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Decisões judiciais e possíveis punições da Fifa preocupam CBF

A Fifa quer mais detalhes sobre o processo movido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), que pede alteração no estatuto para para que as regras eleitorais da CBF

Foto: Lucas Figueiredo / CBF

A carta que a Fifa enviou à CBF há uma semana pedindo explicações sobre interferências externas na administração da Confederação está causando preocupação nos corredores da entidade. Isso porque, na teoria, a CBF enfrenta uma situação não muito diferente da de Zimbábue, cuja confederação de futebol foi suspensa pela Fifa.

Em sua carta à CBF, Kenny Jean-Marie, chefe do setor de relações com as associações afiliadas à Fifa, lembrou que segundo o estatuto da entidade, “as associações membros da Fifa são obrigadas a administrar seus assuntos de forma independente e sem influência indevida de terceiros”. E que “qualquer violação dessas obrigações pode levar a possíveis sanções”. Essas sanções, ele disse, podem ser aplicadas “mesmo que a influência de terceiros não tenha sido culpa da associação membra”.

No último dia 28, o secretário-geral da entidade, Eduardo Zebini, recebeu uma notificação da Fifa. A entidade queria mais detalhes sobre o processo movido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), que pede alteração no estatuto para para que as regras eleitorais da CBF sejam modificadas e a realização de uma nova eleição, de acordo com as novas regras. Atualmente, o processo está no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
 

No dia 24 de fevereiro, duas decisões conflitantes foram tomadas e por algumas horas a CBF ficou sem saber quem era o seu presidente. Durante a assembleia geral que retirou Rogério Caboclo do cargo definitivamente, ficou definido que Ednaldo Rodrigues continuaria na interinidade e deveria convocar novas eleições, em até 30 dias, para um mandato tampão. Entretanto, no âmbito do processo movido pelo MPRJ, o ministro Humberto Martins, presidente do STJ, determinou que o diretor mais velho da entidade assumisse o cargo. E foi essa decisão que chamou atenção da Fifa.

O órgão deu o prazo de até o dia 4 de março, sexta-feira passada, para receber a resposta. A CBF não só respondeu, como fez isso duas vezes, conforme revelou o “ge”. A primeira resposta foi dada por Zebini, que negou interferência e disse que a decisão do STJ está de acordo com o estatuto da CBF. A segunda foi assinada por Ednaldo Rodrigures, que afirmou que foi referendado no cargo por uma assembleia-geral e que Zebini foi insubordinado a responder a Fifa sem a anuência da Presidência e do Jurídico.  

Recentemente, MPRJ e CBF assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) em que a Confederação se comprometeu a mudar o estatuto em assembleia que acontece hoje e a MPRJ a trancar a ação. Porém, esse acordo está sendo contestado no STJ pelo diretor de patrimônio da CBF, Dino Gentille, que é justamente o diretor mais velho e, segundo a decisão do STJ, deveria assumir a presidência da Confederação.  

Há algumas hipóteses que preocupam à CBF. A principal delas é que a assembleia de hoje ratifique o TAC, faça as alterações necessárias e marque eleições, mas que o ministro Huberto Martins dê alguma decisão contrária. 

Há quem acredite que o caso seja, guardadas suas proporções, semelhante ao da Confederação de Zimbábue, que foi suspensa pela Fifa no mês passada por causa de interferência do governo local. Em um primeiro momento, acreditou-se que sanções à CBF não poderiam ser aplicadas, mas após uma análise do caso do país africano, o sinal amarelo foi ligado.  

Em Zimbábue, a interferência do governo foi justamente uma decisão judicial que afastou toda a diretoria da Confederação local. Os dirigentes foram acusados de corrupção, incompetência e assédio sexual. Por ordem da Justiça, a Comissão de Esportes e Recração do país controla o futebol local.  

Enquanto a confederação estiver suspensa, a seleção e os times do país não poderão disutar partidas organizadas pela Fifa e pela Federação Africana de Futebol. 

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