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Dia da Consciência Negra reforça debate sobre combate ao racismo no futebol

É a chance de admitir, responsabilizar e corrigir os erros provocados pela discriminação racial

Dia da Consciência NegraDia da Consciência Negra - Foto: Arte/Folha de Pernambuco

Você já leu algo parecido. Talvez hoje ou nesta semana. Provavelmente no passado, em outro dia 20 de novembro. Você sabe que é um problema. Mas também sabe que, se o tema permanece, é porque não é simples de resolver. A discriminação racial existe. Não é invenção. Não desaparece se for omitida. Não é vitimismo. No futebol, como em toda a sociedade, ela se faz indesejavelmente presente. Reforçar o debate nesta data, marcada pelo Dia da Consciência Negra, não é mera efeméride. É a chance de admitir, responsabilizar e corrigir os erros. 

Esse texto poderia começar com uma dose de otimismo. Afinal, em 2020, em comparação com o ano anterior, houve uma redução de 53% (67 para 31) no número de ataques racistas no futebol brasileiro, segundo relatório divulgado pelo Observatório de Discriminação Racial do Futebol. Porém, essa queda está atrelada ao período que o esporte não teve presença de público, por conta da pandemia da Covid-19. Em 2021, com a volta parcial da torcida, já foram 41 notificações até outubro.

Denunciar é um passo importante. A punição, uma forma de reconhecimento do erro. Nessa segunda etapa, os efeitos nem sempre são os esperados. O caso de Celsinho é um exemplo. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) definiu que o Brusque teria de volta os três pontos perdidos na Série B 2021 após um dirigente do clube proferir uma injúria racial contra o meia do Londrina, em partida disputada pelas equipes do Sul, em agosto. 

No ano passado, o movimento "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam), criado após o caso de George Floyd, morto por um policial de Mineápolis, nos Estados Unidos, teve o apoio de diversos atletas do país norte-americano e da Europa - até mesmo o piloto inglês da Fórmula 1, Lewis Hamilton, participou dos protestos. No Brasil, jogadores e clubes se posicionaram com mensagens. No caso do Náutico, até mesmo uma camisa preta foi criada, fazendo uma “mea-culpa” pelo passado racista. Reconhecimento importante, mas que se perde no meio do caminho pela falta de continuidade de ações diretas no combate à discriminação. 

Os ex-jogadores Aranha, Grafite e Tinga são alguns exemplos de casos famosos de atletas que sofreram racismo no Brasil. Membros de uma lista extensa, que cresce mesmo em meio ao aumento da visibilidade quanto ao tema. Há, ainda, o receio de grande parte dos profissionais de participar ativamente do debate, com medo de represálias em um esporte assombrado por um passado racista e um presente com remanescentes de ideologias discriminatórias. 

"Não pense que só negros podem falar de racismo. Você que não é negro também pode, principalmente quando estiver em um espaço onde piadas racistas sejam reproduzidas. Busque tornar os ambientes mais diversos, promova a inclusão", citou o diretor do Observatório de Discriminação Racial do Futebol, Marcelo Carvalho, em artigo publicado no Jornal Zero Hora.

Em entrevista recente ao portal The Players Tribune, o técnico Roger Machado, um dos mais atuantes no debate das desigualdades raciais, relatou sua visão sobre o cenário do preconceito no esporte, trazendo à tona a raiz do problema: a antiga representação errônea sobre o povo negro.

"Desde criança, eu fui ensinado a pensar que a história negra começou nos navios que traziam indivíduos escravizados. A escola não mostrava meu povo como protagonista da formação do Brasil. No futebol, os negros não eram aceitos - ou só foram admitidos bem depois, quando os clubes descobriram que não podiam transformar aquilo num negócio rentável sem o nosso talento", disse

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