Errisson troca de advogado e nova defesa cita "intuito político" sobre denúncia de ex-diretora
José Augusto Branco, profissional que está cuidando do caso de Errisson Melo, minimizou acusações de importunação sexual, apontadas por Tatiana Roma contra superintendente
O advogado Luiz Gaião, que estava representando o superintendente financeiro do Náutico, Errisson Melo, não continuará mais responsável por defender o funcionário do clube após o gestor ser acusado de importunação sexual, calúnia, difamação e injúria pela ex-diretora do Timbu, Tatiana Roma. De acordo com o profissional, a mudança é para evitar “conflitos de interesse”, já que ele também era conselheiro do Timbu. No lugar dele, quem está cuidando do processo é José Augusto Branco. Procurado pela Folha de Pernambuco, o profissional minimizou as denúncias contra o irmão do presidente do Alvirrubro, Edno Melo, citando que as acusações tem “intuito político”, por conta das eleições presidenciais, marcadas para o dia 5 de dezembro.
“Não há provas contra ele. Só tem um documento (B.O.). O crime se dá em local e data definida. Ela diz que de maio de 2020 a julho de 2021 foi vítima de várias coisas. Quem presenciou? Quando foi especificamente? Isso foi um fato gerado para política, claramente. A pessoa vem sofrendo assédio, mas só denunciou um mês antes da eleição? O inquérito, que deveria estar em sigilo, já teve partes expostas. O meu cliente está sendo acusado de um crime sério, mas ela também pode ser acusada de calúnia”, afirmou.
Questionado sobre as denúncias anônimas de ex-funcionárias que acusam Errisson de crimes como assédio moral, o advogado rebateu. “Cadê o B.O. delas? O rosto? Funcionária sem nome? Só posso me preocupar com denúncia formal, mas não com boato. Isso de anonimato não existe. Isso é uma questão séria. Meu cliente só será chamado quando a delegada ouvir todos os lados. Mas resta saber: já ouviram essas que estão acusando ele? Elas têm provas? Elas que precisam provar e colocar dentro do inquérito. Por enquanto, não há acusação alguma”, declarou.
Vale citar que a Constituição Federal, no artigo 5º, inciso XIV, que diz que "é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional".
Entenda
A Folha de Pernambuco teve acesso ao B.O, registrado no dia 12 de novembro deste ano, na 1ª Delegacia de Polícia da Mulher, no bairro de Santo Amaro, no Centro do Recife. No documento, Tatiana afirma que foi vítima dos crimes entre maio de 2020 a julho de 2021. Ela cita no texto que Errisson teria proferido frases de conotação sexual, sugerindo “sexo a três” e convite a um motel.
A ex-diretora também acusa o superintendente de pedir a um membro de uma Torcida Organizada do Náutico para que ele registrasse uma falsa denúncia de injúria racial contra Tatiana. Em postagem por meio de uma rede social, ela disse que, em setembro, já havia protocolado uma denúncia ao Conselho Deliberativo do clube, mas o mandatário do CD, Alexandre Carneiro, respondeu que ela deveria “deixar o processo para 2022”.
Diante da situação, Tatiana procurou Edno Melo, que propôs um acordo. Ela tiraria o processo contra Errisson no Conselho e, em troca, o funcionário, que permaneceria no cargo até o fim de 2021, ia doar cestas básicas para uma instituição de caridade. A ex-diretora concordou, mas disse em seguida que o ponto não foi cumprido, o que a levou a entrar com uma nova petição.
"Falei com o presidente no começo de julho. Disse que não aguentava mais. Ele disse que ia falar com a pessoa envolvida, mas o comportamento não mudou. Sem falar que outras quatro ex-funcionárias também passaram por isso, mas elas dependiam do clube e ficaram com medo. Eu, por outro lado, não era diretora remunerada, não dependia. Mesmo assim, tentei fazer tudo em sigilo com medo da exposição, mas precisei fazer isso (denunciar)", afirmou Tatiana, em entrevista à Folha de Pernambuco.
"Após o acordo, o presidente fez um depósito de R$ 2.500, mas esse valor não era compatível ao das 50 cestas básicas estipuladas. Além disso, no último sábado, Alexandre Carneiro ligou para um membro da minha família para me intimidar. Ele disse que a imagem do clube era maior do que isso. Sem falar que citaram uma questão 'política' sobre a denúncia (por conta das eleições presidenciais, em dezembro). Mas ela foi feita em setembro, quando nem existiam as chapas formadas. Não sou de chapa alguma. Sou conselheira do clube. Em momento algum, por exemplo, eu falo algo de Diógenes Braga (vice do Náutico e candidato à presidência pela situação). Nunca cheguei a ele para falar sobre esse assunto. Sou amiga de Bruno Becker (candidato à presidência pela oposição), mas não estou envolvida na campanha dele", apontou.