Vermelha de Luta e relação com Edno Melo

A formação do grupo surgiu de Plínio Albuquerque, Hugo Arcoverde e Thiago Dias. Três amigos que decidiram formar um grupo para ajudar o Náutico. Em nenhum momento ali ia surgir um candidato. Nós éramos mais jovens e a ideia era ajudar. Conversamos com Marcos Freitas (vencedor das eleições presidenciais em 2015) e fomos juntando pessoas que podiam ajudar o Náutico. Então, no meio da caminhada, fomos apresentados a Edno Melo. Eu não o conhecia. O nome dele foi apresentado como um cara com perfil de gestão, que poderia ajudar. Mais para frente, o nome dele foi para a mesa como possível candidato e o grupo decidiu isso. Edno Melo surgiu no mundo do futebol e do Náutico através do Vermelho de Luta, através de Plínio Albuquerque. Ninguém sabia quem era Edno. Quem era Edno? Era um comerciante de Recife. No decorrer da caminhada, nós perdemos por 10 votos. Mais à frente, o grupo foi eleito após a saída de Ivan Brondi (2017). O nome de Edno já era trabalhado e aí veio também o nome de Diógenes.

Relação com o Movimento Transparência Alvirrubra (MTA)

Nunca fui do MTA. Diógenes era do grupo MTA, foi diretor do Movimento, que era liderado pelos fundadores e por um grupo diretivo. Edno surgiu do Vermelho de Luta, Plínio é fundador do Vermelho de Luta. Ninguém pode dizer que sou ou já fui do MTA. Nunca votei no MTA. Sou dissidente de Edno, mas me sinto oposição, sim. Discordo da gestão atual. Se discordar das ideias do conceito da gestão atual é oposição, não tenho problema em ser intitulado como oposição. Vejo MTA como um grupo radical, por exemplo. Hoje vivemos um momento de política com um pouco de radicalismo, de extremo. Direita e esquerda. Ou é Bolsonaro ou Lula. Não acredito em extremidades, acredito na coisa mais equilibrada. A minha gestão, nas minhas empresas, é muito equilibrada. Sou um cara equilibrado, fala mansa, com raciocínio. Penso muitas vezes antes de falar. O MTA era radicalismo. O próprio Diógenes é um pouco desequilibrado nas ações. Gestor é equilíbrio. Gestor raciocina mais do que fala.

Rompimento com grupo da situação

Não participei da gestão atual. Eu fiz parte, fundei um grupo que Edno, desde a nascença, e Diógenes depois, fizeram parte. Nós entendemos, como grupo, que foi um erro naquele momento em 2015 nos juntamos ao MTA em eleição, em bloco eleitoral. Após aquela eleição, todo mundo se desmembrou. O momento que mais ou menos me uni ao MTA, contra minha vontade, foi aquele momento do pleito, mas nunca fiz parte do grupo e nunca andei com aquelas pessoas. Fui o primeiro diretor promovido por Gustavo Ventura. Fui diretor de transição em agosto de 2017, fiquei até janeiro de 2018. Trabalhei e ajudei a gestão de forma não homologada durante dois, três meses, até as finais do Estadual, em abril, mas nunca fui colocado como diretor nomeado da gestão de Edno. Isso para mim não é demérito, na verdade é bom. Criou-se um movimento do Ednismo. Andei por uns dois anos com ele, diariamente, sei como é Edno. Ele é um antes da caneta e outro depois da caneta, totalmente diferente. Sou dissidente, entreguei meu cargo, não fui tirado. Eu não queria ser diretor. Tenho provas disso no celular, com arquivos de conversas. Saí para cuidar das minhas empresas porque não acreditava no projeto.

