Daniel Alves: entenda passo a passo os três dias de julgamento pelo crime de agressão sexual
Tribunal será finalizado nesta quarta-feira, com o depoimento do jogador
Nesta quarta-feira, se encerra o julgamento de Daniel Alves, acusado de agressão sexual, em Barcelona. Dividido em três dias, o tribunal que avalia o crime cometido no fim de dezembro de 2022 será finalizado com o depoimento do jogador, após receber o depoimento da vítima e de 26 testemunhas, dentre elas a esposa do lateral, Joana Sanz.
Entenda o passo a passo, do crime ao julgamento:
Na noite do crime
O caso ocorreu na casa noturna Sutton, em 30 de dezembro de 2022. O local é famoso por ser um ambiente tido como luxuoso, sendo frequentado por “clientes sofisticados”. A vítima contou que estava dançando na festa que acontecia na boate junto de outros amigos dela, quando foi abordada por Daniel Alves.
Segundo o depoimento dado pela vítima, o lateral se apresentou como um homem chamado "Dani" e que "jogava petanca no Hospitalet, município da Espanha". No entanto, os amigos mexicanos da vítima teriam reconhecido o jogador. O lateral chegou bem perto deles e os tocou.
Em seguida, teria ficado atrás da vítima, falando em português, até o momento em que agarrou a mão dela com força e levado até seu pênis, o que teria se repetido duas vezes diante da resistência da mulher.
Vítima é levada ao banheiro
Após a primeira abordagem, o jogador teria levado a mulher até o banheiro e a impedido de sair. No local, Daniel Alves teria sentado no vaso sanitário, puxando o vestido da mulher para cima, e a obrigado a sentar sobre ele, proferindo expressões ofensivas.
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Em seguida, ele teria tentado forçá-la a praticar sexo oral. Após resistência, Daniel teria batido na vítima e a colocado no chão para, novamente, forçar uma relação sexual. Em seguida, sempre de acordo com o depoimento da mulher, ele disse para ela esperar para sair depois que ele.
O jogador teria voltado para a festa em seguida. Daniel Alves, porém, já havia deixado a boate quando a vítima relatou o caso para os seguranças. O laudo médico constatou lesões compatíveis com a luta, como escoriações no joelho. Dois dias depois, a mulher denunciou o jogador.
Em uma primeira versão, o lateral se pronunciou sobre o caso durante uma entrevista a um programa de TV espanhol, negando as acusações — dias depois, ele mudaria a versão, confirmando a relação sexual. O jogador foi preso no dia 20 de janeiro de 2023.
Primeiro dia de julgamento: A vítima
No primeiro dia do julgamento de Daniel Alves, no Tribunal de Barcelona, a vítima reforçou a acusação de estupro contra o brasileiro e teve sua identidade preservada no depoimento. De acordo com a imprensa local, ela reafirmou que foi agredida sexualmente por Daniel Alves, versão que mantém desde o início do processo. O depoimento da jovem de 23 anos durou pouco mais de uma hora, a portas fechadas, com distorção na voz e sem contato visual com o jogador. As medidas foram adotadas para proteger a identidade da denunciante. O jogador estava sem algemas.
Inés Guardiola, advogada de Daniel Alves, reclamou de um "julgamento paralelo" na imprensa que teria contaminado o magistrado, e garantiu que o brasileiro vive um período conturbado financeiramente, incluindo uma dívida de meio milhão de euros (R$ 2,7 milhões) com a Fazenda da Espanha. Além disso, ele teria apenas uma conta no país com 50 mil euros (R$ 267 mil) e outra com saldo negativo de 20 mil euros (R$ 107 mil).
A prima da vítima, que estava na boate Sutton, no dia 30 de dezembro de 2022, foi ouvida pela juíza Isabel Delgado Pérez. No depoimento realizado, ela diz que a jovem sofreu muito após o ocorrido, não consegue dormir direito e está tomando remédios antidepressivos.
"Quando ela saiu (do banheiro), estava com a cara feia. Então perguntei se ela estava bem? Ela só disse "vamos!". Fomos embora. Ela disse que ele (Daniel Alves) fez muito mal a ela, que tinha ejaculado dentro dela... Minha prima não dorme, toma remédio, tem tomado antidepressivos, não trabalha, apenas sai de casa quando queremos e insistimos muito. Choramos dia sim, dia não", disse a prima da vítima em depoimento.
Além da prima, depuseram o porteiro da boate e dois garçons. Ambos disseram não notar "nada de estranho" no comportamento de Daniel Alves, tendo em vista o consumo de álcool durante a noite. A alegação de que ele não estava ciente das suas ações por estar alcoolizado será uma das linhas da defesa do jogador.
Segundo dia de julgamento: As testemunhas
O julgamento de Daniel Alves, acusado de agressão sexual em Barcelona no fim de dezembro de 2022, terá continuidade nesta terça-feira. O segundo dia foi de muitos depoimentos. Um dos mais aguardado certamente é o de Joana Sanz, mulher do ex-jogador.
Ao todo, são esperadas 22 testemunhas para este segundo dia de julgamento. Além de Sanz, está previsto o depoimento de funcionários da Sutton que trabalhavam naquela noite de dezembro de 2022, agentes da Polícia da Catalunha encarregados da investigação e de Bruno Brasil. O amigo de Alves estava com ele na boate e chegou a trocar mensagens com uma prima da vítima, também presente na festa, dias depois do ocorrido.
De acordo com os jornais La Vanguardia e El Periodico, a esposa do lateral seria uma das apostas da defesa. Eles acreditam que seu testemunho pode ajudar a confirmar a versão de que ele estava muito embriagado (e, portanto, fora de si) na noite em que é acusado de estupro. Ela poderia relatar que o brasileiro chegou em casa muito perturbado na manhã seguinte. O problema é que ela não estava na residência do casal. Mas, sim, nas Ilhas Canárias.
Além disso, espera-se que Sanz fale sobre o consumo excessivo de álcool frequente por parte do marido. Embora sustente a inocência de Alves e pleiteie sua absolvição, a defesa espera, em caso de derrota no julgamento, ao menos atenuar a pena por embriaguez.
Terceiro dia de julgamento: Daniel Alves
Ainda no primeiro dia do julgamento de Daniel Alves, a defesa do jogador pediu para que ele prestasse depoimento somente no fim das sessões. A juíza Isabel Delgado Pérez aceitou o pedido. Portanto, o jogador brasileiro vai se defender depois de a vítima, testemunhas, peritos e outros profissionais terem sido escutados.
O julgamento está previsto para durar até esta quarta-feira. No entanto, não há prazo definido para apresentação da sentença final. O Ministério Público local pede nove anos de prisão para o ex-jogador, detido há pouco mais de um ano. Já os advogados da vítima querem 12 anos.