Débora Menezes passou por vários esportes antes do taekwondo paralímpico
A paulistana de 31 anos foi jogadora de futsal por 12 anos, praticou vôlei sentado e atletismo
Quando Débora Menezes fala sobre a estreia do taekwondo em Paralimpíadas, ela fala sobre planejamento. A atleta é a segunda melhor do mundo na categoria acima dos 58 kg na classe K44. Ela garante que a receita do sucesso foi uma preparação planejada nos mínimos detalhes.
A atleta nasceu com uma má-formação abaixo do cotovelo direito. Ela descobriu o esporte paralímpico na reta final da graduação em Educação Física e aproveitou o conhecimento sobre a formação esportiva para a própria carreira.
A paulistana de 31 anos sempre sonhou em fazer parte da seleção brasileira. Por anos, Débora passou por diversos esportes. Foi jogadora de futsal por 12 anos, praticou vôlei sentado e atletismo.
"A prova com que eu mais me identifiquei foi o lançamento do dardo. Eu tive uma passagem bem breve, de seis meses, mas que me mostrou o que eu podia fazer dentro do esporte com a minha dedicação."
O taekwondo era um hobby, até que em 2015 ela foi convidada a se dedicar ao alto rendimento. Na época, o esporte nem era parte do programa paralímpico. A esperança de Débora era competir no atletismo nas Paralimpíadas do Rio-2016, mas a prova na sua categoria não entrou no programa.
Após o convite para integrar a seleção do taekwondo, a atleta e sua equipe montaram um planejamento detalhado para garantir a classificação pelo ranking mundial.
"Desde o começo, a gente já sabia onde queria que eu estivesse em determinado ano. Cada ano que passou, 2017, 2018, 2019, a gente plantou no nosso planejamento", contou ela em entrevista à Folha.
Débora entende que já esteja fazendo história pela sua classificação aos Jogos de Tóquio, mas se mantém focada para que todo o trabalho desenvolvido ao longo dos últimos anos seja coroado com uma medalha paralímpica.
"Vamos tentar arrebentar e trazer essa medalha de ouro. Trabalho por ela durante todos esses anos. Trabalho todos os dias com a equipe da seleção e com a minha equipe pessoal na busca da medalha. São vários profissionais que trabalham em prol de um único objetivo."
O ano de 2019 foi o ano em que Débora conquistou a vaga nas Paralimpíadas. Logo depois, sofreu uma lesão no joelho que arriscou todo o planejamento. Após a prata nos Jogos Parapan-Americanos, em Lima, sua preparação para Tóquio-2020 foi interrompida.
O adiamento dos Jogos devido à pandemia da Covid-19, um fator imprevisível no início do ciclo paralímpico, deu a Débora tempo para que conseguisse se recuperar. Ela conseguiu intensificar os treinamentos e se mudou para Curitiba para seguir a preparação com o treinador da seleção brasileira.
"A gente fez várias avaliações, testes, para ver como estava o trabalho que estávamos executando de acordo com o planejamento, e estávamos no caminho certo", contou. Ela comemora que agora esteja 100% preparada fisicamente e mentalmente para a competição.
O último teste antes das Paralimpíadas foi o Campeonato Pan-Americano de Parataekwondo, no México, em junho de 2021. Débora chegou à final. Ela vencia a mexicana Daniela Andrea quando, em um chute, sofreu uma pancada e teve que abandonar a luta. Mas ela garante que o desempenho provou que está na briga pelo ouro.
"Eu tive uma trombada de perna com a minha adversária e, infelizmente, não consegui lutar o último round. A pancada no joelho foi muito forte. Mas a performance no evento inteiro, desde as primeiras lutas, foi excelente", avalia.
O fato de disputar um esporte debutante em Paralimpíadas é motivo de orgulho para ela. Na quinta-feira (2), Nathan Torquato já buscou a primeira medalha de ouro para o Brasil na modalidade. Agora, Débora busca o mesmo sucesso e seu lugar na história dos Jogos. "Com muito trabalho, a gente vem conquistando alguns feitos inéditos. Eu sou a atual campeã mundial. Silvana e Nathan são campeões pan-americanos, então temos a capacidade de ir cada vez mais longe. Este é o primeiro ciclo de muitos."
O torneio paralímpico do taekwondo na categoria acima dos 58 kg será realizado no Makuhari Messe Hall B, em Tóquio. A competição terá início às 22h (horário de Brasília) de sexta-feira (3).