Por profissionalização, Joaquim Bezerra promete mudanças no modelo de gestão
Pleito no Santa Cruz acontece na próxima quarta-feira
Elaborar e executar “um processo rígido de profissionalização”. Caso seja eleito nas eleições do Santa Cruz, que acontecem na próxima quarta-feira (10), o candidato à presidência Joaquim Bezerra promete pôr em prática ações que passam por mudanças no modelo de gestão, no estatuto do clube e em diversas questões relacionadas ao futebol profissional.
Inicialmente candidato à vice-presidência, Joaquim Bezerra trocou de posição com André Frutuoso, que havia sido anunciado como o principal nome da chapa Pró-Santa. A mudança aconteceu às vésperas do encerramento do período de inscrição das chapas e, de acordo com Bezerra, foi motivada por questões de disponibilidade e pela possibilidade de conquistar votos, dada a influência dele no clube.
Bezerra foi vice-presidente do Santa durante parte da gestão de Antônio Luiz Neto (2011-2012). No pleito de 2012, encabeçou a chapa “Ética e Profissionalismo”, em oposição ao ex-aliado e foi derrotado.
A entrevista com Joaquim Bezerra é a primeira de uma série que a Folha de Pernambuco publica com os três candidatos. Na ocaisão, os postulantes ao cargo máximo do executivo do Santa expuseram suas intenções e propostas que devem guiar a nova gestão no triênio 2021-2023. Na próxima segunda-feira (8), publicaremos uma entrevista com Josenildo Dody, da chapa “A voz da arquibancada”; na terça (9) é a vez do candidato Roberto Freire, da chapa “Tradição de Vitórias, Crescimento e União”. O critério para a definição das datas foi a ordem alfabética.
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O que motivou a sua candidatura à presidência do Santa Cruz? Como se deu o primeiro contato com a chapa Pró-Santa?
O Pró-Santa foi montado há dois anos com o intuito de promover a profissionalização do Santa Cruz. Nós montamos um projeto de gestão que passa por várias áreas - administrativa, financeira, de compliance, futebol, marketing, patrimonial, diversidade. Lá atrás, em 2010, eu me candidatei à presidência do Santa Cruz e terminei entrando como vice-presidente em uma chapa. Tentei implantar esses conceitos e não consegui, fui impedido de fazer isso.
Hoje, a gente olha para trás e observa que, 20 anos depois, o Santa não evoluiu em absolutamente nada porque esses projetos que nós propusemos lá atrás não foram implantados. Então o clube permaneceu na Série C, cresceu a dívida, aumentou a quantidade de passivo trabalhista, teve perda de receita com jogadores porque não tratou os direitos econômicos como deveria; o Santa Cruz continua sendo o mesmo clube desorganizado e desestruturado de dez anos atrás. Por isso que montamos o Pró-Santa e percebemos que a única saída efetiva para o clube é passar por um processo rígido de profissionalização.
Inicialmente, a chapa Pró-Santa havia apresentado o nome de André Frutuoso como candidato ao executivo. O que motivou a mudança na composição da chapa às vésperas do final do prazo de inscrição?
Como tínhamos uma necessidade de divulgar a chapa até o mês de novembro, porque inicialmente as eleições seriam realizadas em dezembro de 2020, eu não poderia assumir o posto de presidente do Santa Cruz naquele momento por estar envolvido em questões relacionadas ao trabalho. Com a mudança da data da eleição para fevereiro, estou em condições de concorrer à presidência. Isso foi levado ao grupo do Pró-Santa e entendido que meu nome, por já ter passado pelo Santa Cruz, daria uma vantagem na implantação do projeto e atrairia novas pessoas.
André Frutuoso é uma pessoa que carrega consigo todos os requisitos para ser presidente do Santa Cruz, mas nós nos complementamos.
A curto prazo, quais são os objetivos imediatos da gestão no que diz respeito ao futebol? E a longo prazo, como você espera entregar o Santa Cruz no final de uma eventual gestão?
