"Não vi saída", justifica presidente do Salgueiro ao detalhar desistência da Série D
Com dificuldade na arrecadação por conta de pandemia, Carcará não tem condições de arcar com os custos necessários para disputar o Campeonato Brasileiro
O presidente do Salgueiro, José Guilherme, foi a público na manhã desta terça-feira (13) para confirmar a desistência do Carcará de disputar a Série D do Campeonato Brasileiro, conforme ele antecipou à Folha de Pernambuco, minutos antes. Em entrevista coletiva, o mandatário detalhou a atual situação financeira e a dificuldade de conseguir arrecadação durante a pandemia da Covid-19. Com a desistência do Caracará, a vaga vai para o Central, que já manifestou desejo de disputar a competição.
O presidente iniciou a entrevista falando que a intenção da desistência havia sido relatada à FPF já no final de março, por conta da dificuldade financeira. Com portões fechados desde março de 2020, o Salgueiro perdeu grande parte da sua arrecadação, a bilheteria. Mesmo com os patrocinadores novos e a chegada de sócios recentes, após o título estadual, o arrecadado não era suficiente para sequer pagar a folha salarial do clube.
"No dia 25 de março, entrei em contato com a FPF. Eu tinha duas opções: insistir sem verba ou desistir. Somando todos os sócios e patrocinadores, contando que tudo seja pago em dia, o Salgueiro tem uma arrecadação de R$ 32 mil por mês. Não vi viabilidade econômica e não tenho patrimônio pra bancar. Se eu insistisse, a folha do Salgueiro é de R$ 150 mil. E mesmo que cortasse, não teria como ser menos que R$ 100 mil. ", afirmou José Guilherme.
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Segundo o presidente, muito esforço foi feito para evitar a desistência, mas o apoio encontrado não era suficiente para suprir as necessidades do clube para a disputa da competição.
"Não vi saída. Procurei novos patrocinadores, conversei com o diretor de esportes da cidade. Todos em Salgueiro estão vendo. Tudo está difícil. Daniel Neri (treinador do clube) ligou para os amigos em Portugal, para tentar conseguir patrocínio, porque aqui tinha potencial e tudo mais", contou.
Após detalhar a arrecadação, o mandatário do Salgueiro falou também sobre a manutenção da equipe, caso fosse mantida a decisão de jogar a Série D, além do cuidado com o pagamento dos atletas e funcionários.
"Se fossemos pra Série D, ocorreria em Salgueiro o que acontece em vários clubes do Brasil. Causas trabalhistas, greve de jogador, etc. Não vou fazer contrato com um pai de família para daqui a três meses estar ele na porta da minha casa com a esposa e as crianças cobrando o dinheiro do leite", destacou.
Segundo José Guilherme, a ausência do torcedor foi um golpe duro nas pretensões do Salgueiro para 2021. Para ele, no jogo contra o Corinthians, pela primeira fase da Copa do Brasil, se houvesse público, teria garantido uma receita que poderia pagar toda a Série D.
"Antigamente eu dizia 'a torcida é pequena', eram de oito a dez mil pessoas, mas já pagava uma concentração. A gente sempre sonhou em trazer um Flamengo, um Corinthians, para Salgueiro. Aí quando acontece, não pode público. A receita de um jogo como o do Corinthians aqui poderia pagar a Série D todinha", explicou.
Para o presidente, restou abrir mão da competição e seguir focando no Estadual, que pode dar vaga para as mesmas competições em 2022. Os seis meses seguintes, após o Campeonato Pernambucano, serão de reformulação financeira, já pensando na próxima temporada.
"Procurei solução e não encontrei. Vamos dar uma parada e nesses seis meses vamos correr atrás de quem acreditar pra o ano que vem. Sentei com a comissão técnica, sentei com os atletas. Todos firmei contrato até o mês de maio. Não enganei ninguém. E os jogadores que estão indo pra Recife agora estão motivados pra entrar no mata-mata.
Questionado por torcedores sobre uma suposta premiação pelo título estadual de 2020, o mandatário do Salgueiro enfatizou que a competição serve apenas para classificar para as competições maiores.
"O Pernambucano só deu uma taça e 50 medalhas. Essa foi a premiação do Estadual de 2020. Pernambucano só dá vaga para a Copa do Nordeste e Copa do Brasil", enfatizou.
Com a desistência do Salgueiro, o grupo 3 da Série D passa a contar com Central, Campinense, Treze, Sousa-PB, Caucaia-CE, Atlético-CE, América-RN e ABC.