Departamento de futebol e Hélio dos Anjos

O futebol é o carro chefe do clube, porém eu analiso o futebol da mesma forma que analiso outros setores. Analiso marketing, jurídico, comercial, CT, base, cada um é uma célula para mim do macro que é o Náutico. Analiso que tem que ser profissional, então o Náutico não profissionalizou. O que a profissionalização traz? Minimização de erros. Quando coloco quem entende, quem é especialista, estudou para aquilo e vivencia aquilo diariamente. Eu respiro negócios, sou um negociador nato, mas não sou entendedor de futebol, de marketing. Já temos o pré-contrato com Sangaletti, que será um executivo de futebol. Nós vamos ter um coordenador que vai fazer o elo entre a base e o profissional e vamos ter um dirigente remunerado. Vamos ter também mais três diretores não remunerados. Não vai haver centralização de poder, principalmente no futebol, porque não vai haver vice-presidente de futebol. Os diretores irão colaborar com a gestão, mas os especialistas vão viver o dia a dia do clube. Isso é no marketing, comercial, jurídico, CT, base, em tudo o que você imaginar.

Não sou especialista do futebol, deixo isso humildemente muito claro. Mas imagino um Náutico forte, brigador, competitivo. Isso vai passar por todos os profissionais do futebol e a diretoria. Vamos montar um elenco forte, com a participação do nosso treinador, que é Hélio dos Anjos. Não só porque ele tem contrato, mas porque a gente tem convicção que ele é um treinador que tem a cara do Náutico, de intensidade, a gente gosta desse futebol. Mas a gente entende que as escolhas dos atletas não foram as melhores. Fala-se muito na saída de Wagner Leonardo, Erick e Kieza, mas o Náutico só tinha o time titular, isso é uma realidade. Não tinha um banco de reservas com a capacidade de manter o futebol em campo ou de modificar a estratégia. A reposição foi muito fraca.

Posicionamento de atletas e comissão técnica nas eleições

Não me incomoda, mas não acho ético e moral enquanto cidadão. Nem conheço Kieza (que se posicionou a favor da eleição de Diógenes Braga) e nem ele me conhece, então a gente não pode julgar e definir algo de um processo em que não conhecemos a pessoa. Ele precisa lembrar que, antes de tudo, ele é um funcionário do clube, e o presidente do clube é um hoje e pode ser outro amanhã.

Passivo trabalhista

A gente precisa de uma receita grande para equilibrar os custos. São custos do dia a dia, do clube, da base, dos atletas, e somado aos custos do passivo trabalhista. Precisamos ter uma receita grande e gastar menos. Para receber mais, é necessário ter parcerias, investidores, tratar bem o meu patrocinador. Entendo que o patrocinador do Náutico hoje é maltratado.

Campanha de sócios e marketing

Imagina ser sócio e, a cada jogo, selecionarmos um para acompanhar a delegação? Estimula o cara ser sócio. É uma ideia nossa. Faremos um sorteio a cada jogo. A gente quer aproximar o patrocinador do clube e o sócio do clube, não só com essas campanhas, mas com eventos na sede. Em jogos fora, a sede é morta. A piscina é antiga, não há estrutura de um bar organizado. A própria sede só tem um bar, não tem evento, nada. Todos esses detalhes precisam ser aprimorados. Isso é para que o sócio tenha desejo em ser sócio. Não só o benefício externo, mas o interno também. Vamos melhorar a estrutura para que o sócio tenha o desejo de vir ao clube. Campanha de pague o ano e ganhe uma camisa, criando um setor de endomarketing, call center, para que acompanhe esse sócio. Hoje ele está desacompanhado, às vezes nem recebe o boleto e fica sem pagar. Vamos tratar isso com muito zelo e carinho. Vamos ter um sistema robótico de informações, lembrando os benefícios que ele tem via mensagem de celular. Criar campanhas externas como o dia no CT, dia com a delegação, jogo com a delegação, criar esse ambiente para o sócio se sentir dentro do clube. Quem não quer acompanhar um treino no CT? Quem não quer acompanhar a delegação em um jogo de futebol? Chegar e ver o clube limpo, organizado, com a sede em perfeitas condições.

