Daniel Alves condenado a quatro anos e meio de prisão por estupro
O tribunal, que em um comunicado afirmou considerar "comprovado o estupro", também determinou cinco anos adicionais de liberdade condicional
O ex-jogador da seleção brasileira Daniel Alves foi condenado a quatro anos e meio de prisão pelo estupro de uma mulher no banheiro de uma boate de Barcelona, anunciou nesta quinta-feira (22) um tribunal da cidade espanhola.
Os magistrados consideraram, na decisão publicada duas semanas após o fim do julgamento, que "está provado que a vítima não consentiu e que existem elementos de prova, além do depoimento da denunciante, para entender como comprovado o estupro".
O tribunal também determinou cinco anos adicionais de liberdade condicional, uma ordem de restrição para que ele não se aproxime da vítima por nove anos e meio e o pagamento de uma indenização de 150.000 euros (pouco mais de 800.000 reais).
O ex-jogador do FC Barcelona e do PSG, de 40 anos, pode apresentar recurso contra a sentença.
O Ministério Público, que desde o início das investigações conferiu credibilidade ao relato da denunciante, solicitou pena de nove anos de prisão para o brasileiro.
A defesa, no entanto, havia solicitado a absolvição e, em caso de condenação, havia mencionado o consumo de bebidas alcoólicas como uma das possíveis circunstâncias atenuantes.
Assim como durante o julgamento, que aconteceu entre 5 e 7 de fevereiro, Daniel Alves foi conduzido nesta quinta-feira à Audiência de Barcelona em uma van da polícia, procedente da prisão espanhola na qual está detido há 13 meses.
Crível
Alves foi acusado de estuprar uma jovem em um banheiro da boate Sutton de Barcelona na madrugada de 30 para 31 de dezembro de 2022.
Segundo a acusação do MP, o ato aconteceu em uma área reservada do estabelecimento, onde Alves – que era frequentador assíduo da boate e estava no local com um amigo – teria conhecido a mulher, que estava acompanhada de uma prima e uma amiga.
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Depois de convidá-las para tomar um champanhe, o ex-lateral da seleção brasileira teria convidado a jovem a seguir para outra área exclusiva, onde ficava o pequeno banheiro, do qual a vítima não tinha conhecimento.
No local, segundo o MP, Alves a agrediu e a forçou a ter relações sexuais, apesar da resistência da jovem.
A promotora Elisabet Jiménez considerou durante o julgamento que a mulher apresentou uma "história absolutamente crível" desde o início das investigações. E destacou que Alves usou a "violência" para forçar a jovem, que "fez o que pôde" para tentar fugir.
Muito mal
Protegida por medidas para preservar seu anonimato em um julgamento com grande cobertura da imprensa, a denunciante, que ainda está em tratamento psicológico, apresentou seu testemunho a portas fechadas.
O mesmo aconteceu com as duas pessoas que a acompanhavam na noite do crime, que confirmaram a versão da vítima e descreveram o estado de nervosismo em que encontraram a jovem, que segundo sua amiga saiu do banheiro "chorando e desconsolada" e disse que Alves a havia feito "muito mal".
O jogador de futebol, que falou no último dia do julgamento e apenas respondeu às perguntas de sua advogada, negou, no entanto, ter usado qualquer tipo de violência e reiterou que as relação teria sido consensual.
"Ela podia sair a qualquer momento, não estava obrigada a estar ali", afirmou Daniel Alves sobre a jovem, durante um depoimento em que insistiu que não é "um homem violento".
"Os dois estavam aproveitando", acrescentou o brasileiro, que mudou sua versão do ocorrido diversas vezes em 13 meses.
Testemunhas
O tribunal ouviu quase 30 testemunhas, incluindo policiais e seguranças da boate que prestaram atendimento à denunciante, Todas as pessoas confirmaram o estado de choque da jovem e sua relutância inicial a denunciar a agressão.
Os depoimentos do entorno de Alves insistiram que ele havia bebido muito. O seu amigo Bruno, o único que o acompanhava naquela noite, afirmou que ele manteve uma "química respeitosa"” com a mulher.
Daniel Alves, um dos jogadores com mais títulos da história do futebol, jogou no Sevilla e na Juventus de Turim, além de ter integrado o famoso Barcelona de Messi e Guardiola.
Quando aconteceu o crime, ele estava em Barcelona depois de disputar a Copa do Mundo do Catar-2022.
Depois de sua detenção em janeiro de 2023, sua equipe na época, o Pumas do México, rescindiu o contrato.