Em contraste com a Copa América, Eurocopa planeja até estádio lotado
Com formato itinerante e liberação de torcedores dependente das autoridades locais, estádios terão capacidades distintas para o torneio
A programação original da temporada 2020 do futebol previa a disputa da Eurocopa e a realização de mais uma Copa América. Mas a pandemia do novo coronavírus forçou o adiamento de ambos os eventos continentais, reagendados para 2021.
Agora, a Euro, mesmo com a sede dividida entre vários países e as dificuldades impostas pela Covid-19, parece estar segura de sua realização. Houve apenas algumas mudanças nas sedes, e as autoridades europeias deram o aval para a presença de público nos estádios. A competição começará no próximo dia 11.
Já a Copa América, que inicialmente seria realizada na Colômbia e na Argentina, foi retirada da primeira em razão da convulsão social vivida pelo país. No último fim de semana, pela situação crítica no combate ao coronavírus, o governo argentino também anunciou a desistência de organizar o torneio, assumido pelo Brasil a menos de duas semanas da rodada inaugural.
Leia também
• Hansi Flick substituirá Löw no comando da Alemanha após a Eurocopa
• Lesão no joelho tira Ibrahimovic da Eurocopa
• A difícil missão dos torcedores que querem assistir aos jogos da Eurocopa-2020
O começo do campeonato sul-americano está previsto para o próximo dia 13, mas ainda não há definição da tabela do evento. O que mais preocupa, porém, é a situação da pandemia no Brasil, que está longe de ser considerada sob controle.
Até terça-feira (1º), o país já havia registrado 465.312 mortes decorrentes da Covid-19. Na mais recente atualização diária, 2.346 nomes foram acrescentados à lista de mortos.
Há vários temores e incertezas, situação diferente da observada na Europa. Das 12 sedes previstas pela Eurocopa desde a exclusão de Bruxelas -em 2017, devido a atrasos na obra do estádio que receberia o torneio-, a Uefa retirou apenas uma delas. Houve também uma troca de cidades.
Inicialmente, Bilbao, na Espanha, e Dublin, na Irlanda, fariam parte da competição, cujo formato itinerante foi idealizado para celebrar os 60 anos da competição. A Uefa esperava que cada um dos estádios confirmados pudesse receber pelo menos 25% de sua capacidade de público.
As autoridades bascas, porém, não confirmaram a possibilidade de disputa dos jogos com torcida, e a sede foi transferida para Sevilha, cujo governo local atendeu à solicitação da entidade que comanda o futebol europeu para ter presença de público.
Assim como Bilbao, Dublin também não pôde assegurar a liberação para torcedores, e suas partidas foram transferidas para São Petesburgo e Londres.
O governo regional da Bavária, na Alemanha, também não garantiu à Uefa que pudesse abrigar até 25% da capacidade da Allianz Arena nos jogos da Euro. As partes entraram em acordo para que a porcentagem fosse fechada em 22%.
Munique é considerada vital por alguns aspectos: porque é na Alemanha, que tem uma das principais seleções e ligas de clubes do mundo; porque o país receberá a Euro em 2024; e porque o estádio do Bayern sediará a final da Champions League na temporada 2022/23. Deixá-la fora do páreo seria um ato improvável por parte da Uefa.
A poucos dias do início da Eurocopa, portanto, estão confirmadas como sedes da disputa: Amsterdã (Holanda), Baku (Azerbaijão), Bucareste (Romênia), Budapeste (Hungria), Copenhague (Dinamarca), Glasgow (Escócia), Londres (Inglaterra), Munique (Alemanha), Roma (Itália), São Petersburgo (Rússia) e Sevilha (Espanha).
Como a liberação de torcedores depende das autoridades locais, os estádios terão capacidades distintas para o torneio. Baku e São Petersburgo, por exemplo, confirmaram jogos com até 50% da lotação.
Se Munique, com 22%, terá a porcentagem mais baixa de público permitido, Budapeste tem a meta mais ousada: ocupar 100% da capacidade da Puskás Arena.
Além de medidas como o uso de máscara, distanciamento de 1,5 m entre um torcedor e outro, respeito ao assento marcado no ingresso e a recomendação para evitar apertos de mão e abraços, as autoridades húngaras pedem aos estrangeiros que apresentem testes negativos de Covid-19, feitos até 72 horas das partidas, comprovação de infecção prévia ou uma prova de que a pessoa esteja vacinada.
Para os locais, será pedido apenas o ingresso e o cartão húngaro de imunidade. Menores de 18 anos estão isentos da obrigatoriedade do documento.
De acordo com a Universidade Johns Hopskins, que monitora a pandemia pelo mundo, a Hungria já aplicou 8,8 milhões de doses da vacina contra a Covid-19. Ainda segundo o levantamento, as doses administradas já cobriram 37,42% da população.
A Uefa também procura deixar claro no site da Euro-2020 que cada país tem suas próprias restrições em relação a viagens internacionais e que essas restrições são passíveis de mudança.
Torcedores que tenham ingresso não precisarão enfrentar quarentena na Hungria, por exemplo.
Baku, no Azerbaijão, não aceita viajantes do exterior a menos que eles comprovem ser cidadãos ou residentes da Turquia, da Suíça e do Reino Unido. Essas pessoas poderão obter um visto para permanecer no país, mas terão de passar por uma quarentena.
"Nós trabalhamos diligentemente com as federações nacionais e as autoridades locais para assegurar um ambiente seguro e festivo nos jogos, e estou realmente satisfeito com o fato de que seremos capazes de receber espectadores em todas as partidas para uma celebração do futebol de seleções ao redor do continente", disse Aleksander Ceferin, presidente da Uefa, em abril.