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ESPORTES

EUA lideram ranking global de soft power no esporte

Lista com 55 nações mostra países árabes ainda com longo caminho pela frente para se aproximarem do centro das discussões globais

MetLife Stadium, em Nova Jersey, será palco da final da Copa do Mundo de 2026 MetLife Stadium, em Nova Jersey, será palco da final da Copa do Mundo de 2026  - Foto: Al Bello / Getty Images North America / Getty Images via AFP

Considerado tradicionalmente um ponto de união e congraçamento, o esporte é fator importante no chamado soft power, termo da política internacional que define a capacidade de um país de melhorar sua imagem e influenciar outros através de uma imagem positiva.

O forte investimento recente de nações do Oriente Médio em megaeventos como Copa do Mundo ou aquisição de clubes chamou atenção para o tema. Um estudo divulgado ontem pelo SKEMA Publika, grupo de pesquisa independente de uma universidade em Paris, mostra que o ranking do soft power esportivo global segue dominado pelo país que mais influente do planeta: os Estados Unidos aparecem à frente de outras 54 nações.

— Países de todo o mundo estão empregando o esporte para propósitos de soft power, à medida que aumenta a batalha global por corações e mentes. Futebol e basquete ressoam profundamente nas pessoas, assim como a realização de eventos esportivos, e a produção de conteúdo atraente nas redes sociais — diz o inglês Simon Chadwick, professor de Esportes e Geopolítica Econômica. — Ajuda as nações a construir sua influência, algo altamente valioso ao competir por negócios, tentar intermediar acordos diplomáticos, ou buscar promover a paz em tempos de conflito.

 

Longe de serem considerados potências no futebol, os EUA dominam muitos outros esportes, o que fica claro nos quadros de medalhas dos Jogos Olímpicos, e têm investido fortemente para receber grandes eventos. Em médio prazo, sediarão Mundial de Clubes (2025), Copa do Mundo (2026) e a Olimpíada de Los Angeles (2028). Sua liga de futebol, a Major League Soccer (MLS), também tem crescido ultimamente, atraindo nomes importantes como Lionel Messi e Luis Suárez.

O resto do top 10 tem uma maioria europeia, mas não uma hegemonia, apresentando países como China, Japão — únicos orientais —, Austrália e Brasil. Os chineses se colocam bem acima com altos investimentos em patrocínios, e tendo atletas olímpicos que se equiparam aos americanos.

Ranking global de soft power esportivo:

Estados Unidos

Reino Unido

França

China

Alemanha

Austrália

Itália

Espanha

Brasil

Japão

Rússia

África do Sul

Canadá

Argentina

Catar

O Brasil não aparece como protagonista exatamente por ter um programa específico de soft power, mas muitos megaeventos foram realizados no país neste século, como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Rio. Em 2027, o Brasil receberá a Copa do Mundo Feminina. O estudo aponta o poder espontâneo do futebol e a força que jogadores como Vinicius Junior e Marta possuem, sendo espécies de embaixadores da imagem nacional.

Sede da Copa do Mundo de 2022, o Catar (15º) é o primeiro país do Oriente Médio, seguido por Arábia Saudita (16º) e Emirados Árabes Unidos (21º). Em comum, todos investem alto em clubes da elite do futebol europeu, como o PSG, e têm atraído grandes eventos, para “limpar” a imagem de seus regimes moralmente questionáveis no Ocidente — o chamado sportswashing. Mesmo assim, têm longo caminho para se aproximarem do centro das discussões globais.

— O investimento que o Oriente Médio tem feito na realização de grandes eventos esportivos, e em clubes de futebol em outros países, serve exatamente como uma política que visa melhorar essa colocação — analisa José Francisco Manssur, sócio do escritório CSMV Advogados. — No caso brasileiro, a colocação se dá de forma espontânea, quase natural, visto que o país e suas entidades esportivas não realizam trabalho nesse sentido.

A SKEMA Publika destaca que a pesquisa é subjetiva e complexa, mas passou um ano entrevistando especialistas de todas as partes do mundo, utilizando critérios como tamanho da indústria esportiva, mercados de transmissão, histórico de sucesso no esporte, patrocinadores e parceiros comerciais, e presença nas redes sociais.

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