Trabalho com a base

Temos um projeto muito interessante para a base, atleta e estrutura. A base é celeiro, está ali para garimpar valores. Isso é o principal produto do clube. Primeiro tornar cidadão, depois um potencial atleta e depois uma receita. Cuidando de cada um. Pegar um percentual do valor do ingresso e destinar para a base, porque a base precisa ter a sua receita própria. Há uma discussão sobre a falta de dinheiro para a base. A gente quer que a base tenha uma receita própria para que seja bem gerida, tenha seu caminho, seu vice-presidente e seus diretores. O CT, a base, vai prestar contas ao presidente. A receita é de investidores e patrocinadores. Vamos destacar dois reais fixos do valor do ingresso para a base. Conseguiríamos cobrir metade do orçamento mensal da base. Também vamos em busca de patrocínio e investidores.

Centro de Treinamento e Aflitos

A gente vai reformular, vai fazer o que pode, aos poucos. Muito mais no CT, que a gente já tem investidores para lá. E nos Aflitos, o primeiro passo, isso é um compromisso meu, é aperfeiçoar e melhorar os banheiros. O futebol no Náutico virou muito masculino. Se eu não tenho um banheiro bem cuidado, eu não tenho uma mulher participando. Minha filha, minha esposa, minha mãe, minha irmã não vão aos Aflitos porque sabem que na hora que precisar ir ao banheiro, não tem estrutura. Há uma conversa com alguns investidores de fazer camarote nos Aflitos. É um projeto que precisa ser desenhado, analisado, mas o Náutico não tem camarote da própria diretoria. A diretoria fica nas cadeiras nos jogos. A diretoria precisa de conforto, visibilidade de futebol e segurança também. 

Futebol feminino

Estamos em conversação com três universidades. Queremos aliar a força do futebol feminino à força universitária. Essas meninas vão ter bolsa de estudo nessas universidades e contexto de acompanhamento. Não só educacional, mas nutricional e psicológico. A gente sabe que essas meninas muitas vezes são carentes, vem da periferia. Todo ser humano pode ter passado por algum problema. Essa vai ser a base principal. Buscamos patrocinadores próprios. Esses setores têm que ter caminho próprio, patrocinador do futebol feminino. Imagine uma marca de absorvente ou de lingerie patrocinando o futebol feminino. Ia ser um marco.

Pautas sociais e divulgação da “marca” Náutico

Nosso grupo preza o respeito pelo próximo, sem olhar cor, peso, altura, crença. O importante é que ele seja respeitado como ser humano, como torcedor do Náutico e parte da sociedade. Incluindo também as minorias, eu coloco os deficientes físicos com respeito também. Caso os Aflitos precise de melhorias para atender o deficiente físico, seja visual ou de locomoção, estaremos priorizando isso para que todo alvirrubro tenha conforto, segurança e tranquilidade em assistir aos jogos. Falando sobre o público LGBT, eles são bem-vindos. Claro que na torcida tem pessoas que são homossexuais, é lógico, em qualquer clube tem isso e precisamos respeitar.

Se vencer, qual legado quer deixar no Náutico?

Eu, como qualquer cidadão, entendo que precisamos sempre aprender, ouvir mais do que falar. Procuro raciocinar e planejar muito antes de executar. Andei pelo País para aprender um pouquinho com cada clube. Passei um dia inteiro com Muricy Ramalho e pude aprender muito com ele e com São Paulo. O torcedor pode apostar no “Inova Náutico” porque é um grupo equilibrado, sério, que vai fazer o clube crescer mais do que ele já é grande. O Náutico é enorme e vamos ampliar esse projeto. Antes de tudo, o sócio quer ter alguém sério no clube, alguém com credibilidade. Vamos profissionalizar. Se o sócio quer um clube vencedor, que busque melhores campeonatos, Série A, gestão profissional em todos os setores, ele pode contar com o Inova Náutico. Temos um projeto de nas principais cidades do interior, iniciando por Caruaru, Garanhuns, Arcoverde, Serra Talhada e Petrolina, ter uma loja do Náutico. Não será uma loja da Timbu Shop, que não é do Náutico, mas uma loja do Náutico mesmo, em que ele pode se associar, comprar produtos do clube, trazer uma proximidade do sócio-torcedor ao clube. Espero deixar o Náutico na Série A, campeão do Nordeste e com 30 mil sócios.

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