O primeiro passo que devemos tomar é elaborar um planejamento para restabelecer a credibilidade do clube, restaurar as finanças a curto prazo e, com isso, voltar a agregar receitas para poder compor o orçamento. Precisamos entender que a receita que o clube dispõe para 2021 é de R$ 6 milhões; com esse valor o Santa não sobrevive por quatro meses. Então temos que trazer patrocinadores, novos empresários e criar novas campanhas de sócios para trazer o torcedor de volta. Tudo isso só se faz restaurando a credibilidade do clube.
A gente pretende entregar um Santa Cruz viável financeiramente, com um passivo equalizado, sendo pago dentro de um plano que nós vamos propor aos credores. Entendemos que, daqui a três anos, conseguiremos ter um Santa Cruz no mínimo na Série B e com as finanças equilibradas.
Em relação à saúde financeira do Santa, quais as estratégias que sua chapa têm para diminuir o passivo e aliviar as contas do clube?
Teremos que executar um plano de recuperação extrajudicial para o Santa Cruz. Faremos um acordo com os credores para implantar esse plano. Será um pacto de longo prazo onde vamos propor um parcelamento da dívida com garantias de que o credor vai receber. Feito esse planejamento, temos que ter um planejamento de fluxo de caixa e orçamento para que você entenda cada competição como uma unidade de negócio. O planejamento tem que ser feito considerando as receitas e gastos de competição que o Santa vai disputar em 2021.
Como sua chapa pretende construir o elenco e a comissão técnica tendo em vista que a primeira competição da temporada (o Pernambucano, talvez a Copa do NE) já deve começar no final de fevereiro? Haverá negociação com os atletas que atuaram em 2020? E com o técnico Marcelo Martelotte?
Entramos em contato com Nei Pandolfo (executivo de futebol) via Whatsapp e pedi para que ele conscientizasse a gestão sobre a importância de uma reunião com as chapas da oposição. No entanto, não obtivemos resposta.
Nós precisamos entender quais os contratos vigentes, até quando eles estão em vigor, quanto cada um recebe, quais os jogadores que pretendem continuar no clube e se o técnico tem intenção em continuar. Só podemos tomar qualquer medida quando entrarmos no clube, mas essa reunião seria importante para que possamos elaborar um planejamento para o futebol em função das competições.
Como você avalia a situação atual das divisões de base do Santa Cruz? Quais são os planos traçados pela sua chapa para as categorias de base?
As categorias de base precisam ser tratadas com profissionalismo. O que vemos hoje é o Santa Cruz perder vários jovens talentos para empresários e isso não pode acontecer. As negociações com atletas da base devem ser feitas por profissionais do clube. Vamos estabelecer padrões rígidos de contratação para que esses jogadores possam ser efetivamente negociados pelo Santa e não por terceiros, como acontece atualmente.
Atualmente, o Santa Cruz é o único clube do Trio de Ferro que não possui uma equipe de futebol feminino. Você considera isso um problema? Se sim, existem planos para resolver essa questão?
É um problema. A própria Lei do Profut exige que os clubes possuam uma equipe de futebol feminino. O Santa também precisa investir nos esportes amadores, no futsal, no vôlei, nos esportes olímpicos... Tudo isso faz com que a marca do clube seja propagada. Tudo isso está contemplado dentro do projeto do Pró-Santa.
Uma das promessas não cumpridas da gestão Constantino Júnior foi a reforma da fachada do Arruda. Como vocês pretendem atuar para melhorar a manutenção do patrimônio do clube, especialmente do Arruda?
Temos um documento formal, divulgado no dia do lançamento da chapa Pró-Santa, que garante que a reforma da fachada será executada assim que assumirmos a gestão do clube. Existem outros pontos urgentes, como os sanitários, que, além de ser uma questão ligada ao patrimônio, é uma questão ligada à saúde pública, porque eles não oferecem a mínima condição de higiene para que alguém os utilize.
Vamos trabalhar urgentemente na revitalização dos problemas estruturais do estádio e fazer uma melhoria na sede do clube, que está abandonada. O patrimônio do Santa Cruz está totalmente degradado e abandonado pela atual gestão.
Qual o posicionamento da chapa em relação à reforma do estatuto?
Nosso primeiro ato será convocar uma assembleia geral de sócios no dia seguinte à posse para poder fazer a reforma do estatuto. Temos um compromisso formal, registrado em cartório, que garante que faremos a reforma.