Entenda como funcionará a "bolha fechada" de Pequim para os Jogos de Inverno
Pequim vai impor uma "bolha" ainda mais fechada do que nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020
As Olimpíadas de Inverno de Pequim (de 4 a 20 de fevereiro) serão, segundo seus organizadores, o evento esportivo com as maiores restrições sanitárias desde o início da pandemia de Covid-19.
Os participantes do evento olímpico ficarão confinados em uma "bolha fechada", mais impermeável do que a imposta pelos organizadores dos últimos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 (realizados em julho passado).
O que é uma 'bolha fechada'?
A China conseguiu erradicar com sucesso a epidemia em seu território desde meados de 2020, graças a uma estratégia 'covid zero' que consiste em tomar todas as medidas possíveis para limitar a propagação: quarentenas, confinamentos, testes, redução de voos internacionais, aplicativos de monitoramento por smartphones...
Os organizadores dos Jogos de Inverno vão aplicar o mesmo rigor, isolando os participantes no que chamam de "bolha fechada", sem qualquer contacto com o resto da população.
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Atletas, árbitros, delegações, voluntários ... milhares de pessoas ficarão presas nesta bolha assim que chegarem a Pequim e até a saída da capital chinesa.
Em Tóquio, no verão passado, jornalistas, por exemplo, conseguiram sair da bolha depois de duas semanas e se misturar com a população local.
Por outro lado, em Pequim, ninguém conseguirá sair da bolha durante toda a duração dos Jogos. Isso inclui acomodação, refeições e viagens entre as três áreas de competição, às vezes com 180 quilômetros de distância.
As pessoas que ficarem na bolha e usarem o trem de alta velocidade para viajar entre as zonas olímpicas terão, por exemplo, que ocupar um vagão separado dos demais passageiros.
Quem estará nessa bolha?
Quase todo mundo.
Em Tóquio, os atletas também ficaram em uma bolha, mas houve alguma flexibilidade com outros participantes, como o exército de voluntários que garantiu o bom andamento do evento.
Os Jogos de Tóquio certamente tiveram sua bolha, mas com buracos, enquanto que em Pequim atletas, jornalistas, profissionais de limpeza, cozinheiros, motoristas... todos ficarão isolados na bolha sem possibilidade de sair.
Os organizadores não informaram o número de pessoas afetadas, mas apenas com atletas já ultrapassarão os 3.000 indivíduos.
Outra diferença em relação a Tóquio, onde os testes foram realizados em pavilhões e estádios quase vazios, Pequim permitirá a presença do público, embora o número provavelmente seja limitado e a presença de pessoas vindas do exterior seja proibida.
O público não ficará na 'bolha fechada', portanto os organizadores devem garantir que não se misturem com atletas e delegações.
Pessoas que residem na China (atletas, voluntários, etc.) deverão entrar em quarentena quando saírem da bolha.
Quais são as regras?
Desta vez, algo que não aconteceu em Tóquio, todos os participantes deverão ter o esquema de vacinação completo (duas doses) ou completar a quarentena de 21 dias na chegada à China.
Os organizadores não impõem a dose de reforço, mas o Comitê Olímpico Internacional (COI) "incentiva fortemente" a receber a terceira dose antes de viajar para a capital chinesa.
Dentro da bolha, todos serão submetidos a um teste diário de coronavírus e deverão usar máscara em todas as circunstâncias.
Em Tóquio, os atletas também eram testados diariamente e precisavam subir ao pódio com uma máscara, embora depois pudessem retirá-la brevemente para fotos, medida que deve ser retomada em Pequim.
O COI também aconselha os participantes a "minimizar as interações físicas, como abraços, cumprimentos ou apertos de mão".
A organização já avisou que quem não respeitar as regras poderá ser expulso dos Jogos.
Diplomatas radicados na capital chinesa disseram à AFP que, em decorrência dessas restrições rígidas, temem não poder oferecer ajuda adequada, se necessário, aos seus compatriotas que estiverem em território chinês.